* Por Felipe Motta
Sempre que a rotina de viagens e aeroportos me permite gosto de escrever sobre as corridas já na segunda-feira para que o assunto não morra.
E hoje começo com o final da prova de ontem. A cena do pódio em Cingapura foi vergonhosa. Sebastian Vettel, depois de dominar a corrida como poucas vezes vimos na F-1, foi vaiado no pódio. Vaiado por quê? Porque é safado, bandido, arrogante e otário? Ou por simplesmente estar, ao lado de sua equipe, escrevendo uma história bonita de dominação em um dos esportes mais competitivos do mundo?
Vocês gostam de equilíbrio? Ok, eu também gosto. Um domínio de um piloto assim (qualquer esportista em geral) não é bom para a F-1 ou qualquer esporte. Sim, cansa, irrita, afasta. Mas daí ir à beira do pódio para vaiar o moleque? Que babaquice!
O domínio no esporte é bonito, é poético, é mágico, ainda que nos canse. Quando vemos o Barcelona goleando rivais como se jogasse contra equipe do jardim de infância aplaudimos. Quando um lutador como Floyd Mayweather fica invicto por tantos anos, quando Usain Bolt destrói rivais, quando Michael Phelps faz história os saudamos. Agora Vettel será crucificado?
Vettel não mereceria ser vaiado nem mesmo se fosse um malaça. O cara, pelo contrário, é uma pessoa absolutamente simples, um dos poucos da equipe Red Bull que não empinou o nariz após tantas vitórias - sim, o time não adota mais a postura que sempre vendeu em seu marketing. Em Monza, mesmo sendo terreno da Ferrari já é ridículo. Quando o Corinthians empata com o Náutico em casa a torcida vaia seu time, e não o rival. Se o mesmo se repetir em outras pistas só aumentará ainda mais essa piada.
Repito, seria bem melhor para mim, que trabalho com esse esporte, ver 10 pilotos brigando por vitórias. Se me dissessem que Vettel perderia duas das três próximas corridas eu esboçaria um sorriso. Mas jamais eu pensaria mal dele após o que fez ontem. Muito pelo contrário, a performance de ontem exige mais que aplausos. É para se levantar, aplaudir, curvar-se.
Vocês podem dizer: "ganhar com um foguete assim é fácil". Lembremos que esse foguete não veio no saco do Papai Noel. Um time todo se matou para fazê-lo. E Vettel, mesmo apesar de tantas vitórias, não esboça puxar freio de mão. É incansável! Não se entrega aos prazeres da vida que um jovem de 26 anos poderia se deixar vencer.
Sinceramente, não entendo as vaias. Quando um pugilista ou lutador de MMA termina uma luta em 15 segundos ninguém lamenta o domínio. Vocês podem responder, ok, mas não somos obrigados a ver 4 rounds sabendo que um lutador já venceu. Sim, ontem tudo estava encaminhado para Vettel na volta 2, e fomos até a 61.
Ainda bem!
Por esse motivo, ficamos na expectativa se aconteceria algo com ele, como em 2012 quando Lewis Hamilton foi traído. Vimos uma largada magistral de Fernando Alonso, e uma grande arriscada do espanhol na estratégia. Testemunhamos uma corrida fantástica de Kimi Raikkonen, que com dores nas costas, deu show, além de uma ultrapassagem inesquecível em Jenson Button. E o que falar do pega do final da corrida, com McLarens, Mercedes, Sutil, Hulkenberg e Massa?
Não pensem que com isso digo que a corrida foi o máximo. Não, ela teve momentos arrastados, sem dúvida. Mas a vida é assim, cíclica! Ano passado a maioria dos campeonatos europeus, os maiores do mundo, conheceram seus campeões com muita antecedência. Jogos de futebol, muitas vezes têm um lance só. E aí? Simplesmente acontece!
Ontem, Seb deu uma declaração à TV alemã que ilustra um pouco sua tristeza, ainda que no geral ele minimize o que ocorreu: "A diferença mora nos detalhes e enquanto os outros estão enfiando o saco dentro de uma piscina continuamos fuçando no carro para extrair algo a mais e isto faz diferença num final de semana e também num campeonato inteiro."
Outro indignado foi Niki Lauda, tricampeão do mundo e Diretor da Mercedes. “Essas pessoas não entendem o que este cara está fazendo. Eu honestamente tiro o chapéu porque o cara liderou a corrida desde a primeira volta, foi muito melhor que todos, poderia ter dado uma volta em todo mundo. Se eu pudesse, daria o campeonato para ele agora porque foi uma performance fantástica.”
Vocês podem argumentar que esporte é isso, tem aplauso e vaia. Sim, claro! Mas na F-1, vaias no pódio não são comuns. Apenas em momentos, como Áustria 2002, quando o público se sentiu lesado, é que as vaias emergem.
Em 2010, após episódio de Hockenheim, Alonso foi hostilizado antes da corrida em Interlagos "Fernando, viado, Fernando, viado" e o famoso "hein, Fernando, vai tomar...". Bonito não foi, mas era compreensível. Ainda assim, quando terminou no pódio foi aplaudido. Antes do "jogo" ok, faça o que quiser. Mas reconheça o valor da vitória de alguém.
Vettel não teve um foguete desde o início do ano. Trabalhou muito, não errou e maximizou todos os pontos. Para mim, uma temporada impecável. Ano passado ele já tinha dado uma aula de pilotagem. Está na hora de acompanhar com admiração o que ele e seu time fazem, e torcer para que os outros sejam menos incompetentes e equilibrem a briga, além de um companheiro menos patético, que seja capaz de medir forças com ele. Porque torcer para Vettel bater no muro, quebrar a perna ou outra coisa, não adianta. Além de ridículo, é pequeno.
Um comentário:
AMelhor Redação que li até hoje !!! disparadamente A MELHOR !!!! . Parabéns ao Autor ...ao Blog setor G ;;e a Todos com mentes Sãs e verdadeiramente esportiva e leal aos Fatos . Esta Redação merecia estampar os melhores sites e Bloggs Mundias Tanbém , pois é uma Verdadeira Obra prima em Palavras . Muito Honrado em Ler este Texto , Sebastian e Toda Red Bull e Toda Fórmula 1 iria admirar muito este Texto . Grato por toda Verdade . Jean Carlo Graci Fã de Sebastian Vettel desde 2009 . Aplausos ao Autor do Texto .
Postar um comentário