segunda-feira, 28 de outubro de 2013
ÍNDIA SEUS CABELOS*
* Por Victor Martins
Gênio. Vettel é gênio. É supremo. É um daqueles seres que a gente aplica aquele rótulo de que nasceu para a coisa. É o cara que mais sabe guiar um carro de corrida. Que transforma as corridas em algo de certa forma maçante e previsível de se acompanhar. Inteligente, calculista, decidido, perspicaz, carismático, um atleta completo. Merecedor de seus quatro títulos e dos outros que vierem. Merecedor de faturar o campeonato com uma vitória, a sexta seguida, a invencibilidade depois das férias, o nerd que coloca a sala no bolso porque sabe, com seu grupo, fazer a lição de casa e prestar atenção na aula para ficar tranquilo no bimestre final. Merecedor do mundo.
Das suas inúmeras qualidades rumo ao triunfo, transbordam duas em Vettel: a primeira é o fato de andar em ritmo de classificação quando está na ponta de uma corrida nas primeiras voltas. De cara, abre uma distância maior que 1 segundo para evitar o concorrente que vem atrás tenha o prêmio da asa aberta para, então, controlar a distância com maestria; a outra é a capacidade de se livrar dos concorrentes sem nenhum esforço. É um simplesmente chegar e passar no momento certo – no caso de Buddh, era o final do retão oposto. Tal fato é verificado na diferença de tempos depois que Massa, que se surgiu como seu principal rival, após as primeiras paradas de ambos. Felipe conseguiu voltar à pista pouco mais de 2 segundos atrás do alemão; giros depois, a distância tinha pulado para 12 com facilidade. Também porque o brasileiro tem dificuldade figadal em ultrapassar – precisou Gutiérrez tomar uma punição para ter vida livre.
Vettel guia como poucos, como os grandes, e novamente a tecla do despeito de seus detratores volta a ser tocada. Há alguns comentários nas redes de que Seb é “o campeão mais sem graça da história”, que é “trapaceiro”, e, claro, aquela velha ladainha de que só ganha porque tem carro bom. Bom, se alguém quer graça, vai num show de stand-up que já cura seu mal, fio. E não tem como considerar sem graça alguém que subverte as ordens da equipe de baixar o ritmo só para encaixar a volta mais rápida, ou ainda, que manda as regras chatas e burocráticas desta FIA e vai lá dar zerinho para comemorar o campeonato e se ajoelhar diante da máquina que completa seu ser. Ou que faz o sinal tipicamente indiano de juntar as mãos no pódio em respeito àquela gente que o aplaudia sem parar. Sobre trapaça, meu caro, a única mácula de sua carreira é o GP da Malásia deste ano. E aos que continuam ervilhescamente pensando na questão do carro imbatível, sugiro um chá antichorume para cura do recalque.
Também tem a questão do cuidado e do baile que tenta se dar em não colocar Vettel como um dos grandes. Acordem: ele já é maior que Senna. “Ai, que absurdo, como você é ridículo, como ousa falar isso do nosso Ayrton, do deus?”. Sossega, viúva: é uma questão lógica e matemática: quatro títulos de um, três de outro. Se você acha para todo e sempre que Senna vai ser melhor do que qualquer ser da galáxia que tenha uma carteira de motorista, aí é contigo. Melhor, entenda, é meramente opinativo. Vettel é tão bom quanto Senna, age como agia o brasileiro, interessa-se pelos dados de telemetria, pelo funcionamento das peças, estuda, vai à sede da fabricante de pneus para entender o funcionamento, é obcecado. Por que que ele não pode ser o melhor? Porque ele nasceu na Alemanha? Por que ele não tinha uma emissora a seu dispor para mitificá-lo? Ou por que nós temos uma tendência de nos agarrarmos ao passado e aos dogmas que parece impor de que alguém é imbatível?
Quando surgiu Pete Sampras, o mundo do tênis asseverou que jamais existiria um ser com uma raquete na mão capaz de bater numa bola amarela de tal forma. Daí veio Roger Federer – e pode ser que Rafael Nadal o supere. Michael Johnson era o rei do atletismo, o homem que fazia 200 e 400 metros que só seria superado se liberassem as substâncias dopantes. Tá aí Usain Bolt, meu bom. Michael Jordan nunca teria alguém engraxando seus pés no basquete, mas LeBron James e Kobe Bryant estão na área. Pelé? “Ah, não, você vai cometer a ousadia de desbancar nosso Edson?” E por que too mundo tem de aceitar a certeza universal cultivada por décadas, engoli-la caladinho e renegar o que joga esse extraterrestre Messi sem cogitar que ele se torne o top do top? Do jeito que Vettel guia e com a velocidade que ganha corridas e títulos, Vettel será o maior – passando Schumacher – e o melhor. “Mas os tempos são outros”. Sim, claro, o mundo evoluiu, ainda bem. E até por isso, seria bom evoluir também o pensamento.
Senão as vaias que Vettel recebeu injustamente nas provas que dominou podem se aplicar muito bem ao espelho de quem teima em não aceitar o óbvio.
