UMA COLEÇÃO DE CLÁSSICOS CHEVROLET EM SANTA FÉ DO SUL
Há uma semana
Depois de algumas semanas e dias de expectativa, o “grande dia” chegou. Como esperava, foi uma experiência incrível pilotar um Fórmula 1, ainda mais com a Ferrari. O carro é superior ao que imaginava! A única coisa um pouco complicada foi que, como fui o primeiro a sair, andei com pista úmida o tempo todo. Choveu bastante à noite e não deu tempo da pista secar. Tive de pegar confiança nesta situação e só na última saída, quando a pista estava melhorando, colocamos um jogo de pneus slicks novos. Ela não estava totalmente seca, apenas um trilho, e foi difícil. Não podia sair dessa linha. Fiz minha melhor volta em 1min17s100.Ferrari test, Vallelunga, Italy from Leandro Demori on Vimeo.
Analisando tranquilamente, sem ser pessimista, mas vendo o lado positivo, foi bom. Talvez os outros pilotos não teriam feito melhor nas condições que eu andei. Tanto que o Stephane Richelmi, que andou depois e já pegou pista melhor, foi quase nove décimos mais lento que eu. Já o Andrea Caldarelli foi o que enfrentou melhor situação: pista seca, passou dois jogos de pneus novos e não era a primeira vez dele na Fórmula 1, já que ele foi piloto de testes da Toyota. Outra coisa é que usamos os pneus da GP2 e ele acabou de voltar dos testes da categoria em Abu Dhabi. Então, ele teve essa vantagem e fez o tempo de 1min16s360.
Mas o importante é que cumpri o meu objetivo de conhecer o carro e progredir a cada saída. Chegamos na pista às 8h30m (locais) para o briefing e, às 9h30m, eu já estava no carro. Foi demais cada momento do teste, desde que eu liguei o carro. O clima também é muito legal. É sensacional ter uma equipe toda voltada para você. Nunca tinha parado nos boxes e alguém foi limpar o meu capacete. Eles fazem tudo! O pessoal da equipe ficou bem satisfeito com o teste também. Foi uma pena a pista úmida. Como campeão da F-3 Italiana, eu seria o primeiro a andar. E não dava para prever. Poderia ter amanhecido com sol e chovido à tarde. Faz parte do jogo. Ficarei na Europa até o dia 10 para mais alguns testes em outras categorias e depois volto para o Brasil.
Soube ontem em uma agencia HSBC aqui em Curitiba que o banco está fora da prova do ano que vem. Vale lembrar que sempre foi o banco que ‘bancou’ a corrida em Curitiba.
Então as categorias decidiram mudar a praça da corrida. A data continua a mesma: dia 20 de março. Mas muito, mas muito provavelmente, estas categorias vão correr em Interlagos, São Paulo.
Para a Stock Car isso não muda muita coisa. A 2ª etapa – dia 03 de abril – já seria em São Paulo. A única coisa que eles vão fazer é inverter o calendário. Já para a WTCC muda alguma coisa. Pela primeira vez eles competirão fora de Curitiba.
Descobri isso tudo em 10 minutos de conversa com a menina que fica ali nos caixas eletrônicos com uma camiseta escrito “Posso Ajudar”. Imagine se eu tivesse conversado com o gerente.
Três em uma, aqui vai o diário dessas duas semanas!
Para começar, voltei à GP2, correndo aqui em Abu Dhabi, e fiquei bastante contente com o resultado que consegui. Apesar de um problema na primeira corrida, no câmbio, consegui quase ganhar a segunda corrida, e já na primeira curva estava na frente, mas passei um pouco da freada, comprometendo meu primeiro lugar.
Foi ótimo terminar o campeonato com a melhor volta da corrida e um pódio.
Sobre a F-1 nem tenho muito o que dizer, na verdade. Vinha torcendo pelo Webber ser campeão até porque ele merecia, mas parece que na última corrida ele não achou mesmo o acerto do carro e pequenos erros lhe tiraram a possibilidade de vencer.
Vettel foi perfeito, não errou nada, fez tudo certo e talvez ninguém possa imaginar o tamanho da pressão que ele estava sofrendo e, mesmo assim, ficou muito calmo e preciso, fazendo a maior parte do trabalho na qualificação e na largada.
Eu teria que gastar muitas linhas especificando as coisas mais profundas e analisando mais precisamente esse campeonato, mas talvez podemos fazer um review 2010! Por ora fica isso mesmo, pois o que quero contar mesmo é de meu teste.
A primeira vez no carro foi um momento especial, até porque é uma realização de um sonho. Só mesmo eu, na pele, posso sentir o que é passar toda a história na cabeça desde que comecei no automobilismo até agora e sair na pista para o meu primeiro teste.
Milhões de funções no volante, controlar a emoção, estar tranquilo, mostrar conhecimento para a equipe e fazer um bom trabalho. No final o importante é relaxar e deixar fluir o mais natural possível. Depois de algumas voltas já estava confortável com o carro, até porque a GP2 é uma boa escola e já conhecia a pista na palma da mão.
Depois de um longo dia de trabalho conseguimos um bom tempo, vários acertos no carro e um total de 70 voltas nunca atingido em um mesmo dia com o carro da Virgin. Foi realmente um trabalho importante, tanto para mim, quanto para a equipe.
Hoje me sinto bem motivado e pronto para encarar esse mundo muito competitivo e bastante complicado, até porque os desafios são realmente gasolina para o meu sangue.
Espero que esse seja um teste de muitos que vou fazer com carros de F-1, mas foi especial pelo tempo que esperei e pelo trabalho que desenvolvi ao longo do ano com a equipe Virgin.
Gostaria muito de agradecer a todos que ajudaram, inclusive o Tazio, que sempre abriu espaço para mostrar para os brasileiros um pouco mais de F-1.
Valeu e esperem pelo review 2010!
Luiz Razia