* Por Fabio Seixas
"Desculpa, mas liga de novo em agosto. Ou no fim de julho. Aí já terei uma resposta pra você. Agora não posso falar, não dá pra comentar nada. Temos que esperar mais um pouco." Na outra ponta da linha, o italiano Daniele Morelli, empresário de Robert Kubica.
São quase 500 dias.
Para ser mais exato, 488. Dias de susto, de preocupação e de batalha para voltar à vida normal. Sendo que, no caso, é uma missão bem complicada: a vida normal exige cabeça e físico 100% para acelerar a mais de 300 km/h.
Foram três cirurgias, uma delas de sete horas, para reconstruir e remendar ossos esmagados e fraturados em um acidente de rali, na Itália. No 340º dia, outro golpe: tíbia quebrada após um escorregão no gelo, andando na rua. Nova intervenção.
Nesta semana, veio à tona a notícia de mais uma operação. O cotovelo direito ganhou duas próteses que, segundo o médico Ruggero Testoni, permitirão que o polonês consiga girar o volante sem nenenhuma limitação.
(Até então, em karts e simuladores, ele tinha de soltar a mão do volante por um instante, quando virava à esquerda, para empunhá-lo novamente logo depois...)
Deve ter sido a última. Agora, enfrentará mais 30 dias de fisioterapia no local.
Daí, a explicação para o "liga de novo em agosto" de Morelli. Depois de tantas idas e vindas, tantos diagnósticos e tantos contratempos, a hora da verdade para um dos mais talentosos pilotos da F-1 está realmente chegando.
Se tudo enfim voltar a dar certo, se Kubica tiver condições de retornar a um cockpit, será ótimo para ele e para o esporte. O mercado se agitará -há quem fale em pré-contrato com a Ferrari para o ano que vem-, o grid ganhará ainda mais competitividade, o paddock ficará menos chato.
Se não der, será uma pena. Mas vida que segue.
Há 488 dias, Kubica estava sedado em uma UTI e corria o risco de ter amputada sua mão direita.
Pensando assim, a boa notícia já veio. Mas, no mês que vem, claro, ligo de novo.
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