sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Massa na Williams significa Maldonado indo para a Lotus*
* Por Luis Fernando Ramos
Foi com pouquíssimas horas de sono, fruto de uma viagem longa que me deixou no hotel em Greater Noida às seis e meia da manhã, que vim ontem ao circuito de Buddh preparado para um dia que prometia ser agitado. A informação dada pelo colega Américo Teixeira Jr, um jornalista com muitos contatos nos bastidores do automobilismo, do acordo de cinco anos entre Felipe Massa e a equipe Williams gerou bastante agito no paddock, como esperado.
Já na extensa entrevista que fizemos com o piloto em Cingapura, a primeira corrida após confirmada sua saída da Ferrari, Massa havia colocado a Williams em sua lista de opções para 2014. Curiosamente, na ocasião ele mencionou o time espontaneamente. Vejamos:
PERGUNTA: Você disse que queria um carro que lhe trouxesse vitórias. Considerando o grid deste ano, quatro equipes venceram – e, entre elas, só a Lotus tem vaga. A McLaren também pode voltar a vencer caso resolva seus problemas. Seriam só essas duas possibilidades?
FELIPE MASSA: Não sei se são essas duas. Há outras equipes cujas fábricas têm potencial para fazer um carro competitivo também. Por exemplo uma Williams [pausa], Force Índia, Sauber. Não sei. Estamos trabalhando para achar o melhor caminho possível.
Ontem foi interessante ouvir aqui no circuito de Buddh todos os personagens envolvidos na negociação e apurar nos bastidores o estágio dela. Me chamou a atenção a sintonia entre o discurso da chefe do time inglês, Claire Williams, e o do piloto brasileiro.
Claire: “Estamos num ponto da temporada que não anunciamos nossa dupla de pilotos e nem estamos em posição de fazer isso, então não posso comentar sobre esses rumores. É especulação pura” - me disse ela, antes de fazer depoimento um tanto positivo sobre a história de pilotos brasileiros na Williams.
Massa: “Converso com algumas equipes, inclusive a Williams, mas não é a hora certa de falar. Quando for o momento certo, vou falar. Não acho que vai demorar muito, espero ter uma definição o mais rápido possível”.
Os indícios de uma conversa bem encaminhada estão ali, mas as pontuações sobre a impossibilidade de confirmar a informação e a maneira com que ambos falaram isso me deram a impressão de que era mais do que uma negativa esperada antes do anúncio oficial: era um sinal de que ainda haviam alguns pontos a serem esclarecidos. Um namoro sério, mas que ainda não havia sido lavrado em cartório. Isso se confirmou depois: ainda ontem, os representantes do piloto e a direção do time se sentaram no circuito para uma nova rodada de conversas. Ainda faltava uma peça para encaixar no quebra-cabeça.
O nome dela é Pastor Maldonado. Para mim, foi a entrevista mais reveladora da quinta aqui na Índia. Eu disse à ele que havia a notícia de um acordo fechado de Massa na Williams para substituí-lo e que, como ambos tinham o mesmo empresário, ele saberia exatamente o que estava acontecendo.
“A situação é bem clara. Eu tenho um contrato com a Williams para 2014 e ainda não decidimos o que vamos fazer para a próxima temporada. Se eu decidir sair, alguém tem de entrar na equipe. Para o Felipe, desejo o melhor, assim como para o Brasil, que tem torcedores fanáticos. A decisão ainda não foi tomada e temos de esperar os próximos dias. Mas com certeza estarei na Fórmula 1 no ano que vem”. Insisti: “certeza absoluta?” Ele foi incisivo: “Absoluta”.
Pouco antes, na conversas com a televisão, o repórter da Globo Marcelo Courrege perguntou a Maldonado qual era o desejo dele para o ano que vem, ficar na Williams ou ir para outra equipe? “O que eu quero é um carro um pouco mais competitivo para lutar pelos pontos”. Me parece óbvio que ele quer sair do time de Grove mas que, se não conseguir, vai ficar por lá.
Assim, para Massa entrar na Williams, Maldonado terá de sair. A chave era olhar não para a situação do brasileiro, mas a do venezuelano. É claro que Nicolas Todt não iria jogar na sarjeta um piloto seu, Pastor, em favor de outro, Felipe. Era preciso costurar um acordo que deixasse ambos os satisfeitos.
