Kimi Raikkonen - Ferrari
Amigos leitores, estamos na quarta semana de 2008 e as todas as grandes equipes mostraram as armas com as quais irão lutar pelo campeonato. Pela prévia que tivemos em 2007, de um campeonato competitivo com três pilotos chegando à última etapa com condições de disputar o campeonato, 2008 tem a missão de ser igual, ou melhor. É isso que espera a FIA para continuar a ter uma audiência extrema em todos os continentes. É isso que apostam os patrocinadores que expõe suas marcas 17 vezes por ano para o mundo todo. É isso que apostam os repórteres que se deliciaram com escândalos, brigas de ego e tiveram assunto para preencher tablóides. É isso que espera o público, que nos últimos anos sempre viu a superioridade de Michael Schumacher. Mas, sem trocadilhos, se analisarmos friamente a situação, teremos um cenário não muito favorável para obter a tão sonhada temporada com oito carros disputando vitórias. Comecemos de baixo para cima para que possamos entender o que acontece na Fórmula 1 em 2008.
A Renault, quarta força do ano passado, aposta todas as fichas nos tão falados sete décimos que Fernando Alonso levou para a McLaren. Certamente o piloto já provou do que é capaz na categoria vencendo Michael Schumacher em uma equipe cujo último título foi com o próprio Schumacher em 1995, 10 anos depois. O espanhol provou que tem liderança, talento e frieza, pois em seus dois títulos abriu muita vantagem quando tinha um equipamento melhor e administrou a diferença até o final. Foi com Kimi Raikkönen em 2005 e com Schumacher em 2006. Mas o ano do espanhol não começa muito confiante. A Renault diz que resolveu o problema com os pneus Bridgestone e que o R28, modelo com o qual disputará a temporada de 2008, foi pensado desde julho do ano passado. A confiança terá de ser transmitida nas primeiras corridas. Vale lembrar que a McLaren de 2006 também não venceu nenhuma corrida. Mesmo assim, Alonso já diz que espera um ano de recuperação para a Renault e, praticamente, joga a toalha quando o assunto é o título mundial. Pelo contrário, Alonso diz temer que os maus resultados o façam perder a motivação. Para Piquet, o que resta é sentar no assento de número 6 e tentar acompanhar o espanhol, que terá toda a atenção necessária. É impensável que uma equipe que necessita se reerguer, dê igualdade de condições para que seus pilotos briguem entre si. Eles precisam se ajudar, trocar informações e serem parceiros de equipe, para que a mesma volte ao topo e deixe de coadjuvar.
A BMW, terceira força de 2007, precisa dar um upgrade na sua escalada rumo ao topo. A equipe veio sempre com propostas humildes e maduras, mas diferentemente de equipes como Toyota e Honda, vem cumprindo o cronograma, ou seja, a antiga Sauber era uma equipe média em 2005, em 2006 começou a faturar pontos com freqüência, em 2007 foi a terceira maior força, tendo o quinto e sexto lugares praticamente garantidos. A meta de 2008 é se aproximar de Ferrari e McLaren e obter a primeira vitória. Se isto se cumprir, a BMW entra na briga pelo título em 2009. Há quem diga que falta na equipe um piloto vencedor. Kubica vem sendo o grande nome da equipe, mas convenhamos, perdeu de longe de Nick Heidfeld no ano passado. O alemão sim parece ser a aposta do time alemão, afinal, é a prata da casa. Heidfeld não tem pinta de vencedor, mas está errando pouco, teve resultados expressivos e andou no limite do carro quando pôde, como andou com parcimônia quando não havia mais o que fazer.
A McLaren vem de um ano conturbado, leva na carenagem o resultado de uma falha de caráter, os números 22 e 23, mas ainda é a grande rival da Ferrari. Se levarmos em consideração que sete décimos seriam virtualmente retirados com a saída de Alonso, a briga pelo título já seria descartada, mas a equipe diz que resolveu problemas em pistas como Austrália e Brasil, onde a Ferrari foi extremamente superior, e tem a estrela Lewis Hamilton, cujo único objetivo é ser campeão mundial. Eis o problema de obter tudo muito cedo, no seu primeiro ano, Hamilton sentiu o prazer da primeira vitória, da primeira disputa interna, de ser líder do mundial e de ser vice-campeão. Tornou-se celebridade internacional e carrega nos ombros a responsabilidade de dar o título que a McLaren apostava que obtivesse com Fernando Alonso. A equipe trocou a certeza pela aposta. Trocou, mesmo sendo clichê, o certo pelo duvidoso. Diria até que, assim como a Ferrari não fazia questão de ter o título com Irvine em 1999, preterindo Schumacher, a McLaren não fez questão de ter o título com Alonso, preterindo que o título fosse 100% inglês, mesmo sendo a Fórmula 1 uma grande Torre de Babel, mesmo que os motores sejam alemães, o patriotismo da terra da rainha continua intacto. Além dos tão falados sete décimos, a McLaren poderá ter outro problema: Heikki Kovalainen. Há quem diga que o finlandês veio fazer figuração no carro 23, mas eu não diria isso. Kovalainen vem da terra que gerou, nos últimos dez anos, dois campeões mundiais e três títulos, mas como o solo pátrio não gera talento, vejamos pelo lado político. Kovalainen terá na equipe um grande padrinho, figura simpática e simbólica, porém respeitada na equipe de Wooking, Mika Hakkinen, e enquanto Fernando Alonso brigava sozinho em 2007, Kovalainen possuirá aliados.
Diante do cenário incerto das demais equipes nós temos uma certeza na Fórmula 1 2008, a Ferrari já entra como favorita. Enquanto as demais equipes são incógnitas, ou pela sua falta de experiência ou pelo troca-troca de pilotos, a Ferrari tem o mesmo staff técnico de 2007 que a levou ao campeonato mundial. As mudanças ocorreram de forma gradativa e nada radical. Ross Brown saiu em 2006 com Schumacher, mas a cabeça pensante de Jean Todt segurou o barco, saindo em 2007 com o título e deixando o Stefano Domenicalli com o cargo confortável, em que participou todo o ano passado. Além disso possuem dois pilotos talentosos e o ar de grande família italiana, mesmo que mafiosa, paira na equipe de Maranello, fazendo com que todos pareçam felizes 24 horas por dia. Diria eu que a Ferrari é a equipe com mais visão de futuro da Fórmula 1, ela aposta na continuidade. Foi-se Schumacher e Brown, ficou Todt e Massa, veio Raikkonen, fechou-se o cerco, foram campeões. Certamente a tática deu e continuará dando certo. A Ferrari tem a situação mais cômoda do grid, sem grandes surpresas, sem grandes alardes, sem briga interna, sem ter de se recuperar. Raikkonen é o grande nome e Massa terá muito trabalho, pois precisa provar que pode.
Com tudo o que foi exposto, infelizmente eu estou prevendo um campeonato em que haverá a briga de dois carros vermelhos, isso se a Ferrari não preterir o finlandês, e outros seis carros se degladeando para ver quem será a segunda força de 2008.
Sinceramente, espero estar errado, pois a era do gelo costuma ser extensa.
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