quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Temperando a Fórmula 1*
* Por Luis Fernando Ramos
Há anos minha avó nos deixou e eu o que eu mais sinto falta é da sua indefectível macarronada dos almoços familiares ao domingo. Me lembra daquela pequena filha de amalfitanos carregando até a mesa uma enorme panela cheia de espaguete ao sugo. Nos deleitávamos e quando alguém elogiava a comida, ela reforçava: “o segredo é o tempero”.
Eu também gosto muito do tempero que os italianos da Pirelli deram à Fórmula 1 nos últimos dois anos. As críticas negativas de que a borracha se esfarela em demasia ou as reclamações dos pilotos de que às vezes é difícil chegar na janela ideal de temperatura para o bom uso dos pneus não incomoda seus diretores. A principal preocupação deles é com o show. E, desde 2011, o show melhorou bastante.
Os próprios números confirmam isto: uma média 43,2 ultrapassagens por corridas naquele ano e de 43,5 na temporada passada. Desde a metade dos anos 80 que a média havia caído abaixo de quarenta. Entre 1994 e 2009, nunca chegou perto de vinte.
Claro que existem outros fatores envolvidos nesta equação, especialmente a asa traseira móvel. Mas o fato é que a vida curta dos compostos desenvolvidos em Milão e fabricados em Izmit, na Turquia, permitiram uma grande variante de performance entre os carros na pista. E isto garantiu bons pegas, como aquele duelo em uma sequência de curvas entre Lewis Hamilton e Fernando Alonso no último GP da Inglaterra. Quem viu ficou com um enorme sorriso no rosto.
Para este ano, a composição dos compostos foi novamente alterada. Na apresentação hoje na sede da empresa, Paul Hembery explicou que a área de contato com o asfalto aumentou e isto deve permitir que os pilotos voltem a frear dentro da curva, o que era praticamente impossível com os pneus do ano passado - se freava em linha reta e virava o volante. Isto deve ajudar o estilo natural de alguns pilotos e pode mexer com a ordem do grid o que, num ano de pouquíssimas mudanças técnicas nos carros, é uma ótima notícia.
Fico na torcida para que a intenção de criar um cenário de duas paradas por corrida funcione. Acho que a própria Pirelli reconhece que o ocorrido em 2011 na Turquia foi um exagero, quando foram necessárias quatro paradas para cada carro. Ali eles erraram a mão no tempero, mas estavam apenas começando depois de vinte anos longe da F-1.
Há quem ache essa competitividade artificial, há quem sinta saudades do tempo em que pneus duravam a corrida toda ou do período em que o piloto sentava o pé até o pitstop seguinte. Eu prefiro como está, com o desafio de ser rápido sem judiar demasiado da borracha. Afinal, o pneu é o mesmo para todos e os grandes pilotos são aqueles capazes de se adaptar a qualquer tipo de situação.
E você, gosta do tempero atual?
Há anos minha avó nos deixou e eu o que eu mais sinto falta é da sua indefectível macarronada dos almoços familiares ao domingo. Me lembra daquela pequena filha de amalfitanos carregando até a mesa uma enorme panela cheia de espaguete ao sugo. Nos deleitávamos e quando alguém elogiava a comida, ela reforçava: “o segredo é o tempero”.
Eu também gosto muito do tempero que os italianos da Pirelli deram à Fórmula 1 nos últimos dois anos. As críticas negativas de que a borracha se esfarela em demasia ou as reclamações dos pilotos de que às vezes é difícil chegar na janela ideal de temperatura para o bom uso dos pneus não incomoda seus diretores. A principal preocupação deles é com o show. E, desde 2011, o show melhorou bastante.
Os próprios números confirmam isto: uma média 43,2 ultrapassagens por corridas naquele ano e de 43,5 na temporada passada. Desde a metade dos anos 80 que a média havia caído abaixo de quarenta. Entre 1994 e 2009, nunca chegou perto de vinte.
Claro que existem outros fatores envolvidos nesta equação, especialmente a asa traseira móvel. Mas o fato é que a vida curta dos compostos desenvolvidos em Milão e fabricados em Izmit, na Turquia, permitiram uma grande variante de performance entre os carros na pista. E isto garantiu bons pegas, como aquele duelo em uma sequência de curvas entre Lewis Hamilton e Fernando Alonso no último GP da Inglaterra. Quem viu ficou com um enorme sorriso no rosto.
Para este ano, a composição dos compostos foi novamente alterada. Na apresentação hoje na sede da empresa, Paul Hembery explicou que a área de contato com o asfalto aumentou e isto deve permitir que os pilotos voltem a frear dentro da curva, o que era praticamente impossível com os pneus do ano passado - se freava em linha reta e virava o volante. Isto deve ajudar o estilo natural de alguns pilotos e pode mexer com a ordem do grid o que, num ano de pouquíssimas mudanças técnicas nos carros, é uma ótima notícia.
Fico na torcida para que a intenção de criar um cenário de duas paradas por corrida funcione. Acho que a própria Pirelli reconhece que o ocorrido em 2011 na Turquia foi um exagero, quando foram necessárias quatro paradas para cada carro. Ali eles erraram a mão no tempero, mas estavam apenas começando depois de vinte anos longe da F-1.
Há quem ache essa competitividade artificial, há quem sinta saudades do tempo em que pneus duravam a corrida toda ou do período em que o piloto sentava o pé até o pitstop seguinte. Eu prefiro como está, com o desafio de ser rápido sem judiar demasiado da borracha. Afinal, o pneu é o mesmo para todos e os grandes pilotos são aqueles capazes de se adaptar a qualquer tipo de situação.
E você, gosta do tempero atual?
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