quinta-feira, 5 de setembro de 2013
O que vi do WEC em Interlagos*
* Por Rodrigo Mattar
Como todos os seguidores e leitores do blog sabem, estive em São Paulo acompanhando a 4ª etapa do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance. As 6h de São Paulo foram realizadas pela segunda vez e foi a terceira oportunidade em que nós, brasileiros, travamos contato com uma prova internacional da modalidade de grande porte, pois a outra foi a edição de 2007 das Mil Milhas, válida pela Le Mans Series.
Vou aproveitar a oportunidade para tecer algumas considerações a respeito do que vi durante todo o fim de semana em que lá estive, de quinta a domingo.
Começo falando dos pontos positivos. A começar que a corrida teve uma afluência de público superior a do ano passado. Acho que não foram as 38 mil pessoas que circularam, segundo a informação oficial, durante os três dias em que o evento esteve aberto ao público. Mas houve avanço. As arquibancadas cobertas tinham gente, mas não estavam totalmente lotadas. Na descoberta, ninguém quis encarar o sol forte que tomava conta de Interlagos no domingo e a grande maioria se abrigava na sombra das árvores.
A plateia podia movimentar-se livremente pelas dependências de Interlagos, tendo acesso ao Village, no interior do circuito, podendo assistir a grupos de rock, comprar souvenirs, acepipes, bebidas e também desfrutar de outras atrações. É o chamado “Espírito de Le Mans”, uma vez que em Sarthe a pista é ladeada por uma roda gigante que não deixa de funcionar a madrugada inteira, assim como um parque de diversões. Afinal, não há corrida que sustente um público de pé por 24 horas e nem aqui, em um quarto da distância.
O pit walk, a visitação dos boxes onde os fãs estavam próximos de carros e pilotos, ganhando souvenirs e autógrafos, estava admiravelmente mais cheio. A muvuca na manhã do dia da corrida era espetacular. Todo mundo tentando chegar perto de seus ídolos e, logicamente, o boxe mais impraticável de chegar perto era o da Aston Martin Racing, do Bruno Senna. Os times menores faziam a delícia dos fãs e houve momentos em que os pilotos não tinham o que fazer. Eu não me fiz de rogado e consegui vários autógrafos em dois de meus bonés. Um deles, suprema glória, tem agora as assinaturas de Tom Kristensen, Allan McNish e Loïc Duval. Chique, não?
Some-se a isso o esforço de Emerson Fittipaldi em organizar melhor um evento que teve sua primeira edição apenas no ano passado. Algumas falhas foram corrigidas, outras nem tanto – falo disso daqui a pouco – mas era notória a satisfação do bicampeão mundial de Fórmula 1 em ver as coisas caminhando. Os dirigentes franceses – Pierre Fillon, presidente do Automobile Club de l’Ouest (ACO), Gérard Neveu, CEO do WEC e o ex-piloto de F-1 Yannick Dalmas, que exerce o cargo de consultor dos pilotos junto à FIA e aos organizadores – pareciam estar satisfeitos com o que viram.
Mas, nem tudo nesse mundo são flores. Há que se fazer algumas críticas. Uma, nem adianta mais, porque já sabemos que Interlagos passará por uma boa reforma de infra-estrutura e cabe aqui uma sugestão: colocar a sala de imprensa o mais próxima possível do chão. De preferência ao nível das garagens dos times.
Que sentido faz aos profissionais de imprensa, hoje carregando computadores portáteis e toda a sorte de gadgets, subir vários degraus de escada, com peso nas costas? E os fotógrafos, então? Eles já fazem um esforço absurdo na pista. Não compensa subir vários lances com lentes pesadíssimas e seus equipamentos. Fica aqui a sugestão.
Tem mais: Emerson Fittipaldi e seus sócios devem saber que, para o evento dar certo, não é só o público que tem que fazer o chamado “boca a boca”. A imprensa tem que fazer o seu papel e circular livremente, como acontece em Sebring, nas áreas comuns do circuito. Sou contra a restrição da presença da imprensa em alguns locais, como os camarotes. Claro, a maioria trabalha e não vai ficar ali vadiando. Mas acho que podemos e devemos ser mais bem-tratados. Especialmente a imprensa especializada.
