A Fórmula 1 está um show em 2012!
Um recorde histórico de 7 vencedores diferentes nas primeiras 7 corridas da temporada.
E corrida após corrida, repórteres e colunistas dos mais diversos meios de comunicação especializados no assunto, escrevem e comentam, seja nas suas colunas ou programas, à exaustão, sempre o mesmo assunto: o equilíbrio e a competitividade na nova Fórmula 1 .
Não se fala em outra coisa, esse tema é a febre do momento
E muitos desses textos são reproduzidos aqui no blog, quem nos acompanha, sabe do que estou falando.
No quesito equilíbrio, não há o que se discutir. Foram 7 diferentes vencedores de 5 diferentes equipes em 7 provas seguidas, onde os 3 primeiros colocados do mundial de pilotos atualmente estão separados por míseros 3 pontos.
Em 2011, após a sétima prova, essa diferença era de 67 pontos.
Nico Rosberg está em quinto, a 21 pontos do líder Hamilton. Menos pontos do que se paga por uma vitória.
Se na próxima corrida Hamilton quebrar e Nico vencer...
Equilíbrio? Ok, confere.
Mas aí eu pergunto: onde estão a competitividade e a nova F-1??
Não entendi bem no que se referem quando falam de nova F-1.
Pra mim, de nova não tem nada. Principalmente nos carros.
O que eles tem de novo, além de continuarem feios e agora piorados, com esse tenebroso bico?
Uma aleta aqui, uma asinha ali, uma melhora aerodinâmica básica, set up de regulagens, calibração de motores, regulagens mecânicas e “otras cosas más”.
Visualmente, nenhuma grande inovação estética ou estrutural.
As principais mudanças continuam por conta de alterações no regulamento: altura do bico e flexibilidade da asa dianteira, proibição do difusor soprado, crash test obrigatório, regras de ultrapassagens, etc.
Em tempo: sabiam que a regra de poder mudar de posição apenas uma vez para poder se defender de uma ultrapassagem não era regra??
Antes era apenas uma recomendação de conduta, sob pena de punição caso não fosse cumprida.
Essa norma foi regulamentada apenas para a temporada 2012. E agora com mais um detalhe: deixar o espaço mínimo de um carro em relação à beira da pista, para o lado que você escolheu defender. Ou seja, se tem que deixar o espaço de um carro, vai defender o quê??
Nova Fórmula 1?? Não, nada!
E toda competitividade da atual temporada?
Creditar esse fantástico equilíbrio à competitividade, discordo totalmente.
Muitas posições ainda estão sendo ganhas em estratégias de corrida e paradas de boxes, não em disputas na pista.
E o recorde de ultrapassagens?
Ah, graças ao diabólico DRS, onde de repente parece que o carro da frente enroscou numa bigorna de 200 kg e o carro de trás vira um torpedo.
Na grande maioria das vezes, o carro da frente (que podemos chamar de vítima) não tem a mínima chance de defesa.
Eu, sinceramente, nunca curti o DRS.
Chega a ser até covardia. As ultrapassagens não são realmente resultados de disputa, são fabricadas, artificiais.
E portanto, na minha opinião, não se pode comparar os números em relação às outras temporadas em que esse sistema não existia.
Até mesmo o Lewis “sem paciência” Hamilton, arrojado e atirado nas ultrapassagens, se fez valer desse recurso no GP do Canadá, onde teve uma inesperada e surpreendente calma e tranquilidade para esperar o momento de usar o DRS e, sem nenhuma dificuldade, realizar as ultrapassagens sobre os bicampeões Alonso e Vettel e voltar pra liderança.
E eu tinha quase certeza, até apostaria, que ele ia colocar por dentro, ali no grampo, tocando roda como ele gosta, abrindo caminho no braço.
Ainda bem que não apostei.
E esse ano temos, ainda, os novos compostos de pneus, engenhosamente desenvolvido pela fornecedora oficial, que após um certo nível de desgaste, aliado a alguns fatores como temperatura, estilo de pilotagem e ajuste aerodinâmico do carro, de uma volta pra outra perdem drásticamente sua aderência e o carro se transforma numa carroça e começa a se arrastar pela pista, chegando a virar 4 segundos mais lento que suas voltas anteriores, conforme dados constatados no último GP.
