quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Balanço de verão: corridas*

* Por Luis Fernando Ramos


A segunda parte da nossa retrospectiva desta primeira metade da temporada analisa as corridas. Em meses turbulentos, com provas ditadas pelo estado dos pneus na combinação circuito/clima, o Mundial de 2013 não trouxe, de forma geral, a mesma riqueza de disputas que o ano passado. Mas ainda assim, tivemos provas bem interessantes. Vamos conferir?

1) Austrália
Foi um domingo atípico e agitado em Melbourne, com o grid de largada sendo definido de manhã, horas antes da corrida. E a primeira prova de que a posição de saída, neste ano, não vale tanto quanto uma tática ganhadora. Kimi Raikkonen ganhou fácil com uma parada a menos que o resto, algo feito sem comprometer um ritmo de corrida competitivo. Como escrevi na edição do Lance! sobre a prova: “na abertura de um Mundial em que todo mundo falou das dúvidas sobre o entendimento dos pneus, o finlandês da Lotus mostrou que ele já tinha todas as respostas”. Foi o ponto alto de uma prova bastante animada, com sete líderes diferentes e todo mundo ainda “tateando no escuro” em relação à melhor maneira de encarar as corridas do ano.

2) Malásia
É uma escolha polêmica, mas fundamentada. Numa corrida dominada pela Red Bull, Mark Webber teve sua melhor performance em muito tempo. Pulou para segundo após a largada e imprimiu um ritmo de corrida melhor para sair logo à frente de Sebastian Vettel no último pitstop. As incertezas em relação aos pneus fizeram com que o time pedisse a manutenção das posições, mas o alemão jura até hoje que não entendeu a ordem e partiu para cima, prevalecendo em uma bonita batalha. O australiano não gostou e previu ainda no pódio o que aconteceria depois: “Queria correr, mas o time tomou uma decisão: cuidar dos pneus e levar os carros para casa. Mas Vettel fez suas próprias decisões e será protegido, como é de praxe”. O alemão pediu desculpas no dia, mas depois defendeu sua atitude dizendo que “Mark não merecia”. Ao invés de rebater, o australiano se calou para sempre. Anunciou sua saída do time sem avisar aos chefes de equipe, mas leva consigo o patrocínio da Red Bull para o Mundial de Endurance. Sem dúvida, a prova com a maior carga dramática do ano. Por este episódio e também pelo que se desenhou na Mercedes, com Nico Rosberg discordando mas obedecendo ao pedido de não atacar Lewis Hamilton nas voltas finais pela disputa do terceiro lugar. O inglês aliás, foi o responsável em Sepang pelo momento mais cômico do ano até aqui: embicou sua Mercedes entre os mecânicos da McLaren na primeira rodada de pitstops. É a força do hábito.

3) Hungria
Para um circuito econômico em ultrapassagens, foi bastante animada a prova húngara. Diferentes estratégias no uso dos compostos disponíveis fez com que pilotos se encontrassem na pista em condições também distintas. Quem tinha pressa arriscou mais e o resultado disso foram ultrapassagens bonitas - ou algumas bateções de rodas. E num calor de deserto, surpreendou o fato dos pneus na Mercedes de Lewis Hamilton resistirem bem para ele vencer pela primeira vez no ano, o que deixa no ar uma pergunta interessante: seriam os novos pneus da Pirelli que estrearam em Hungaroring capaz de dar uma dinâmica diferente às corridas e, quiçá, ao campeonato nesta segunda metade dele?

Pior) Inglaterra
O final da corrida em Silverstone foi até dos mais emocionantes, com Mark Webber e Fernando Alonso com pneus em melhores condições que o resto abrindo caminho rapidamente pelo pelotão. Mas nada compensa um dos maiores vexames na história da Fórmula 1. Os quatro pneus que explodiram em alta velocidade ficam como símbolo de uma categoria que tropeçou no próprio cadarço, exigindo um produto dinâmico para um fornecedora incapaz de testá-lo antes de colocá-lo à prova. Pirelli, FIA, equipes, saíram todos perdendo do episódio. E só o futuro dirá se aprenderam as lições que deveriam ter tirado em cima do ocorrido.

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