terça-feira, 10 de setembro de 2013

A volta do filho rejeitado?*

* Por Luis Fernando Ramos


Fontes confiáveis e muito bem relacionadas no complexo ambiente do paddock da Fórmula 1 já confirmam a ida de Kimi Raikkonen para a Ferrari em 2014. Como afirmei na transmissão da corrida de domingo no Grupo Bandeirantes de Rádio, eu faria o mesmo se fosse o chefe da equipe.

Isso porque o finlandês está insatisfeito com a situação da Lotus e busca alternativas. O namoro com a Red Bull não deu em nada pela insistência de Helmut Marko em seguir seu próprio caminho e optar por Daniel Ricciardo. O que, já afirmei mil vezes, acho um erro. Quando ficou claro que ele não iria para o time anglo-austríaco, mais ou menos lá pelo GP da Hungria, a aproximação com a Ferrari foi rápida e veio em boa hora para as duas partes. Se a Red Bull bobeou, o time de Maranello faria bem em aproveitar a chance e agarrar com um piloto constantemente veloz.

Para o finlandês, seria uma chance de voltar a receber o dinheiro que merece por seu trabalho - a Lotus deve uma bolada enorme para Kimi em premiação por pontos conquistados. E de ganhar um carro mais competitivo para ver o que pode alcançar, já que com a Lotus ele foi além do equipamento em diversas ocasiões.

Para a equipe, o acerto abriria a expectativa de contar com um piloto com uma constância que há muito Felipe Massa perdeu. Mas o mais importante é dar um basta na egotrip de Fernando Alonso. A maior ruptura estaria justamente nisso. Foram as conversas com Raikkonen que desencadearam a crise de relação entre o piloto espanhol e a equipe italiana. Restou a ele se resignar a admitir o óbvio ontem em Monza: “A equipe vai decidir o que ela acha melhor, mas eu continuaria com Felipe”.

O final de semana foi tão maluco em rumores que teve gente deixando a pista italiano no domingo à noite sugerindo que o terremoto desta semana será ainda maior, com Alonso partindo para a Lotus com apoio do Santander e da Renault. Altamente improvável. E só não digo impossível pela minúscula chance de Alonso saber de antemão que o motor Ferrari do ano que vem será bem menos potente que a unidade francesa e querer abandonar o barco.

A tendência clara mesmo, onde todas as peças se encaixam, é numa dupla Alonso-Raikkonen na Ferrari. O que seria sensacional. Imaginem só o espanhol tendo de encarar um companheiro de equipe forte, popular e, não esqueçamos, que já foi campeão mundial pela equipe italiana, algo que ele não conseguiu ainda. Uau!

Se isso se confirmar, a vaga de Kimi na Lotus seria preenchida por Nico Hülkenberg. Há meses corre o comentário no paddock que ele tem uma proposta do time. Sobre Felipe Massa, foi muito interessante sua entrevista depois da corrida de ontem. Estava tranquilo, admitindo a possibilidade de sair da Ferrari, ou até mesmo da Fórmula 1, com naturalidade. Para continuar na categoria por outra equipe, vejo apenas uma alternativa plausível: a Sauber. A Ferrari gosta muito dele e não descarto a possibilidade de oferecerem um pacote atrativo para o time suíço: um desconto no fornecimento dos motores e um piloto experiente e de qualidade para acompanhar o novato russo Sergei Sirotkin em seu ano de estreia.

Eu torço para que isso aconteça. Vendo a expressão corporal curvada e os ombros abaixados de Massa na coletiva de ontem, ficou claro o quanto a situação na Ferrari está pesando: a falta de resultados, a pressão resultante disso, toda a politicagem cotidiana da parte do time e também do seu companheiro de equipe. Creio que correr na F-1 por uma outra equipe antes de seguir um rumo diferente lhe faria maravilhas, uma experiência realmente libertadora.

Vamos ver o que vai sair dessa reunião do brasileiro com Luca di Montezemolo. E com a movimentação no mercado que se seguirá ao anúncio da Ferrari. Até porque há também Felipe Nasr na espreita. Mesmo depois de um final de semana decepcionante na GP2, com uma quebra de câmbio na primeira corrida e nenhum ponto marcado, o brasiliense estava sereno quando conversamos com ele: “Estou pronto para dar este passo e chegar na F-1 no ano que vem”.

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