Eu não faço “jornalismo Caras”. Eu faço jornalismo para quem gosta de automobilismo. Eu informo o fã. E tem fãs que gostariam de saber como é o ambiente mais a fundo. Ano passado, consegui ir para um desses camarotes. Nesse ano, não. Tudo bem: eu não estava como produtor de emissora alguma, mas fica o registro.
Um outro detalhe que precisa ser observado: a desinformação e o despreparo de alguns membros da equipe de segurança da FAQUI. No domingo, após o pit walk, desci da sala de imprensa com duas garrafas d’água. Uma para mim e outra para minha namorada, que me acompanhou todo o fim de semana. Inexplicavelmente, mesmo tendo acesso ao paddock com nossas credenciais, de acordo com a numeração, fomos barrados. Nada a ver com as garrafinhas plásticas, que não são consideradas perigosas por ali. Não adiantou falar que tínhamos direito ao acesso. Mostrei o sticker verde do grid walk, pregado na minha credencial, que começaria dali a alguns instantes. Sabem o que o segurança me falou?
“Esse evento já terminou. Tenha a bondade de se retirar.”
“Mas isso aqui é o acesso ao grid”, retruquei.
“Não, o senhor está equivocado.”
Os seguranças podem caprichar no português para falar conosco de forma polida, mas são desinformados. Conclusão: tivemos que dar a volta entrando pelo espaço da Porsche GT3 Cup Challenge e entrar no paddock pelo outro lado do portão, onde… não fomos barrados!
Pode um negócio desses?
Enfim… na média, o saldo é positivo. A gente só tem que agradecer à organização, por se disponibilizar a resolver alguns pepinos na medida do possível, à rapaziada da sala de imprensa, que nos ajudou bastante, aos assessores dos times do WEC, a mr. Jeff Carter, delegado de mídia do WEC, ao pessoal da Audi, que gentilmente nos convidou para ir no lounge da montadora no circuito de Interlagos.
E que venha 2014!
Como todos os seguidores e leitores do blog sabem, estive em São Paulo acompanhando a 4ª etapa do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance. As 6h de São Paulo foram realizadas pela segunda vez e foi a terceira oportunidade em que nós, brasileiros, travamos contato com uma prova internacional da modalidade de grande porte, pois a outra foi a edição de 2007 das Mil Milhas, válida pela Le Mans Series.
Vou aproveitar a oportunidade para tecer algumas considerações a respeito do que vi durante todo o fim de semana em que lá estive, de quinta a domingo.
Começo falando dos pontos positivos. A começar que a corrida teve uma afluência de público superior a do ano passado. Acho que não foram as 38 mil pessoas que circularam, segundo a informação oficial, durante os três dias em que o evento esteve aberto ao público. Mas houve avanço. As arquibancadas cobertas tinham gente, mas não estavam totalmente lotadas. Na descoberta, ninguém quis encarar o sol forte que tomava conta de Interlagos no domingo e a grande maioria se abrigava na sombra das árvores.
A plateia podia movimentar-se livremente pelas dependências de Interlagos, tendo acesso ao Village, no interior do circuito, podendo assistir a grupos de rock, comprar souvenirs, acepipes, bebidas e também desfrutar de outras atrações. É o chamado “Espírito de Le Mans”, uma vez que em Sarthe a pista é ladeada por uma roda gigante que não deixa de funcionar a madrugada inteira, assim como um parque de diversões. Afinal, não há corrida que sustente um público de pé por 24 horas e nem aqui, em um quarto da distância.
O pit walk, a visitação dos boxes onde os fãs estavam próximos de carros e pilotos, ganhando souvenirs e autógrafos, estava admiravelmente mais cheio. A muvuca na manhã do dia da corrida era espetacular. Todo mundo tentando chegar perto de seus ídolos e, logicamente, o boxe mais impraticável de chegar perto era o da Aston Martin Racing, do Bruno Senna. Os times menores faziam a delícia dos fãs e houve momentos em que os pilotos não tinham o que fazer. Eu não me fiz de rogado e consegui vários autógrafos em dois de meus bonés. Um deles, suprema glória, tem agora as assinaturas de Tom Kristensen, Allan McNish e Loïc Duval. Chique, não?
