* Por Lívio Oricchio
O desafio das 11 equipes de Fórmula 1, este ano, é um dos maiores da história da competição. Para Stefano Domenicali, diretor da Ferrari, é impossível falar apenas do campeonato que vai começar dia 17 de março na Austrália. “Este ano devemos pensar sempre em 2013 e 2014, por causa da profunda mudança que teremos no regulamento”, afirmou o italiano ontem, em Madonna di Campiglio, Itália, no primeiro evento da Fórmula 1 este ano, debaixo de uma nevasca que se estende já por três dias.
“Há um grupo trabalhando no modelo deste ano e outro no de 2014. Precisaremos saber muito bem a hora de interromper o desenvolvimento do carro deste ano”, explicou. “Tudo isso com importante limitação de investimentos, também imposto pela regra.” A competência dos engenheiros e dos diretores na gestão da escuderia determinarão quem vai andar na frente a partir de 2014. O fator humano pesará muito. “Estabelecemos prazos para tudo e não será fácil respeitá-los. O não cumprimento implicará pagar preços bem elevados em termos de desempenho e a retomada do rumo irá demorar, pois os adversários seguirão em frente.”
Os motores atuais, V-8 aspirados de 2,4 litros, serão substituídos pelos V-6 Turbo de 1,6 litro, além de os projetistas poderem explorar muito menos a aerodinâmica como fonte de desempenho. “Não faz sentido você depender de 90% da aerodinâmica para ser eficiente, como hoje. Em 2014 os motores passarão a ter um peso bem maior e a aerodinâmica, menor. É um bem para a Fórmula 1.”
A exemplo de outros diretores, Domenicali não aceita que os modelos de 2014 possam ir para a pista pela primeira vez apenas em fevereiro da próxima temporada. “Corremos o risco de colocarmos nossos carros no autódromo com motor novo, turbo em vez de aspirado, e com aerodinâmica completamente nova, imposta pelo regulamento, e termos de desenvolver tudo nos breves testes do mês. Não é possível. Vamos nos reunir para discutir a questão. Precisamos treinar mais.” Vale lembrar ainda que apesar de a tecnologia dos motores ser nova em 2014 – o último ano do motor turbo na Fórmula 1 foi em 1988 – serão permitidos apenas cinco unidades por piloto por ano. Hoje são oito. É um imenso desafio para os fabricantes de motores também.
A Ferrari oficializou a data de 1.º de fevereiro para o lançamento do modelo deste ano, cuja identificação é desconhecida. A Fórmula 1 é supersticiosa, tanto que ninguém corre com o número 13. Por essa razão acredita-se que o monoposto de Fernando Alonso e Felipe Massa não terá o ano de fabricação, como o do ano passado, F2012. O primeiro teste está programado para o período de 5 a 8 de fevereiro, em Jerez de la Frontera, na Espanha.
O diretor da Ferrari adiantou que o modelo concebido pelo grupo de técnicos coordenado pelo grego Nikolas Tombazis não terá nada de revolucionário, como o de 2012. “Penso que todos os times vão se concentrar no uso do terminal de escape para gerar pressão aerodinâmica, a exemplo do ano passado. Mas diante da manutenção do regulamento veremos mais refinamentos das soluções de 2012 que grandes novidades propriamente.”
Por a Ferrari não partir para nada revolucionário, como com o F2012, Domenicali acredita que Alonso e Massa poderão ser competitivos desde a abertura do Mundial. Faz sentido, para o italiano, se acreditar que nessa fase a disputa se limite a Red Bull, campeã dos três últimos anos, e Ferrari. Os motivos são o enfraquecimento da McLaren, com a transferência de Lewis Hamilton para a Mercedes, a defasagem técnica da Mercedes para Red Bull e Ferrari e ainda o caminho que a Lotus tem a percorrer para ser candidata ao título.
“Na teoria deverá ser assim, nós e a Red Bull, mas a prudência recomenda não descartar ninguém da concorrência, há gente igualmente capaz e surpresas também sempre acontecem”, lembra Domenicali. Para ajudar a Ferrari se desenvolver na área dos simuladores, Pedro de la Rosa, prestes a completar 42 anos, titular da extinta HRT no ano passado, foi confirmado, ontem, como piloto de testes. “Ele tem larga experiência nos simuladores da McLaren”, justificou o italiano, embora deva existir aí também o dedo de Alonso, espanhol como Pedro.
O bom desempenho de Massa na segunda metade do último campeonato não preocupa Domenicali, no sentido de este ano haver luta com Alonso. “O momento mais difícil da carreira de Felipe ficou para trás. Penso que ele será um estímulo para Fernando, não uma fonte de desgaste.” Desestabilização seria colocar Alonso e Sebastian Vettel juntos. “Mais danoso que positivo”, afirma o diretor da Ferrari. Hoje é a vez de Alonso e Massa conversarem com os jornalistas.
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