sexta-feira, 4 de outubro de 2013

“Aqui é trabalho, meu filho!”*

* Por Luis Fernando Ramos


Toda semana é a mesma coisa. No twitter, Fernando Alonso fica contabilizando quantos quilômetros pedalou, quantos correu e quantas horas passou no simulador se preparando para a corrida seguinte. Compartilha elogios recebidos de torcedores por sua dedicação ao trabalho, se banha e se lambuza no espelho que é os olhos de outras pessoas afirmando o quanto ele é bom.

Já Sebastian Vettel recebe vaias no pódio e não está nem aí com isso.

O alemão não faz uso das mídias sociais, diz preferir o contato direto com as pessoas. Não faz média com os torcedores e talvez more aí a razão das manifestações negativas que aconteceram recentemente depois de vitórias suas. Vettel, no fundo, só tem um compromisso: o trabalho.

Quando viaja para um grande prêmio, no conforto da primeira classe de um voo, ele passa a maior parte do tempo estudando dados, comparando telemetrias, estudando vídeos onboard. Nos finais de semana de corrida, é sempre um dos últimos a deixar o autódromo todos os dias. Depois de longas discussões com os engenheiros da Red Bull, ainda encontra tempo para ir falar com os da Pirelli sobre o comportamento dos pneus. Terminado o GP de Cingapura, pegou o primeiro voo para a Inglaterra e passou o dia sentado no simulador se preparando para a corrida da Coreia.

Essa maneira de trabalhar metódica é a raiz de seu impressionante domínio atual e ele não esconde isso.

- A diferença mora nos detalhes. Enquanto os outros já estão enfiando o saco dentro de uma piscina de hotel, continuamos fuçando no carro para extrair algo a mais. Isto faz diferença num final de semana e também num campeonato inteiro - disse o piloto com desconcertante sinceridade depois de sua vitória esmagadora em Cingapura.

Ter o carinho da torcida é legal, mas quando isso vira um dos pontos centrais do seu trabalho, a imagem acaba ficando mais polida que o piloto. E o caminho do sucesso não é este.

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