Quem vem atrás, agradece.
Pelo menos, tem ultrapassagem, né? Tem, mas sem disputa, é chegar e passar, geralmente.
Como o DRS já existia na temporada passada, parece que os pneus, portanto, são os maiores responsáveis por essa diversidade de inesperados resultados.
Tá bacana? É, até tá. Pra quem assiste. Pro piloto que queima a mufa junto com a equipe o fim de semana inteiro pra traçar uma boa estratégia e tudo ir por água abaixo em duas voltas, não deve estar sendo.
Mas, onde estão os pegas?
Aquela coisa clássica de uma corrida de carros, pegar o vácuo, por de lado, rasgar a reta emparelhado, tocar rodas, disputar freada, esparramar sobre o adversário e sair na frente. E tomar o troco na reta seguinte. E devolver na próxima volta.
Pega, sabe? Disputa?
Não vejo uma dessas há mais de uma década. Teve uma parecida aqui, outra mais ou menos ali ano passado, algumas boas e arrojadas ultrapassagens, mas aquela coisa comum e rotineira que se via em quase todo GP....faz tempo!
E pra ajudar, quando alguém tenta ser arrojado e competitivo, vem os engessados comissários ou o diretor de prova com as famigeradas punições.
Tem que ser leal na disputa sim, até concordo em fiscalizar, tem que se cuidar da segurança dos pilotos, mas no meu ponto de vista, há muita incoerência e excesso de zelo nessas punições.
Já comentei em outro texto, que por conta desse excesso, parece que os pilotos estão ficando bundões pra ultrapassar.
Vai dizer que nunca reparou que frequentemente se vê um piloto brigando por posição, e na freada ele tira de lado, ameaça colocar por dentro da curva e refuga rapidinho??
Então, antigamente não era assim.
Por anos e anos, principalmente a partir da era Schumacher, amarguramos uma Fórmula 1 enfadonha, previsível, sem mais grandes atrativos, onde a cada nova temporada os cartolas mudavam o regulamento na tentativa de trazer de volta a competitividade, o brilho perdido dos tempos áureos, a emoção, o interesse dos fãs que estava esfriando. Não por amor ao esporte, mas por business, infelizmente a categoria é basicamente isso hoje.
Mas por muito tempo, essas burocráticas tentativas não obtiveram êxito. Pneu sulcado, reabastecimento proibido, corrida sem troca de pneu, pneus mais estreitos, aerofólio traseiro menor, Kers, DRS. Nada resolvia.
E tome corridas monótonas.
Mas esse ano deu certo!!! Oba!!!
Uma combinação de fatores que deu uma reviravolta geral na categoria, provocou uma sequência de resultados imprevisíveis, aumentou a audiência, e agradou principalmente quem é fã da categoria.
Todos estão eufóricos com a “nova” Fórmula 1.
É como uma recompensa por não termos abandonado nossa paixão, aguentamos firmes, pois sempre alimentamos a esperança de um dia voltarmos a ver corridas fantásticas e com o prazer e a satisfação de antigamente.
Temos até vontade de gritar: - “Ponte que caiu!! Até que enfim a boa Fórmula 1 voltou”!
Tá todo mundo empolgado, tem mais gente se interessando, quem tinha se afastado voltou a acompanhar, os resultados estão derrubando os apostadores nos bolões.
Maravilha!!
Mas essa euforia, da qual partilho, acredito que está, inconscientemente, confundindo a análise que se tem feito pelos profissionais das mídias especializadas a respeito de todas essas mudanças, novidades e agradáveis surpresas e resultados, corrida a corrida!
Portanto, não nos deixemos enganar, a temporada atual está gratificantemente equilibrada, mas não porque está competitiva. Ainda está longe de ser competitiva como já foi um dia, e como deveria ser a categoria máxima do automobilismo.
(No outro post, eu coloco uns vídeos pra ilustrar o que eu quero dizer)
Mas, por enquanto, o que se tem é o que se queria há tempos pelos cartolas, afinal, faz bem pros negócios.
E a competição? Ora, a competição...
Mas, isso tudo, é apenas a humilde e singela opinião de um torcedor, fã de corridas, saudosista, ufanista e leigo no assunto.