quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Avanço da Mercedes sugere uma segunda metade de campeonato sensacional*
* Por Lívio Oricchio
Os números abaixo me levaram a redigir o texto a seguir.
Em 2010, a Mercedes regressou à Fórmula 1, depois de ter disputado as distantes temporadas de 1954 e 1955. Juan Manuel Fangio começou o campeonato com a marca alemã, transferiu-se para a Maserati e conquistou o título. Em 1955, competiu apenas pela Mercedes e de novo foi campeão.
No primeiro ano da volta à Fórmula 1, há três temporadas, a Mercedes terminou o Mundial de Construtores com 214 pontos, na quarta colocação, enquanto a Red Bull venceu o campeonato com 498. Em 2011, nova quarta colocação, 164 pontos, diante de impressionantes 650 da campeã, a Red Bull. A participação da Mercedes no último Mundial foi a pior: 142 pontos, apenas, quinto lugar, enquanto a Red Bull levou o tricampeonato com 460.
Nesse período de três anos a Mercedes obteve três pódios em 2010 com Nico Rosberg, nenhum em 2011, e quatro no ano passado, sendo três de Rosberg e apenas um de Michael Schumacher, o único nos três anos desde o retorno à competição, junto da Mercedes. Apesar do baixo número de pontos em 2012, a Mercedes conseguiu com Rosberg a primeira pole e a prmeira vitória, na China.
O texto:
Duas perguntas básicas: qual o piloto que mais marcou pontos nas três últimas etapas do campeonato? A outra: que equipe venceu três das últimas cinco provas do Mundial?
Se você respondeu Sebastian Vettel para a primeira e Red Bull para a segunda, conforme o histórico das três temporadas recentes da Fórmula 1, com o tricampeonato de Vettel e sua escuderia, saiba que as duas respostas estão absolutamente erradas.
E a resposta da primeira tampouco contempla outros dois candidatos ao título deste ano, ambos com vitória no atual campeonato: Kimi Raikkonen, da Lotus, e Fernando Alonso, Ferrari. Mais: não foram Red Bull, Lotus e Ferrari que ganharam três das cinco ultimas corridas.
As respostas corretas são, surpreendentemente, Lewis Hamilton e Mercedes. Verdade, contra a lógica da competição. A Mercedes mais se caracterizou nos últimos três anos, desde a volta à Fórmula 1, em 2010, como uma organização que gastava muito mas produzia pouco. Os números estão aí para não desmentir quem pensava dessa forma.
Seu momento, contudo, é outro, oposto ao experimentado até ainda a quinta etapa do campeonato deste ano. E o mais impressionante nesse avanço repentino da Mercedes é a perspectiva de sua trajetória na segunda metade do campeonato: os adversários que se cuidem.
O próximo GP é o da Bélgica, 11.º do calendário, dia 25, no lendário circuito Spa-Francorchamps. “Estamos transformando nossas pole positions em vitórias”, afirma Ross Brawn, diretor técnico da Mercedes.
O modelo W04 demonstrou ser desde os testes da pré-temporada muito veloz, mas administrava mal o desgaste dos pneus Pirelli, concebidos para ter breve vida útil e tornar as corridas menos previsíveis.
A prova de Budapeste pode ser para o time de Lewis Hamilton e Nico Rosberg um divisor de águas. O piloto inglês explicou, depois da brilhante vitória, domingo, a primeira com o time alemão: “Se aqui na Hungria, com 35 graus de temperatura e o asfalto a 55, nós não tivemos problemas com os pneus depois do primeiro, segundo e terceiro pit stops, creio que resolvemos nossos dificuldades”, afirmou Hamilton, eufórico.
A organização alemã vem respondendo a todas as críticas recebidas com resultados. Por exemplo: mesmo dentro da Fórmula 1 poucos compreenderam a Mercedes contratar quatro ex-diretores técnicos de outros times: Bob Bell, ex-Renault, Aldo Costa, ex-Ferrari, Geoff Willis, ex-Red Bull, e agora Paddy Lowe, ex-McLaren, além do coordenador de todos, Ross Brawn, campeão com Michael Schumacher na Benetton e na Ferrari. É muito cacique para pouco índio, se diz na Fórmula 1, nos vários idiomas falados na competição.
“Temos projetos ambiciosos para este ano e os próximos. Com a mudança radical do regulamento de 2014 nos organizamos de forma a cada técnico dedicar-se, essencialmente, a um projeto ou área dele”, explicou Brawn ao Estado, este ano, nos testes de inverno em Jerez de la Frontera. No modelo W04 deste ano, por exemplo, foi designado Aldo Costa.
“Nosso grupo de trabalho demonstrou grande criatividade este ano. Modificamos nosso carro e bem. Ainda é cedo para afirmar que resolvemos os problemas com o desgaste excessivo dos pneus, mas temos boas referências, como na Hungria, para acreditar que avançamos muito nesse trabalho”, analisa Brawn.
