* Por Reginaldo Leme
As bermudas, camisetas e chinelos de Balneário Camboriú foram trocados pelas botas de neve, casacões, luvas e cachecós de Madonna di Campiglio. Mas o clima, cuidadosamente relaxado e amigável, entre Massa e Alonso continua sendo a marca deste início de ano na Ferrari. Enquanto os carros não entram na pista, tudo o que existe é uma esperança de que o modelo de 2013 seja muito melhor que o do ano passado. E como não existe ainda um adversário a ser batido, a promessa é de que tudo será distribuído igualmente entre os dois pilotos na busca por aquele título que a Ferrari não conquista desde 2007.
As equipes já estão anunciando o lançamento de seus novos modelos às vésperas do primeiro teste em Jerez de La Frontera de 5 a 8 de fevereiro. Enquanto as rivais já falam de seus novos carros pela sigla com que são conhecidos tradicionalmente, apenas mudando o número final (exemplo: Red Bull RB9, McLaren MP4-28, Mercedes W04 e Lotus E21), no caso da Ferrari, se fosse seguido a denominação habitual dos modelos anteriores, o carro teria de se chamar F-2013. Isso não vai acontecer. É algo que o supersticioso presidente Montezemolo não vai permitir.
Quanto à pintura dos carros, a grande novidade ocorre na Lotus, que ganha o patrocínio da marca Burn, bebida energética que pertence à Coca-Cola. Mas a cor não muda porque a latinha da Burn é preta, como já são os carros da equipe. A conquista da Coca-Cola era um antigo desejo da Fórmula-1. Um pouco diferente do que foi idealizado por Bernie Ecclestone, que gostaria de ver carros pintados de vermelho com a marca Coca-Cola (uma das negociações, sem sucesso, envolveu a McLaren na época em que o cigarro foi banido). Mas, de qualquer forma, o desejo está agora realizado.
Com o ingresso da Burn, a Fórmula-1 torna-se um grande campo de batalha para os energéticos. Agora são cinco marcas, junto com TNT (Ferrari), Monster (Mercedes), EQ8 (Caterham) e a Red Bull, que abriu caminho comprando a Jaguar e montando a sua própria equipe. Depois comprou também a Minardi e, num golpe de marketing extremamente inteligente, criou a Toro Rosso (Red Bull em italiano). O sucesso mercadológico e esportivo da Red Bull certamente serviu de atração para as outras marcas, ainda que elas tenham um envolvimento bem menor, entrando apenas como patrocinadoras.
O primeiro patrocínio em dinheiro na F-1 veio da indústria tabagista. A Lotus trocou a cor verde tradicional de seus carros pelo vermelho e mudou o nome para Gold Leaf Team Lotus. Assim era o carro de Emerson Fittipaldi na primeira vitória brasileira na F1 em Watkins Glen (1970). Depois a Lotus virou preta e dourada com a John Player Special e chegou a ser amarela com a Camel. O ingresso da Marlboro foi através da BRM, mas em 74 se juntou à McLaren e, paralelamente, também à Ferrari. A F-1 teve ainda outras 15 marcas de cigarros, inclusive a brasileira Hollywood, que patrocinou Alex Dias Ribeiro.
Houve também a época das cervejas. No total, 25 marcas passaram pela F-1, inclusive as brasileiras Brahma (José Carlos Pace), Skol (Fittipaldi) e Itaipava (equipe Brawn). Foram 13 os bancos, 10 companhias aéreas, 24 empresas de combustível e lubrificantes, 33 de informática e, recentemente, vieram as da telefonia, que chegaram a nove.