sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Uma relação desgastada*

* Por Luis Fernando Ramos


Tudo bem que não havia muito o que a Ferrari comemorar depois da performance dominante de Sebastian Vettel em Spa-Francorchamps. Mas chamou a atenção a chegada de Fernando Alonso, depois de uma corrida brilhante em que saiu de nono do grid para o segundo lugar: não havia nenhum membro da equipe no pitwall para celebrar o piloto, apenas o seu fisioterapeuta segurando uma fria placa de tempos.

Alonso também escancarou o momento de tensão que vive na Ferrari ao passar com o carro bem longe do muro dos boxes. É assim que o espanhol vai para o GP da Itália, o principal do ano para a equipe. O que há por trás deste desgaste?

Um dos motivos é o “puxão de orelhas” público que o presidente Luca di Montezemolo fez em sua estrela. A questão entre os dois vai além dos problemas no desenvolvimento do carro. O empresário de Fernando Alonso pode até ter sondado outras equipes para ver a situação. Só que não há alternativas para o espanhol além da Ferrari. A Red Bull vai confirmar Daniel Ricciardo e jamais teria o interesse de juntar Alonso e Vettel no mesmo canto. Mercedes e McLaren já estão com suas duplas prontas para o ano que vem. A Lotus poderia ser uma alternativa, mas o frágil estado financeiro do time não garante a competitividade do carro e isto não interessa ao piloto. Resta ficar em Maranello.

Neste cenário, Alonso perdeu força política internamente. A influência de sua opinião na escolha do companheiro já não é mais tão grande. E o time se viu à vontade para negociar com um piloto do calibre de Kimi Raikkonen (o que não significa que um acordo vá acontecer). Alonso não deve ter gostado, mas teve de se calar. Restou mostrar seu descontentamento na chegada em Spa: “eu piloto muito, mas posso tomar um rumo distante”, foi sua mensagem para Montezemolo.

O tempo que a Ferrari está tomando para decidir a segunda vaga é, acima de tudo, um tempo para que o time e o espanhol voltem a se entender melhor.

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