Ao contrário da Ferrari, cada componente novo incorporado no modelo W04 da Mercedes o tem melhorado. “Podemos dividir nossa participação neste Mundial entre o que fizemos nas cinco primeiras provas e o produzido nas cinco últimas”, comenta Brawn. “Os resultados recentes quantificam nosso desenvolvimento.”
Enquanto a Mercedes conta com profissionais experientes e com histórico de conquistas, a Ferrari trabalha com Louic Bigois, especialista em aerodinâmica contestadíssimo no meio, e o desconhecido Simone Resta para coordenar o projeto do F138. Isso também ajuda a explicar a escuderia de Hamilton e Rosberg andar rápido para a frente e a Ferrari marcar passo, a ponto de gerar uma crise com seu principal piloto, Fernando Alonso.
Ao falar da vitória em Budapeste, Hamilton abordou o clima na Mercedes: “Vivemos um grande momento. O grupo está muito unido e tenho certeza que este resultado vai estimulá-lo ainda mais”. Atribuiu parte do sucesso ao seu trabalho de indicar as direções a serem seguidas no desenvolvimento do modelo W04. Ele tem a experiência de ter conquistado o Mundial em 2008, pela McLaren.
Além de Hamilton, o alemão Rosberg vem surpreendendo. “Corri com Nico no kart e posso dizer que vencê-lo hoje tornou-se bem mais difícil”, comentou Hamilton, na Hungria. Rosberg já venceu duas provas este ano: a de Mônaco e da Grã-Bretanha.
O avanço da organização como um todo e o excelente momento de seus pilotos dão números animadores para as nove etapas que restam este ano: Hamilton ocupa a quarta colocação no Mundial de Pilotos, com 124 pontos, diante de 172 do líder, Vettel, 134 de Raikkonen e 133 de Alonso.
Na disputa dos Construtores, a Red Bull segue na frente com 277 pontos, mas a Mercedes já aparece em segundo, com 208, enquanto a Ferrari está em terceiro, 194, e a Lotus em quarto, 183.
Depois da imponente vitória de Hamilton no GP da Hungria, perguntaram se ele se sentia, agora, candidato ao título: “Ainda é cedo para responder, mas com o carro que temos penso que tudo pode acontecer”.
As cinco últimas corridas enviaram uma mensagem aos homens da Red Bull, Lotus e Ferrari: a Mercedes tem elevadas chances de se impor na segunda metade do campeonato. E, como disse Hamilton, “tudo pode acontecer” em termos de luta pelo título. Bom para a competição, que deve apresentar corridas ainda mais emocionates.
Os números abaixo me levaram a redigir o texto a seguir.
Em 2010, a Mercedes regressou à Fórmula 1, depois de ter disputado as distantes temporadas de 1954 e 1955. Juan Manuel Fangio começou o campeonato com a marca alemã, transferiu-se para a Maserati e conquistou o título. Em 1955, competiu apenas pela Mercedes e de novo foi campeão.
No primeiro ano da volta à Fórmula 1, há três temporadas, a Mercedes terminou o Mundial de Construtores com 214 pontos, na quarta colocação, enquanto a Red Bull venceu o campeonato com 498. Em 2011, nova quarta colocação, 164 pontos, diante de impressionantes 650 da campeã, a Red Bull. A participação da Mercedes no último Mundial foi a pior: 142 pontos, apenas, quinto lugar, enquanto a Red Bull levou o tricampeonato com 460.
Nesse período de três anos a Mercedes obteve três pódios em 2010 com Nico Rosberg, nenhum em 2011, e quatro no ano passado, sendo três de Rosberg e apenas um de Michael Schumacher, o único nos três anos desde o retorno à competição, junto da Mercedes. Apesar do baixo número de pontos em 2012, a Mercedes conseguiu com Rosberg a primeira pole e a prmeira vitória, na China.
O texto:
Duas perguntas básicas: qual o piloto que mais marcou pontos nas três últimas etapas do campeonato? A outra: que equipe venceu três das últimas cinco provas do Mundial?
Se você respondeu Sebastian Vettel para a primeira e Red Bull para a segunda, conforme o histórico das três temporadas recentes da Fórmula 1, com o tricampeonato de Vettel e sua escuderia, saiba que as duas respostas estão absolutamente erradas.
E a resposta da primeira tampouco contempla outros dois candidatos ao título deste ano, ambos com vitória no atual campeonato: Kimi Raikkonen, da Lotus, e Fernando Alonso, Ferrari. Mais: não foram Red Bull, Lotus e Ferrari que ganharam três das cinco ultimas corridas.
As respostas corretas são, surpreendentemente, Lewis Hamilton e Mercedes. Verdade, contra a lógica da competição. A Mercedes mais se caracterizou nos últimos três anos, desde a volta à Fórmula 1, em 2010, como uma organização que gastava muito mas produzia pouco. Os números estão aí para não desmentir quem pensava dessa forma.
