* Por Victor Martins
Vocês aí falando do STJD, Paulo Schmitt, sindicato dos padeiros de São Paulo, imbróglio, ação, emoção e tapetão, mal imaginam o que a F1 pode trazer de confusão no ano que vem com as regras loucas que resolveu colocar e/ou alterar.
A chegada dos motores V6 turbo vão provocar um nó imenso a partir do momento em que peças forem trocadas. A partir de 2014, a unidade que empurra os carros será dividida em seis partes, segundo o que o artigo 28.4 da FIA passa a estabelecer. E cada parte delas será imprescindível na conta louca das punições.
O item ‘a’ deste artigo informa que houve uma diminuição no número de motores disponível para cada piloto: de oito, caiu para cinco. Na prática, então, Vettel, Alonso e o resto da turma terão à disposição quatro propulsores para o ano que vem e um de ‘sobra’. Mas logo o item ‘b’ começa a prover o caos: os motores são compostos de seis elementos separados, que são o 1) o motor em si; 2) o gerador de energia cinética; 3) o gerador de calor; 4) o armazenador de energia; 5) o turbo e; 6) a centralina eletrônica. Face a separação, cada piloto só vai poder usar cinco destas partes, pois.
Aí vem o item ‘c’, que trata das punições – que, oh!, foram divididas para cada caso de uso além das cinco peças. A elas:
1) Se a equipe trocar a unidade como um todo, o piloto vai largar dos boxes;
2) Se a equipe trocar apenas uma peça, que seria a sexta no ano, o piloto vai perder dez posições no grid de largada;
3) Se a equipe trocar uma outra peça que ainda esteja incluída dentre o que se considera como sexta – ou seja, uma parte diferente da que foi trocada anteriormente –, o piloto cai cinco lugares no grid;
4) Se a equipe trocar uma destas peças que já serviram de reposição – sétima, oitava, nona, e por aí vai –, são dez posições para as primeiras peças desta ordem e cinco para as subsequentes. Para ficar mais claro, a primeira sétima peça, a primeira oitava peça, a primeira nona peça, etc., dez; a segunda, terceira, quarta, quinta ou sexta peças da ‘rodada’, digamos assim, cinco.
Calma que não acabou. Considere que o piloto vai perder dez posições por ter trocado a primeira peça. Suponha que ele tenha conseguido o 15º lugar no grid. Como são 22 carros, ele largaria em último. Mas num grid hipotético, sairia em 25º (15 + 10). Estas três posições de sobra, o sofredor vai jogar para o grid da outra prova, isto é, vai perder três postos no grid. Este acúmulo e fardo, ufa!, não se estendem além de uma prova.
Contando com a ideia de dobrar pontos em Abu Dhabi, desde já, damos os parabéns efusivos à FIA, bastante alinhada com o que vemos no futebol brasileiro.
E se você não entendeu, não se preocupe: imagine Galvão tentando explicar isso ao telespectador. Perderia certamente dez posições na cabine de transmissão.