* Por Lívio Oricchio
Há aliado importante tentanto fazer com que o Brasil tenha representante na F-1 em 2014. Ninguém menos de Bernie Ecclestone. O Brasil é uma peça importante nos interesses da F-1.
Nos últimos dias a notícia que mais causou impacto no meio esportivo brasileiro foi a possibilidade real de o País, de grande tradição na Fórmula 1, oito vezes campeão do mundo, não ter um representante da competição na próxima temporada. Quarta-feira Felipe Massa terá uma importante reunião com Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, em Maranello, sede da equipe.
E se tudo o que se falou em Monza, no fim de semana, proceder, como parece ser o caso, Massa ouvirá que Kimi Raikkonen, da Lotus, o substituirá a partir de 2014. Ou mesmo o alemão Nico Hulkenberg, da Sauber. Massa é o único piloto brasileiro na Fórmula 1. Seria surpreendente se for anunciada a extensão do seu contrato.
Confirmado o que a imprensa italiana dá como certo, de que Raikkonen será o companheiro de Fernando Alonso, Massa não tem alternativa na Fórmula 1 e terá de buscar outros rumos profissionais? É possível. Mas não é favas contadas, ainda.
O que nem todos sabem é que há gente com elevado poder de fogo trabalhando para que o Brasil não fique sem represente no Mundial. E o principal personagem é ninguém menos de Bernie Ecclestone, promotor da Fórmula 1.
Um pedido do homem-forte do evento tem peso, embora não signifique, necessariamente, ser atendido. A essa altura, é provável que Ecclestone tenha trocado alguma ideia com o francês Eric Boullier, diretor da Lotus, questionando como vê a possibilidade de aproveitar Massa para a vaga de Raikkonen se o finlandês for mesmo o escolhido da Ferrari. Boullier já adiantou para a imprensa que Hulkenberg interessa caso Raikkonen saia.
Mas o proprietário da equipe, o empresário de Luxemburgo Gerhard Lopez, tem dívidas importantes. Lopez não nega. Ecclestone poderia criar mecanismos para atenuar suas dificuldades. O presidente da Formula One Management (FOM), Ecclestone, não põe dinheiro pessoal no negócio, deixa as escuderias fecharem as portas, se necessário, mas pode fazer antecipações do valor a que têm direito, por exemplo, se a entrada de capital fresco ajudar em algo. O que quase sempre é o caso.
A Lotus não pagou para Raikkonen, ainda, os bônus por ponto este ano, estimados em 6,7 milhões de euros (R$ 20,1 milhões), equivalentes a 50 mil euros (R$ 150 mil) por ponto conquistado.
E existe o que deve ser levado em conta, também, nessa tentativa de fazer o Brasil permanecer na Fórmula 1: o peso de um pedido de Ecclestone. O responsável por explorar os direitos comerciais da Fórmula 1 jamais esquece de quem o atendeu em algum momento do relacionamento.
Ecclestone pode ser muito útil, também, para Felipe Nasr. O talentoso brasiliense de 21 anos caiu de vice-líder para quarto na GP2, em Monza, por problemas com o carro, sábado, o que dificulta sua chegada à Fórmula 1 e pode levá-lo a disputar a terceira temporada na GP2, em 2014, com a obrigação de ser campeão para pensar em Fórmula 1 em 2015.
Porém além de ser jovem, rápido, constante e inteligente, características que se casam com o desafio que os pilotos vão enfrentar na Fórmula 1 no ano que vem, com as novas regras, Nasr conta com patrocinadores capazes de investir alto se for o caso de ir para a Fórmula 1.
A TV Globo está atrás do projeto. Os detalhes do acordo entre o empresário do piloto, Steve Robertson, o mesmo de Kimi Raikkonen, e a emissora são desconhecidos. O que se sabe é que quem investe no projeto tem a empresa divulgada nos espaços publicitários da TV. O que tendo-se em conta o retorno que em geral a emissora oferece, por atingir muitos milhões de brasileiros, representa um alto estímulo.
Se Ecclestone ainda não começou a se mexer visando ver Nasr na Fórmula 1 em 2014 deverá fazê-lo em breve. Com seus predicados de piloto, o dinheiro dos patrocinadores, o poder da Globo e, principalmente, a força de Ecclestone, o negócio pode dar certo. E para onde Nasr iria?
Nas duas últimas escuderias no grid este ano, Marussia e Caterham, não. O próprio piloto disse que não acrescentaria muito, embora com a mudança radical do regulamento, em 2014, seja impossível prever o que irá acontecer.
As escuderias com vagas e pilotos encaminhados, mas não acertados, são Force India, Toro Rosso e Sauber. Na Williams, o venezuelano Pastor Maldonado e o finlandês Vlatteri Bottas vão estar juntos de novo em 2014. Na Sauber, o candidato maior, o atual titular Steban Gutierrez, dispõe como Nasr de patrocinador que investe boa soma, a Telmex, do México. E é provável que seja reconfirmado, ao lado do já titular para 2014, se os russos ratificarem a sociedade com a Sauber, o russo Sergey Sirotkin, de apenas 19 anos.
Na Toro Rosso, o consultou com poderes de presidente, Helmut Marko, afirmou em entrevista ao Estado, em Monza, que Nasr não é candidato à vaga de Daniel Ricciardo, de partida para a Red Bull. Mas, de novo, um pedido de Ecclestone tem, às vezes, nem sempre, poderes mágicos. Por fim a Force India, onde Adrian Sutil e Paul Di Resta, atuais pilotos, esperam ser reconfirmados, depois de entenderem que não há lugar para eles nos cinco melhores, Red Bull, Ferrari, Mercedes, Lotus e McLaren.
A Force India seria uma possibilidade não apenas para Nasr como até para Massa. E a relação do seu proprietário, o indiano Vijay Mallya, com Ecclestone é a melhor possível.
Tudo isso não representa nenhuma garantia de que Massa e/ou Nasr vão alinhar por alguma equipe no grid nas 21 etapas do Mundial de 2014. É apenas o outro lado das notícias que circularam com desenvoltura nos últimos dias quanto à possibilidade de o Brasil não ter piloto na Fórmula 1 em 2014. E que, eventualmente, diante do cacife de quem está tentando reverter o quadro, pode funcionar.
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