* Por Luiz Fernando Ramos
O grupo sorri para a foto num campo coberto de neve. À direita estão os anfitriões Franz e Alexander Wurz, que comandam o Centro de Técnica de Direção no interior da Áustria. Os acompanham o lendário piloto alemão de rali Walter Röhrl (duas vezes campeão do mundo, em 1980 e 82), o casal Toto e Susie Wolff e o polonês Robert Kubica. A imagem ilustra a matéria do meu colega Gerald Enzinger no semanário austríaco SportWoche. O encontro aconteceu há uma semana, um dia de diversão para os envolvidos em carros de rali com direito a muitos drifts na neve.
Enzinger escreve que Kubica ainda sonha com um um retorno à Fórmula 1, mas admite que a funcionalidade de seus dedos ainda é limitada. É o que impede seu retorno. Quase dois anos após o grave acidente o polonês mostra que, num carro de rali, não tem problemas para lidar com o volante e o câmbio sequencial. Mas um F-1 exige movimentos de dedo o tempo todo, são inúmeras as funções que o piloto precisa controlar no volante.
A grande questão é se o polonês vai um dia recuperar completamente estes movimentos. O tempo longe da Fórmula 1 nunca será um problema para um piloto com tamanho talento e determinação. Kubica é muito popular no paddock e, assim que estiver clinicamente pronto, não faltarão equipes dispostas a lhe dar a chance de fazer um teste.
Mas a recuperação de nervos secionados é algo complexo demais. Alguns estudos apontam que há uma janela de tempo após uma operação para que a funcionalidade seja inteiramente recuperada. Após ela, o processo de sinapse nunca mais seria recuperado - mesmo que os nervos continuem se reconstruindo aos poucos depois disso. Mas é impossível avaliar com exatidão qual seria esta janela, os estudos ainda não estão tão avançados nessa questão.
Diante das incertezas, o melhor que Kubica tem a fazer é continuar trabalhando para voltar. Esta motivação é a sua melhor arma para que isso aconteça. E se tem um cara que mostrou ao longo de sua carreira ser capaz de desafiar qualquer prognóstico é ele. Em 2003, me lembro de ter assistido na tevê alemã à corrida da F-3 Europeia em Norisring. Kubica voltava às pistas depois de ter sofrido como passageiro um grave acidente nas ruas de Cracóvia. Ainda tinha dezoito pinos de titânio no braço. Ele fez a pole e ganhou a prova.
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