* Por Luis Fernando Ramos
Quando você diz que adora a Fórmula 1 e seu filho pequeno lhe pergunta o que é isso, o que você responde: corrida de carros ou corrida de pilotos? É sempre a primeira opção, é algo que está no nome do esporte: automobilismo.
Este preâmbulo está aqui para falar um pouco de algumas inexistentes “polêmicas” que li à luz da entrevista coletiva de Fernando Alonso que ocorreu hoje aqui em Madonna di Campiglio. Foi uma agradável meia hora de um espanhol bem-humorado, um contraste total do Alonso carrancudo que se apresentou aqui no evento do ano passado.
O ponto de discussão foi quando novamente lhe perguntaram da sua afirmação de que Lewis Hamilton é o melhor piloto da Fórmula 1 atualmente. Algo que ele reafirmou com uma explicação perfeita, mas que as manchetes acabam tirando do contexto - e a grande maioria das pessoas tem a mania de ler apenas manchetes e se sentir informada.
Leia o que disse Alonso, palavra por palavra. “Não sei quem será meu principal adversário neste ano. Será aquele que tiver fatores gerais mais fortes ao longo do ano: carro, equipe, preparação, sorte. Isto determinará quem será este adversário. À pergunta de, não quem é o adversário mais forte, mas quem é o piloto mais forte, a resposta para mim é Hamilton. Era assim o ano passado e continua sendo este ano. É minha opinião pessoal”.
Não há nada de polêmico nisso. Se as pessoas parassem para pensar, Alonso conhece Hamilton muito mais do que conhece a Sebastian Vettel. Trabalhou ao lado do inglês em 2007 e comeu o pão que o diabo amassou para correr no mesmo nível de um garoto que estreava na Fórmula 1. Ao afirmar isto, reconhece as qualidades deste piloto e, de maneira nenhuma, diminui o valor daquele que venceu os três últimos títulos mundiais, o alemão Sebastian Vettel. E a análise do espanhol sobre os “fatores gerais” é um quadro perfeito de toda a complexidade que envolve o lado esportivo da Fórmula 1 e que muita gente adora esquecer, embarcando na discussão barata de que piloto X é melhor que Y sem levar em conta todo o conjunto em torno deles.
Em cima disso, achei que Alonso escorregou nesta afirmação. “Vettel foi muito bem nos últimos três anos, foi brilhante em algumas ocasiões e mereceu seus títulos, mas o carro o ajudou”. É claro que ajudou, Fernando. É corrida de carros! E enquanto eles não forem para a pista para os primeiros testes, que é quando a gente vai começar a entender todos os fatores que formarão o campeão deste ano - como os novos compostos de pneus se comportam, quais as novas tendências aerodinâmicas, quais variantes estratégias a limitação de uso do DRS na classificação vai empregar, enfim, toda esta complexidade que torna a F-1 tão apaixonante para quem se dispõe a entendê-las ao máximo - toda essa discussão de piloto X é melhor que Y só serve mesmo para encher linguiça.
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