Gênio. Vettel é gênio. É supremo. É um daqueles seres que a gente aplica aquele rótulo de que nasceu para a coisa. É o cara que mais sabe guiar um carro de corrida. Que transforma as corridas em algo de certa forma maçante e previsível de se acompanhar. Inteligente, calculista, decidido, perspicaz, carismático, um atleta completo. Merecedor de seus quatro títulos e dos outros que vierem. Merecedor de faturar o campeonato com uma vitória, a sexta seguida, a invencibilidade depois das férias, o nerd que coloca a sala no bolso porque sabe, com seu grupo, fazer a lição de casa e prestar atenção na aula para ficar tranquilo no bimestre final. Merecedor do mundo.
Das suas inúmeras qualidades rumo ao triunfo, transbordam duas em Vettel: a primeira é o fato de andar em ritmo de classificação quando está na ponta de uma corrida nas primeiras voltas. De cara, abre uma distância maior que 1 segundo para evitar o concorrente que vem atrás tenha o prêmio da asa aberta para, então, controlar a distância com maestria; a outra é a capacidade de se livrar dos concorrentes sem nenhum esforço. É um simplesmente chegar e passar no momento certo – no caso de Buddh, era o final do retão oposto. Tal fato é verificado na diferença de tempos depois que Massa, que se surgiu como seu principal rival, após as primeiras paradas de ambos. Felipe conseguiu voltar à pista pouco mais de 2 segundos atrás do alemão; giros depois, a distância tinha pulado para 12 com facilidade. Também porque o brasileiro tem dificuldade figadal em ultrapassar – precisou Gutiérrez tomar uma punição para ter vida livre.
Vettel guia como poucos, como os grandes, e novamente a tecla do despeito de seus detratores volta a ser tocada. Há alguns comentários nas redes de que Seb é “o campeão mais sem graça da história”, que é “trapaceiro”, e, claro, aquela velha ladainha de que só ganha porque tem carro bom. Bom, se alguém quer graça, vai num show de stand-up que já cura seu mal, fio. E não tem como considerar sem graça alguém que subverte as ordens da equipe de baixar o ritmo só para encaixar a volta mais rápida, ou ainda, que manda as regras chatas e burocráticas desta FIA e vai lá dar zerinho para comemorar o campeonato e se ajoelhar diante da máquina que completa seu ser. Ou que faz o sinal tipicamente indiano de juntar as mãos no pódio em respeito àquela gente que o aplaudia sem parar. Sobre trapaça, meu caro, a única mácula de sua carreira é o GP da Malásia deste ano. E aos que continuam ervilhescamente pensando na questão do carro imbatível, sugiro um chá antichorume para cura do recalque.
Também tem a questão do cuidado e do baile que tenta se dar em não colocar Vettel como um dos grandes. Acordem: ele já é maior que Senna. “Ai, que absurdo, como você é ridículo, como ousa falar isso do nosso Ayrton, do deus?”. Sossega, viúva: é uma questão lógica e matemática: quatro títulos de um, três de outro. Se você acha para todo e sempre que Senna vai ser melhor do que qualquer ser da galáxia que tenha uma carteira de motorista, aí é contigo. Melhor, entenda, é meramente opinativo. Vettel é tão bom quanto Senna, age como agia o brasileiro, interessa-se pelos dados de telemetria, pelo funcionamento das peças, estuda, vai à sede da fabricante de pneus para entender o funcionamento, é obcecado. Por que que ele não pode ser o melhor? Porque ele nasceu na Alemanha? Por que ele não tinha uma emissora a seu dispor para mitificá-lo? Ou por que nós temos uma tendência de nos agarrarmos ao passado e aos dogmas que parece impor de que alguém é imbatível?
Quando surgiu Pete Sampras, o mundo do tênis asseverou que jamais existiria um ser com uma raquete na mão capaz de bater numa bola amarela de tal forma. Daí veio Roger Federer – e pode ser que Rafael Nadal o supere. Michael Johnson era o rei do atletismo, o homem que fazia 200 e 400 metros que só seria superado se liberassem as substâncias dopantes. Tá aí Usain Bolt, meu bom. Michael Jordan nunca teria alguém engraxando seus pés no basquete, mas LeBron James e Kobe Bryant estão na área. Pelé? “Ah, não, você vai cometer a ousadia de desbancar nosso Edson?” E por que too mundo tem de aceitar a certeza universal cultivada por décadas, engoli-la caladinho e renegar o que joga esse extraterrestre Messi sem cogitar que ele se torne o top do top? Do jeito que Vettel guia e com a velocidade que ganha corridas e títulos, Vettel será o maior – passando Schumacher – e o melhor. “Mas os tempos são outros”. Sim, claro, o mundo evoluiu, ainda bem. E até por isso, seria bom evoluir também o pensamento.
Senão as vaias que Vettel recebeu injustamente nas provas que dominou podem se aplicar muito bem ao espelho de quem teima em não aceitar o óbvio.
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