Massa, como também afirmou ontem, não trará dinheiro. “Não sou um piloto pagante”, afirmou. Maldonado, sabemos, traz. E, aparentemente, muito. Foi importante entender ontem que o apoio que ele recebe da PDVSA não é afetado pela investigação de corrupção lançada na Venezuela. Alguns pilotos do país realmente se aproveitaram de subterfúgios para superfaturar contratos de patrocínio. Mas o da petrolífera local na Fórmula 1, garantiram todo mundo que ouvi, é sólido.
O que ganhou força aqui na Índia nas últimas horas é que Pastor Maldonado está perto de se acertar com a Lotus. A PDVSA garantiria o suporte financeiro que a equipe de Enstone tanto necessita e, por ter contrato com a Williams até 2015, permaneceria pagando também lá (se é a soma integral do acordado ou apenas parte, não sei). E, aí entra o trabalho de Nicolas Todt: a petrolífera indicaria Massa como substituto do venezuelano. Outros pilotos também conversam com o time inglês, mas este argumento ajuda a colocar o brasileiro acima de todos eles.
Juntando todas as informações acima: a do Américo, a dos personagens envolvidos, as ouvidas de boas fontes aqui na Índia. Massa está muito bem encaminhado com a Williams, os principais pontos foram acordados, mas não há um acerto formal ainda - e este seria de dois anos de duração, não de cinco, de acordo com as fontes que ouvi. A assinatura de um contrato depende de um eventual acerto de Pastor Maldonado com a Lotus - ou eventualmente com uma Force Índia, mas o time de Enstone é o alvo principal do venezuelano. Pelo que ouvi de boas fontes, Eric Boullier é contra. Prefere (com absoluta razão) que o time se acerte com Nico Hülkenberg. Mas o dono do time Gerard Lopez é um homem de negócios e está inclinado em apostar na segurança financeira que Maldonado traria, uma vez que o dinheiro prometido do grupo de investimentos Infinity parece que não vai chegar.
É de se esperar que o desejo do dono da Lotus prevaleça sobre o do chefe da equipe. Neste cenário, o pobre Hülkenberg, que tem qualidade suficiente para estar num time de ponta há tempos, deve voltar para a Force Índia, algo que Eddie Jordan afirmara já em Suzuka.
Como disse Pastor Maldonado, temos de esperar os próximos dias. Pela efervescência dos bastidores aqui no paddock, não deve mesmo ir muito além disso.
Foi com pouquíssimas horas de sono, fruto de uma viagem longa que me deixou no hotel em Greater Noida às seis e meia da manhã, que vim ontem ao circuito de Buddh preparado para um dia que prometia ser agitado. A informação dada pelo colega Américo Teixeira Jr, um jornalista com muitos contatos nos bastidores do automobilismo, do acordo de cinco anos entre Felipe Massa e a equipe Williams gerou bastante agito no paddock, como esperado.
Já na extensa entrevista que fizemos com o piloto em Cingapura, a primeira corrida após confirmada sua saída da Ferrari, Massa havia colocado a Williams em sua lista de opções para 2014. Curiosamente, na ocasião ele mencionou o time espontaneamente. Vejamos:
PERGUNTA: Você disse que queria um carro que lhe trouxesse vitórias. Considerando o grid deste ano, quatro equipes venceram – e, entre elas, só a Lotus tem vaga. A McLaren também pode voltar a vencer caso resolva seus problemas. Seriam só essas duas possibilidades?
FELIPE MASSA: Não sei se são essas duas. Há outras equipes cujas fábricas têm potencial para fazer um carro competitivo também. Por exemplo uma Williams [pausa], Force Índia, Sauber. Não sei. Estamos trabalhando para achar o melhor caminho possível.
Ontem foi interessante ouvir aqui no circuito de Buddh todos os personagens envolvidos na negociação e apurar nos bastidores o estágio dela. Me chamou a atenção a sintonia entre o discurso da chefe do time inglês, Claire Williams, e o do piloto brasileiro.
Claire: “Estamos num ponto da temporada que não anunciamos nossa dupla de pilotos e nem estamos em posição de fazer isso, então não posso comentar sobre esses rumores. É especulação pura” - me disse ela, antes de fazer depoimento um tanto positivo sobre a história de pilotos brasileiros na Williams.
Massa: “Converso com algumas equipes, inclusive a Williams, mas não é a hora certa de falar. Quando for o momento certo, vou falar. Não acho que vai demorar muito, espero ter uma definição o mais rápido possível”.
