quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PÁGINA DA VIDA*

* Por Victor Martins

Chegou o dia, e a Red Bull resolveu fazer uma superprodução para o que já havia sido anunciado por muitas mídias e pelo Canguru Cagueta que vai deixar o lugar vago daqui dois meses: levou a TV por ela controlada na Áustria, a Servus, ao seu hangar, fez um mistério ao colocar o piloto no carro e, ao abrir a porta traseira, revelou Ricciardo como novo companheiro de Vettel para 2014. Daniel, coitado, no estúdio montado, parecia uma criança como quem ganhava seu mais novo carrinho. Sendo que se trata do maior carrão que há de guiar na vida.

Ricciardo, 24, é um piloto rápido e faz jus ao programa rubrotaurino de revelação de talentos – que só havia promovido o próprio Vettel da Toro Rosso para a equipe principal. Num primeiro momento, a decisão é adversa ao que apregoava o chefe Christian Horner, de formar a dupla mais forte possível – o que colocava Alonso e Räikkönen em um embate direto e interessante. Mas se pode analisar que ‘melhor’ não pode ter a conotação literal. O que é melhor para a Red Bull é não ter é um ambiente infernal nem uma dupla que esteja em pé de igualdade e promova brigas homéricas que levem à sua derrota no Mundial de Construtores, aquele que é responsável pela premiação gorda da FOM.

A F1 tem melhores exemplos de um piloto #1 e outro #2, e é por trás da cortina da resposta oficial onde se esconde esta conclusão. É muito mais fácil a Red Bull trabalhar no desenvolvimento de Ricciardo e fazer com que ele ajude Vettel a ser o maior da história em um primeiro momento do que pegar um outro lobo e ponha tudo a perder como nos tempos de Mansell × Piquet na Williams ou Hamilton × Alonso na McLaren. A decisão foi tomada a oito mãos – além de Horner, participaram o conselheiro Helmut Marko, o projetista Adrian Newey e o dono da brincadeira toda, Didi Mateschitz – e joga em Ricciardo a responsabilidade de tirar pontos dos adversários no ano que vem enquanto se encaixa melhor no time – até literalmente, visto que o jovem rapaz alegou ter um rabo grande para o chassi da RBR; notem o que é a gente é obrigado a escrever, sem muitos eufemismos.

Riccardinho chega para dar uma amenizada nos rumores todos desta linda ‘silly season’, que agora se concentram nas vagas da Ferrari. Ontem, um “importante anúncio” de Alonso nas redes sociais que estava por vir levantou a lebre da galera toda. “Será?”, se perguntaram, achando que a zebra estava por sair ali da terra do cavalino, mas no fim das contas foi a revelação da compra de uma equipe basca de ciclismo. Há quem creia, e existe uma base nisso, de que Fernando pode voltar à Lotus, num até possível comando da Renault, em 2014, promovendo nova troca com Räikkönen. Pelos lados de Massa, quem mais ameaça seu posto é Hülkenberg, mas Felipe já tem um discurso muito alinhadinho com o da cúpula domenicaliana de quem vai continuar por mais um tempo.

Ainda há muita água para passar neste rio, água que não foi posta na cerveja de Ricciardo. Depois do programa da TV lá, Dan’s The Man abriu uma Foster’s, continuou rindo como criança e certamente não vai conseguir dormir tão cedo ao saber que a página da vida vira.

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