* Por Rafael Lopes
Já falo logo de cara. Não gostei. As mudanças no regulamento da categoria, feitas pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), em reunião nesta segunda-feira em Paris do Grupo Estratégico da Fórmula 1, não me agradaram. Longe disso. Achei que elas foram superficiais e que podem criar ainda mais problemas do que solucionar os existentes.
As únicas com as quais concordei foram a adoção de um teto orçamentário - a ser estipulado em uma reunião com as equipes - a partir de 2015 e a adoção da numeração fixa (cada piloto pode escolher entre o 2 e o 99 - o 1 fica reservado para o campeão), a exemplo do que é feito na MotoGP. A primeira solução era urgente, dada a crise financeira na F-1. Além disso, poderá até criar mais equilíbrio na categoria. Quanto aos números, se eles forem mais visíveis do que os atuais, poderão ajudar na criação da empatia entre o fã e o ídolo, além de criar itens para serem comercializados nas lojas de produtos oficiais.
Vamos às mudanças que me desagradaram:
- Pontuação dobrada no último GP da temporada
A partir de 2014, a última corrida de cada campeonato valerá pontuação dobrada para os Mundiais de Pilotos e de Construtores. A intenção, é claro, é manter a disputa pelo título aberta até o fim. No próximo ano, o GP agraciado será o de Abu Dhabi. Na boa? Acho uma péssima mudança. Por que valorizar uma corrida em especial? O que ela terá de diferente? É uma forma bem artificial de se manter a disputa viva até o último GP. Isso sem falar nas distorções que isso poderia causar.
De que adiantaria ter um carro bom, regular, se um piloto com mais erros ou quebras poderá ter chances parecidas por causa apenas da pontuação? Fora o fato de ser em um circuito que, até hoje, produziu quase nenhuma corrida boa, com um traçado bem enfadonho. Por último, se a pontuação dobrada já estivesse em vigor, vários finais emocionantes de campeonato teriam sido estragados. Por exemplo, o de 2008. Se por um lado Felipe Massa poderia ter sido campeão, a eletrizante decisão da última curva teria sido perdida. A ultrapassagem de Lewis Hamilton em Timo Glock não valeria grande coisa.
É algo a se pensar. E muito.
- Punição de cinco segundos por infrações menos graves
A ideia dessa até que é boa, mas a aplicação pode ser desastrosa. Foi acordada entre os times uma punição de cinco segundos para as infrações menos graves. A forma ainda está em discussão pelas equipes. O problema disso é justamente esportivo, se estes cinco segundos forem acrescidos ao tempo final de prova? Já imaginaram se o líder de uma corrida receber uma punição dessas e chegar na frente por, digamos, 2s718? O vencedor da corrida seria, na realidade, o segundo colocado. Seria uma medida terrível para o entendimento do público em casa. Já imaginaram isso?
Para encerrar: fico feliz com o desejo da FIA de realizar mudanças no regulamento. Mostra a intenção de se atualizar e de tornar a categoria mais atraente. Não dá é para fazer invencionices. Pontuação em dobro e cinco segundos de acréscimo de tempo depois da bandeirada? Na Fórmula 1 não dá.
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