Seu momento, contudo, é outro, oposto ao experimentado até ainda a quinta etapa do campeonato deste ano. E o mais impressionante nesse avanço repentino da Mercedes é a perspectiva de sua trajetória na segunda metade do campeonato: os adversários que se cuidem.
O próximo GP é o da Bélgica, 11.º do calendário, dia 25, no lendário circuito Spa-Francorchamps. “Estamos transformando nossas pole positions em vitórias”, afirma Ross Brawn, diretor técnico da Mercedes.
O modelo W04 demonstrou ser desde os testes da pré-temporada muito veloz, mas administrava mal o desgaste dos pneus Pirelli, concebidos para ter breve vida útil e tornar as corridas menos previsíveis.
A prova de Budapeste pode ser para o time de Lewis Hamilton e Nico Rosberg um divisor de águas. O piloto inglês explicou, depois da brilhante vitória, domingo, a primeira com o time alemão: “Se aqui na Hungria, com 35 graus de temperatura e o asfalto a 55, nós não tivemos problemas com os pneus depois do primeiro, segundo e terceiro pit stops, creio que resolvemos nossos dificuldades”, afirmou Hamilton, eufórico.
A organização alemã vem respondendo a todas as críticas recebidas com resultados. Por exemplo: mesmo dentro da Fórmula 1 poucos compreenderam a Mercedes contratar quatro ex-diretores técnicos de outros times: Bob Bell, ex-Renault, Aldo Costa, ex-Ferrari, Geoff Willis, ex-Red Bull, e agora Paddy Lowe, ex-McLaren, além do coordenador de todos, Ross Brawn, campeão com Michael Schumacher na Benetton e na Ferrari. É muito cacique para pouco índio, se diz na Fórmula 1, nos vários idiomas falados na competição.
“Temos projetos ambiciosos para este ano e os próximos. Com a mudança radical do regulamento de 2014 nos organizamos de forma a cada técnico dedicar-se, essencialmente, a um projeto ou área dele”, explicou Brawn ao Estado, este ano, nos testes de inverno em Jerez de la Frontera. No modelo W04 deste ano, por exemplo, foi designado Aldo Costa.
“Nosso grupo de trabalho demonstrou grande criatividade este ano. Modificamos nosso carro e bem. Ainda é cedo para afirmar que resolvemos os problemas com o desgaste excessivo dos pneus, mas temos boas referências, como na Hungria, para acreditar que avançamos muito nesse trabalho”, analisa Brawn.
Ao contrário da Ferrari, cada componente novo incorporado no modelo W04 da Mercedes o tem melhorado. “Podemos dividir nossa participação neste Mundial entre o que fizemos nas cinco primeiras provas e o produzido nas cinco últimas”, comenta Brawn. “Os resultados recentes quantificam nosso desenvolvimento.”
Enquanto a Mercedes conta com profissionais experientes e com histórico de conquistas, a Ferrari trabalha com Louic Bigois, especialista em aerodinâmica contestadíssimo no meio, e o desconhecido Simone Resta para coordenar o projeto do F138. Isso também ajuda a explicar a escuderia de Hamilton e Rosberg andar rápido para a frente e a Ferrari marcar passo, a ponto de gerar uma crise com seu principal piloto, Fernando Alonso.
Ao falar da vitória em Budapeste, Hamilton abordou o clima na Mercedes: “Vivemos um grande momento. O grupo está muito unido e tenho certeza que este resultado vai estimulá-lo ainda mais”. Atribuiu parte do sucesso ao seu trabalho de indicar as direções a serem seguidas no desenvolvimento do modelo W04. Ele tem a experiência de ter conquistado o Mundial em 2008, pela McLaren.
Além de Hamilton, o alemão Rosberg vem surpreendendo. “Corri com Nico no kart e posso dizer que vencê-lo hoje tornou-se bem mais difícil”, comentou Hamilton, na Hungria. Rosberg já venceu duas provas este ano: a de Mônaco e da Grã-Bretanha.
O avanço da organização como um todo e o excelente momento de seus pilotos dão números animadores para as nove etapas que restam este ano: Hamilton ocupa a quarta colocação no Mundial de Pilotos, com 124 pontos, diante de 172 do líder, Vettel, 134 de Raikkonen e 133 de Alonso.
Na disputa dos Construtores, a Red Bull segue na frente com 277 pontos, mas a Mercedes já aparece em segundo, com 208, enquanto a Ferrari está em terceiro, 194, e a Lotus em quarto, 183.
Depois da imponente vitória de Hamilton no GP da Hungria, perguntaram se ele se sentia, agora, candidato ao título: “Ainda é cedo para responder, mas com o carro que temos penso que tudo pode acontecer”.
As cinco últimas corridas enviaram uma mensagem aos homens da Red Bull, Lotus e Ferrari: a Mercedes tem elevadas chances de se impor na segunda metade do campeonato. E, como disse Hamilton, “tudo pode acontecer” em termos de luta pelo título. Bom para a competição, que deve apresentar corridas ainda mais emocionates.
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