Some-se a isso o esforço de Emerson Fittipaldi em organizar melhor um evento que teve sua primeira edição apenas no ano passado. Algumas falhas foram corrigidas, outras nem tanto – falo disso daqui a pouco – mas era notória a satisfação do bicampeão mundial de Fórmula 1 em ver as coisas caminhando. Os dirigentes franceses – Pierre Fillon, presidente do Automobile Club de l’Ouest (ACO), Gérard Neveu, CEO do WEC e o ex-piloto de F-1 Yannick Dalmas, que exerce o cargo de consultor dos pilotos junto à FIA e aos organizadores – pareciam estar satisfeitos com o que viram.
Mas, nem tudo nesse mundo são flores. Há que se fazer algumas críticas. Uma, nem adianta mais, porque já sabemos que Interlagos passará por uma boa reforma de infra-estrutura e cabe aqui uma sugestão: colocar a sala de imprensa o mais próxima possível do chão. De preferência ao nível das garagens dos times.
Que sentido faz aos profissionais de imprensa, hoje carregando computadores portáteis e toda a sorte de gadgets, subir vários degraus de escada, com peso nas costas? E os fotógrafos, então? Eles já fazem um esforço absurdo na pista. Não compensa subir vários lances com lentes pesadíssimas e seus equipamentos. Fica aqui a sugestão.
Tem mais: Emerson Fittipaldi e seus sócios devem saber que, para o evento dar certo, não é só o público que tem que fazer o chamado “boca a boca”. A imprensa tem que fazer o seu papel e circular livremente, como acontece em Sebring, nas áreas comuns do circuito. Sou contra a restrição da presença da imprensa em alguns locais, como os camarotes. Claro, a maioria trabalha e não vai ficar ali vadiando. Mas acho que podemos e devemos ser mais bem-tratados. Especialmente a imprensa especializada.
Eu não faço “jornalismo Caras”. Eu faço jornalismo para quem gosta de automobilismo. Eu informo o fã. E tem fãs que gostariam de saber como é o ambiente mais a fundo. Ano passado, consegui ir para um desses camarotes. Nesse ano, não. Tudo bem: eu não estava como produtor de emissora alguma, mas fica o registro.
Um outro detalhe que precisa ser observado: a desinformação e o despreparo de alguns membros da equipe de segurança da FAQUI. No domingo, após o pit walk, desci da sala de imprensa com duas garrafas d’água. Uma para mim e outra para minha namorada, que me acompanhou todo o fim de semana. Inexplicavelmente, mesmo tendo acesso ao paddock com nossas credenciais, de acordo com a numeração, fomos barrados. Nada a ver com as garrafinhas plásticas, que não são consideradas perigosas por ali. Não adiantou falar que tínhamos direito ao acesso. Mostrei o sticker verde do grid walk, pregado na minha credencial, que começaria dali a alguns instantes. Sabem o que o segurança me falou?
“Esse evento já terminou. Tenha a bondade de se retirar.”
“Mas isso aqui é o acesso ao grid”, retruquei.
“Não, o senhor está equivocado.”
Os seguranças podem caprichar no português para falar conosco de forma polida, mas são desinformados. Conclusão: tivemos que dar a volta entrando pelo espaço da Porsche GT3 Cup Challenge e entrar no paddock pelo outro lado do portão, onde… não fomos barrados!
Pode um negócio desses?
Enfim… na média, o saldo é positivo. A gente só tem que agradecer à organização, por se disponibilizar a resolver alguns pepinos na medida do possível, à rapaziada da sala de imprensa, que nos ajudou bastante, aos assessores dos times do WEC, a mr. Jeff Carter, delegado de mídia do WEC, ao pessoal da Audi, que gentilmente nos convidou para ir no lounge da montadora no circuito de Interlagos.
E que venha 2014!
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