* Por Luis Fernando Ramos
O circuito de Yas Marina em Abu Dhabi é uma pérola de limpeza e modernidade ensanduichando um traçado insosso e incapaz de produzir boas corridas. É para este shopping center de lojas repetidas que a Fórmula 1 vendeu sua alma, ao introduzir pontos dobrados para a prova que encerra o Mundial do ano que vem.
Não se iludam: esta regra não foi feita para impedir temporadas de domínio como a do ano passado. Em 2013 - ou em anos com um piloto apenas dominando as ações como 2011 ou 2002, para citar alguns mais recentes -, a medida teria sido inócua e o título estaria decidido bem antes da prova de encerramento.
A única explicação plausível para uma medida que depõe contra a credibilidade do esporte está no dinheiro. Há meses que se comenta nos bastidores o desejo dos promotores árabes em pagar uma taxa maior pelo privilégio de encerrar a temporada, contrariando, perdão pela redundância, a lógica da logística de transporte das equipes.
Pelo jeito, a taxa paga foi tão grande a ponto de convencer diversos membros do Grupo Estratégico da Fórmula 1 a dar-lhe um caráter especial. Enquanto não sair o campeão de 2014, todos só falarão da “super decisão”, da corrida que vale o dobro dos pontos. Pela reportagem do “Sport Bild” alemão, Sebastian Vettel, a Red Bull e os promotores de diversos GPs foram alguns que se posicionaram contra. FIA, FOM, Ferrari e Mercedes foram alguns que se posicionaram a favor.
O mais temível é que este “Grupo Estratégico” é uma novidade na maneira de gerir a categoria. E, em sua primeira intervenção, já provou que está se lixando para o esporte desde que tenha um cheque polpudo no fim do arco-íris. Há gente que reclamava de Kers e da asa traseira móvel, mas estas ideias (ainda que polêmicas) foram criadas por um grupo de engenheiros da categoria afim de incrementar ultrapassagens, um desejo manifestado pelos próprios torcedores.
Fica a pergunta: alguém aí pediu uma corrida valendo o dobro das outras 18 - e ainda por cima num traçado sem tradição e atrativos?
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