* Por Marcos Chavarria
Quem não lembra daquela última volta no GP do Brasil de 2008, quando Felipe Massa recebeu a bandeira quadriculada como campeão mundial, mas retornou aos boxes como vice-campeão? Tudo graças ao 5º lugar de Hamilton, sob muita chuva, conquistado na última curva com uma ultrapassagem sobre Timo Glock, que se arrastava na pista encharcada, com pneus para o seco. Foram estes os últimos segundos de brilho da carreira do brasileiro.
Desde então, dois episódios emblemáticos fizeram com que Massa nunca mais fosse o mesmo piloto agressivo e veloz do passado: o acidente com a porca que se soltou do carro de Barrichello, no GP da Hungria de 2009, e a deprimente ordem de equipe da Ferrari para ceder a sua vitória a Alonso no GP da Alemanha de 2010. Estes acontecimentos, somados ao fato de que o brasileiro nunca se adaptou ao estilo de pilotagem mais suave que a F1 exigiu após a gradual mudança para deixar os pneus mais frágeis, resultaram na assombrosa decadência de Massa.
O ano de 2009 foi duro para Massa, mas o brasileiro tinha 22 pontos contra 10 do companheiro Raikkonen, até o acidente na Hungria que o tirou do resto da competição. A temporada não permitia muito mais do que isso, já que mudanças no regulamento catapultaram a Brawn e a Red Bull para o topo do grid. Não havia como competir com o difusor revolucionário do time de Ross Brawn, nem com o carro da equipe austríaca, que finalmente colhia os frutos de um ótimo projeto do “mago” Adrian Newey.
O ano seguinte era um recomeço. Massa havia escapado da morte por centímetros e agora iniciaria a temporada renovado e com um companheiro de peso, o bicampeão Fernando Alonso. O campeonato começou com dobradinha Alonso – Massa no Bahrein. Os resultados estavam aparecendo para os dois, apesar da força da Red Bull, agora consolidada como equipe grande. A disputa pelo título certamente seria entre os dois, com a McLaren de Hamilton e Button correndo por fora.
GP da Alemanha, o 11º da temporada. Alonso chegava naquele final de semana com 98 pontos, contra 67 de Massa. Era uma diferença considerável, mas não completamente impossível de ser revertida. Só que não foi este o pensamento da Ferrari. O orgulho do brasileiro seria ferido com a frase, famosa até hoje, enviada pelo rádio: “Fernando é mais rápido que você”. A nem tão velada assim ordem de equipe foi dada e Massa cedeu a vitória.
O duro golpe se refletiu na classificação final. Alonso foi o vice-campeão, com 252 pontos, perdendo o título para Vettel por apenas 4 pontos, enquanto Massa ficou em 6º com 144. A diferença entre os dois foi de 108 pontos. Parece muito, não? Pois é justamente aí que está a grande prova do declínio de Massa.Esta diferença passou para 139 em 2011 (Massa 118 x 257 Alonso), 156 em 2012 (Massa 122 x 278) e por enquanto está em 72 pontos na atual temporada (Massa 61 x 133). Desde 2010, foram 68 provas disputadas pela atual dupla de pilotos da Ferrari. Enquanto Alonso tem 38 pódios, Massa contabiliza apenas 8. Vitórias, são 11 x 0. Na soma total de pontos, a vantagem do espanhol é de 920 x 445.
O fato é que os boatos sobre a saída de Massa da Ferrari tomam força desde 2011, quando o brasileiro levou o primeiro “puxão de orelhas” público sobre o fraco desempenho naquele ano. Desde então, uma imensa lista de pilotos já tomou o lugar do brasileiro, nas mais diversas especulações de mercado. O presidente da escuderia já avisou que será preciso somar pontos na metade final desta temporada.
“Felipe é um grande piloto e um grande cara, mas nos últimos dias nós fomos muito claros com ele: nós dois precisamos de resultados e pontos. Depois, em algum ponto, vamos nos olhar um ao outro nos olhos e decidir o que fazer”, disse Luca di Montezemolo.
Particularmente, acho que esta será a última temporada de Massa na Ferrari. Com os boatos de que Raikkonen já teria acertado a sua volta ao time italiano para 2014, tudo parece indicar para uma forte dupla com Alonso. E mesmo que este boato não passe de um boato, a lista de aspirantes ao assento do carro vermelho deve ganhar corpo a cada final de semana, caso o brasileiro não melhore substancialmente o seu desempenho.
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