quarta-feira, 12 de março de 2014
Frank, o último garagista*
* Por Reginaldo Leme
Essa semana já é tempo de começar a viajar. Por mais que eu esteja acostumado, o início da temporada é sempre motivo de entusiasmo. Primeiro, por ser na Austrália, em vários aspectos o pais mais agradável deste planeta. E, depois, porque esta é a primeira vez desde 2009, o ano de Barrichello na Brawn, que a gente tem motivo para chegar animado à pista de Melbourne. A consistência e velocidade do carro da Williams é motivo de sobra para levar ao torcedor a mesma dose de esperança que se vê em Felipe Massa. Os quase cinco mil quilômetros de testes de cada uma das equipes mais bem sucedidas na pré-temporada indicam um favoritismo da equipe Mercedes na abertura do Mundial, mas a Williams está, junto com a McLaren, entre as chamadas equipes de ponta.
A equipe, fora da luta pelo título desde 2003, começou a se reestruturar no final do ano passado, quando sentiu que poderia vencer a concorrência na busca do patrocínio da Martini. Foi quando a Williams voltou a respirar ares de equipe grande. Contratou técnicos e engenheiros importantes, aceitou a saída da PDVSA mediante o pagamento de metade do que petroleira venezuelana devia do restante do contrato com Maldonado, começou a conversar com Felipe Massa e o engenheiro dele na Ferrari, Rob Smedley, que só foi confirmado recentemente por questões legais, confirmou a permanência do talentoso Valtteri Bottas, apostou em Felipe Nasr como um piloto de futuro e, para coroar a promessa de novos tempos, trouxe de volta à Fórmula-1 a marca da Martini, que construiu uma tradição de apoio ao esporte a motor com presença no rali, motoclismo, motonáutica desde 1968, e na Fórmula-1 desde 1972, quando teve uma breve aparição na equipe Tecno do piloto italiano Nanni Galli, voltando de forma consistente em 75 na Brabham, então propriedade de Bernie Ecclestone, que tinha como pilotos o argentino Carlos Reutemann e o brasileiro José Carlos Pace.
Foi com um carro branco e as mesmas listras em dois tons de azul e um de vermelho que agora estão de volta no carro da Williams, que Pace conquistou, pela Brabham, sua única vitória na F-1 em Interlagos. Uma eventual vitória de Massa este ano, certamente, mexeria com os sentimentos dos torcedores mais antigos. No ano seguinte, 1976, ainda mantendo as listras, os carros passaram a ser vermelhos. Depois desses três anos ligados à Brabham, a Martini ainda teria outra breve passagem pela F-1 com a Lotus em 79, coincidentemente também tendo Reutemann como um dos pilotos, ao lado do norte-americano Mario Andretti. Entre 2006 e 2008, a marca apareceu discretamente, e sem as listras, nos carros da Ferrari.
Frank Williams é o único remanescente dos tempos em que a F-1 ainda era formada pelo chamados garagistas, os donos de autênticas oficinas de fundo de quintal da Inglaterra. Todas as outras equipes da época fecharam as portas. Foi assim com a BRM, Cooper, Surtees, March, Hesketh, Lola, Lotus (a original) e a própria Brabham. Dessa turma das mais antigas a Tyrrell é a única que foi vendida para a BAR (British American Racing), que passou a ser Honda em 2006, Brawn em 2009 e hoje é Mercedes. A McLaren, embora mudando de mãos, também nunca deixou de ser McLaren. Fundada pelo ex-piloto Bruce McLaren e, após a morte dele, tocada por Teddy Mayer, a equipe foi comprada em 1980 por um grupo liderado por Ron Dennis, ex-mecânico da Brabham, que ainda é o proprietário, embora tendo como sócio o árabe Mansur Ojejh. Das inglesas que apareceram dos anos 80 em diante várias conseguiram escapar da falência ao serem vendidas. A Toleman, por onde Ayrton Senna estreou, virou Benetton e, depois, Renault. A Stewart virou Jaguar, que, em 2005 deu origem à atual tetracampeã mundial Red Bull.
A Williams nasceu de um sonho de Frank, que, como piloto, chegou apenas até a F-3. Desde os anos 80 a equipe se tornou uma vencedora. Teve parcerias com BMW e Toyota, e a pequena garagem onde nasceu tornou-se um grande complexo, que acomoda 600 funcionários e todos os modelos produzidos ao longo da história, do FW-1 ao atual FW-36. Com este seu novo carro, ela deve estrear conquistando numa única corrida mais pontos do que a equipe somou durante todo o campeonato de 2013, o pior de sua rica história.
Essa semana já é tempo de começar a viajar. Por mais que eu esteja acostumado, o início da temporada é sempre motivo de entusiasmo. Primeiro, por ser na Austrália, em vários aspectos o pais mais agradável deste planeta. E, depois, porque esta é a primeira vez desde 2009, o ano de Barrichello na Brawn, que a gente tem motivo para chegar animado à pista de Melbourne. A consistência e velocidade do carro da Williams é motivo de sobra para levar ao torcedor a mesma dose de esperança que se vê em Felipe Massa. Os quase cinco mil quilômetros de testes de cada uma das equipes mais bem sucedidas na pré-temporada indicam um favoritismo da equipe Mercedes na abertura do Mundial, mas a Williams está, junto com a McLaren, entre as chamadas equipes de ponta.
A equipe, fora da luta pelo título desde 2003, começou a se reestruturar no final do ano passado, quando sentiu que poderia vencer a concorrência na busca do patrocínio da Martini. Foi quando a Williams voltou a respirar ares de equipe grande. Contratou técnicos e engenheiros importantes, aceitou a saída da PDVSA mediante o pagamento de metade do que petroleira venezuelana devia do restante do contrato com Maldonado, começou a conversar com Felipe Massa e o engenheiro dele na Ferrari, Rob Smedley, que só foi confirmado recentemente por questões legais, confirmou a permanência do talentoso Valtteri Bottas, apostou em Felipe Nasr como um piloto de futuro e, para coroar a promessa de novos tempos, trouxe de volta à Fórmula-1 a marca da Martini, que construiu uma tradição de apoio ao esporte a motor com presença no rali, motoclismo, motonáutica desde 1968, e na Fórmula-1 desde 1972, quando teve uma breve aparição na equipe Tecno do piloto italiano Nanni Galli, voltando de forma consistente em 75 na Brabham, então propriedade de Bernie Ecclestone, que tinha como pilotos o argentino Carlos Reutemann e o brasileiro José Carlos Pace.
Foi com um carro branco e as mesmas listras em dois tons de azul e um de vermelho que agora estão de volta no carro da Williams, que Pace conquistou, pela Brabham, sua única vitória na F-1 em Interlagos. Uma eventual vitória de Massa este ano, certamente, mexeria com os sentimentos dos torcedores mais antigos. No ano seguinte, 1976, ainda mantendo as listras, os carros passaram a ser vermelhos. Depois desses três anos ligados à Brabham, a Martini ainda teria outra breve passagem pela F-1 com a Lotus em 79, coincidentemente também tendo Reutemann como um dos pilotos, ao lado do norte-americano Mario Andretti. Entre 2006 e 2008, a marca apareceu discretamente, e sem as listras, nos carros da Ferrari.
Frank Williams é o único remanescente dos tempos em que a F-1 ainda era formada pelo chamados garagistas, os donos de autênticas oficinas de fundo de quintal da Inglaterra. Todas as outras equipes da época fecharam as portas. Foi assim com a BRM, Cooper, Surtees, March, Hesketh, Lola, Lotus (a original) e a própria Brabham. Dessa turma das mais antigas a Tyrrell é a única que foi vendida para a BAR (British American Racing), que passou a ser Honda em 2006, Brawn em 2009 e hoje é Mercedes. A McLaren, embora mudando de mãos, também nunca deixou de ser McLaren. Fundada pelo ex-piloto Bruce McLaren e, após a morte dele, tocada por Teddy Mayer, a equipe foi comprada em 1980 por um grupo liderado por Ron Dennis, ex-mecânico da Brabham, que ainda é o proprietário, embora tendo como sócio o árabe Mansur Ojejh. Das inglesas que apareceram dos anos 80 em diante várias conseguiram escapar da falência ao serem vendidas. A Toleman, por onde Ayrton Senna estreou, virou Benetton e, depois, Renault. A Stewart virou Jaguar, que, em 2005 deu origem à atual tetracampeã mundial Red Bull.
A Williams nasceu de um sonho de Frank, que, como piloto, chegou apenas até a F-3. Desde os anos 80 a equipe se tornou uma vencedora. Teve parcerias com BMW e Toyota, e a pequena garagem onde nasceu tornou-se um grande complexo, que acomoda 600 funcionários e todos os modelos produzidos ao longo da história, do FW-1 ao atual FW-36. Com este seu novo carro, ela deve estrear conquistando numa única corrida mais pontos do que a equipe somou durante todo o campeonato de 2013, o pior de sua rica história.
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