quinta-feira, 13 de março de 2014

Por que não perder a temporada 2014 da Fórmula 1*

* Por Julianne Cerasoli


A maior revolução nas regras da Fórmula 1 promete mudar muita coisa a partir deste final de semana, na Austrália, quando será disputada a primeira etapa do ano. Confira os motivos para não perder a temporada 2014:

Chacoalhão na relação de forças: não estranhe se vir uma Force India confortavelmente na frente da Red Bull no GP da Austrália ou uma Williams, que ano passado suava para ficar no top 10, brigando por pódios. Assim como na última mudança de regras, quando vimos o surgimento da Brawn, o crescimento da própria Red Bull e até a hoje extinta Toyota na frente, os novos desafios pegaram gente que vinha vencendo corridas nos últimos anos de calças curtas.

Red Bull longe do topo: por essa ninguém esperava. Um misto de falta de preparo da Renault e falhas da própria equipe, atual tetracampeã da Fórmula 1, fizeram com que o time de Sebastian Vettel fosse um dos que menos andou na pré-temporada – e, quando andava ora estava na rabeira, ora no meio do pelotão. Apesar da equipe ter condições de dar a volta por cima, não dá para saber quanto tempo isso vai demorar. Bom para vermos como Vettel vai se portar dentro e fora das pistas.

Recomeço para Massa: apesar da troca da Ferrari para a Williams ter parecido uma boa solução logo de cara, provavelmente nem o brasileiro esperava um salto tão grande de uma equipe que viveu um de seus piores anos em 2013. O tamanho deste salto e por quanto tempo durará, não dá para saber, mas Massa tem tudo para conquistar, em 2014, seus melhores resultados desde 2008.

Alonso e Raikkonen sob o mesmo teto: são dois pilotos que andaram bem quando o regulamento privilegiava a agressividade e que também deram aula de como administrar os sensíveis Pirelli nos últimos anos; dois especialistas em corridas, que pilotam com a tabela de classificação em mente e de maneira inteligente; dois campeões do mundo com temperamentos diferentes, mas que não aceitam serem deixados de lado. O nível de tensão vai depender das possibilidades ferraristas no campeonato, mas é certo que a dupla vai fazer bonito – e dar trabalho.

Carros não serão mais à prova de balas: quando um Max Chilton consegue completar todas as corridas da temporada a bordo de uma nanica, temos a noção de como os carros eram confiáveis até o ano passado. As complicadas unidades de potência híbridas, com as quais as equipes têm pouquíssima experiência, vão jogar um tempero a mais de incerteza.

Ultrapassagens até o final: pelo menos a Pirelli garante que seus pneus estão soltando menos borracha ao longo das provas. Há diversos fatores que interferem no número de ultrapassagens, mas o que vimos nos últimos anos foi uma dificuldade de fazer manobras no final das provas devido à sujeira na pista, causada pelos chamados marbles (ou bolinhas de gude). Isso não deve ser um problema em 2014.

O que pode dar errado

Dificuldade de leitura das corridas: será que este carro está lento mesmo ou apenas poupando combustível? Esta será uma das dificuldades, bem exemplificadas pelo sistema de punições pela troca de elementos da unidade de potência: cinco unidades poderão ser usadas no ano. Elas são compostas por motor, os geradores de energia calorífica e cinética, o turbo, a bateria e o controle eletrônico. Se toda a unidade for trocada pela sexta vez, o piloto larga do pit lane. Caso isso ocorra com qualquer um destes itens isoladamente, serão 10 posições a menos. Se o mesmo acontecer com um segundo item, serão mais cinco posições.

Disputas em banho-maria: como este novo regulamento foca em eficiência, os carros terão de completar os GPs com cerca de 35% menos combustível. Isso significa uma necessidade de adaptação do estilo de pilotagem e em GPs mais estudados. É possível que ninguém queira arriscar no início com medo de acabar pagando o preço no final.

Diferença entre os motores grande demais: pelo que vimos na pré-temporada, a Mercedes é a mais bem preparada entre as fornecedoras, com grande diferença em relação à Renault, que poucas vezes conseguiu fazer toda a unidade de potência funcionar. Isso gerou diferenças de mais de 20km/h nas retas nos testes, o que dividiria a F-1 em sub-categorias. O grande número de mudanças também pode gerar protestos e dúvidas a respeito da legalidade dos carros.

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