Sua carreira foi tão meteórica como sua passagem pela Fórmula 1, já que ele era um praticante de esqui na neve, antes de enveredar nas competições automoblísticas. No currículo de Paletti antes de ser contratado como companheiro de equipe de Jean-Pierre Jarier na Osella, constavam quatro provas de Fórmula 2 em 1980 com um 8º lugar em Misano como melhor resultado a bordo de um March 802 BMW da equipe de Mike Earle e uma temporada completa em 81, pela Onyx Racing – aquela mesma que anos depois iria para a F-1 – com um March 812 BMW. Seu melhor resultado foi o 2º lugar na abertura da temporada, em Silverstone. Ao fim do campeonato ganho por Geoff Lees, da Ralt, ele chegou em 10º, somando onze pontos e dois pódios.
Com o patrocínio da Pioneer, Paletti levou o orçamento necessário para complementar a temporada de 82 da Osella. O jovem italiano demorou para estrear. Ficou fora em Kyalami, em Jacarepaguá (onde foi eliminado na pré-qualificação) e em Long Beach. Sua primeira corrida foi no infame GP de San Marino, boicotado por todas as equipes inglesas – exceto a Tyrrell – em represália à desclassificação de Nelson Piquet e Keke Rosberg no GP do Brasil. Paletti largou na 13ª e penúltima posição no grid de 14 carros e completou apenas sete voltas.
Voltou a não se qualificar em Zolder e Mônaco e em Detroit, na caótica estreia da Capital Mundial do Automóvel no calendário da F-1, conseguiu lugar no grid enquanto Nelson Piquet, a bordo de sua Brabham BMW, ficou de fora. Mas um acidente no warm up tirou o italiano da corrida.
Aí veio o GP do Canadá, em Montreal. Nos treinos, Chico Serra e Raul Boesel foram protagonistas de uma lamentável cena de pugilato, com o piloto da Fittipaldi acusando o compatriota da March de tê-lo atrapalhado em sua tentativa de volta rápida. Serra não se qualificou para a corrida e Paletti, sim. De novo, com o 23º tempo entre 26 pilotos. Riccardo ficou feliz, porque era a antevéspera do seu aniversário e ele esperava terminar sua primeira corrida de Fórmula 1 – e comemorar com sua mãe, signora Giana Paletti, que levara ao circuito da Ilha de Nôtre-Dame para vê-lo correr.
Aquele 13 de junho de 1982, se me lembro bem, era o dia da abertura da Copa do Mundo de Futebol, na Espanha, com o confronto entre Bélgica e Argentina no Camp Nou, em Barcelona, que os belgas ganharam por 1 x 0. Com todo mundo – leia-se Luciano do Valle, Galvão Bueno e Carlos Valadares – nas transmissões da Globo, quem narraria a prova seria J. Hawilla, com Reginaldo Leme nos comentários.
Muito bem: a corrida entrou ao vivo e a largada foi autorizada. E aí aconteceu: a Ferrari 126 C2 do pole position Didier Pironi ficou parada na largada e todo mundo que vinha atrás tentou desviar do bólido estático. Nem todo mundo conseguiu: Raul Boesel pegou Pironi de raspão e noutra colisão, Eliseo Salazar, da ATS, bateu no Theodore de Geoff Lees. Riccardo Paletti, àquela altura preocupado em não estragar nada no carro na hora da largada e olhando no conta-giros, não se deu conta daquele carro crescendo à sua frente e encheu a traseira da Ferrari, a aproximadamente 170 km/h, em aceleração.
O Osella do italiano, ao contrário de alguns modelos da época, não era construído em fibra de carbono. E a posição do piloto era muito vulnerável em caso de uma batida frontal. Em suma, uma “cadeira elétrica”.
O socorro foi imediato. O Dr. Sid Watkins começou o pronto atendimento e verificou que Paletti estava inconsciente e com as pupilas dilatadas. A coluna de direção afundara seu tórax. O médico ouviu o barulho de líquidos se espalhando pelos destroços e aí aconteceu: o tanque de combustível se rompeu, provocando um incêndio rapidamente debelado pelos bombeiros.
Foram 28 minutos de angústia, até que Paletti fosse retirado já em estado crítico – e alguns dizem que morto – de dentro das ferragens do Osella. Levado de helicóptero para um hospital, Riccardo teve sua morte decretada por grave hemorragia interna.
Na véspera, a mãe, que dizia preferir ver o filho não se classificando para as corridas, dizia que queria apenas a felicidade do jovem Riccardo. Infelizmente, a festa prevista para dois dias depois transformou-se numa tragédia – mais uma – que ensombrou aquele triste ano de 1982.
Uma hora e meia depois, foi dada uma nova largada e Nelson Piquet ganhou o GP do Canadá, apagando totalmente a desilusão da desclassificação em Detroit. Mas não houve nada a comemorar naquele 13 de junho.
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