Os indícios de uma conversa bem encaminhada estão ali, mas as pontuações sobre a impossibilidade de confirmar a informação e a maneira com que ambos falaram isso me deram a impressão de que era mais do que uma negativa esperada antes do anúncio oficial: era um sinal de que ainda haviam alguns pontos a serem esclarecidos. Um namoro sério, mas que ainda não havia sido lavrado em cartório. Isso se confirmou depois: ainda ontem, os representantes do piloto e a direção do time se sentaram no circuito para uma nova rodada de conversas. Ainda faltava uma peça para encaixar no quebra-cabeça.
O nome dela é Pastor Maldonado. Para mim, foi a entrevista mais reveladora da quinta aqui na Índia. Eu disse à ele que havia a notícia de um acordo fechado de Massa na Williams para substituí-lo e que, como ambos tinham o mesmo empresário, ele saberia exatamente o que estava acontecendo.
“A situação é bem clara. Eu tenho um contrato com a Williams para 2014 e ainda não decidimos o que vamos fazer para a próxima temporada. Se eu decidir sair, alguém tem de entrar na equipe. Para o Felipe, desejo o melhor, assim como para o Brasil, que tem torcedores fanáticos. A decisão ainda não foi tomada e temos de esperar os próximos dias. Mas com certeza estarei na Fórmula 1 no ano que vem”. Insisti: “certeza absoluta?” Ele foi incisivo: “Absoluta”.
Pouco antes, na conversas com a televisão, o repórter da Globo Marcelo Courrege perguntou a Maldonado qual era o desejo dele para o ano que vem, ficar na Williams ou ir para outra equipe? “O que eu quero é um carro um pouco mais competitivo para lutar pelos pontos”. Me parece óbvio que ele quer sair do time de Grove mas que, se não conseguir, vai ficar por lá.
Assim, para Massa entrar na Williams, Maldonado terá de sair. A chave era olhar não para a situação do brasileiro, mas a do venezuelano. É claro que Nicolas Todt não iria jogar na sarjeta um piloto seu, Pastor, em favor de outro, Felipe. Era preciso costurar um acordo que deixasse ambos os satisfeitos.
Massa, como também afirmou ontem, não trará dinheiro. “Não sou um piloto pagante”, afirmou. Maldonado, sabemos, traz. E, aparentemente, muito. Foi importante entender ontem que o apoio que ele recebe da PDVSA não é afetado pela investigação de corrupção lançada na Venezuela. Alguns pilotos do país realmente se aproveitaram de subterfúgios para superfaturar contratos de patrocínio. Mas o da petrolífera local na Fórmula 1, garantiram todo mundo que ouvi, é sólido.
O que ganhou força aqui na Índia nas últimas horas é que Pastor Maldonado está perto de se acertar com a Lotus. A PDVSA garantiria o suporte financeiro que a equipe de Enstone tanto necessita e, por ter contrato com a Williams até 2015, permaneceria pagando também lá (se é a soma integral do acordado ou apenas parte, não sei). E, aí entra o trabalho de Nicolas Todt: a petrolífera indicaria Massa como substituto do venezuelano. Outros pilotos também conversam com o time inglês, mas este argumento ajuda a colocar o brasileiro acima de todos eles.
Juntando todas as informações acima: a do Américo, a dos personagens envolvidos, as ouvidas de boas fontes aqui na Índia. Massa está muito bem encaminhado com a Williams, os principais pontos foram acordados, mas não há um acerto formal ainda - e este seria de dois anos de duração, não de cinco, de acordo com as fontes que ouvi. A assinatura de um contrato depende de um eventual acerto de Pastor Maldonado com a Lotus - ou eventualmente com uma Force Índia, mas o time de Enstone é o alvo principal do venezuelano. Pelo que ouvi de boas fontes, Eric Boullier é contra. Prefere (com absoluta razão) que o time se acerte com Nico Hülkenberg. Mas o dono do time Gerard Lopez é um homem de negócios e está inclinado em apostar na segurança financeira que Maldonado traria, uma vez que o dinheiro prometido do grupo de investimentos Infinity parece que não vai chegar.
É de se esperar que o desejo do dono da Lotus prevaleça sobre o do chefe da equipe. Neste cenário, o pobre Hülkenberg, que tem qualidade suficiente para estar num time de ponta há tempos, deve voltar para a Force Índia, algo que Eddie Jordan afirmara já em Suzuka.
Como disse Pastor Maldonado, temos de esperar os próximos dias. Pela efervescência dos bastidores aqui no paddock, não deve mesmo ir muito além disso.
Marcadores:
Felipe Massa,
GGOO,
Lotus,
PASTOR MALDONADO,
temporada 2014,
Williams
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário