* Por Fábio Seixas
A vitória foi de Rosberg. A terceira da carreira, a segunda no ano, parabéns para ele.
Mas o destaque da corrida foi a Pirelli.
Destaque dos mais negativos.
Quatro pneus explodiram de forma idêntica, e por sorte ninguém se machucou. Um quinto pneu esvaziou.
E não duvido que a conta suba com os relatos dos pilotos e engenheiros após a corrida.
Um vexame. E um vexame perigoso.
Silverstone viveu um bom GP, mas uma tarde estranha, com receio, com medo, com conversas intensas pelo rádio.
Algo precisa ser feito. E a empresa, no mínimo, precisa se pronunciar.
Na largada, os grandes nomes foram Vettel e Massa.
O alemão superou Rosberg e pulou de terceiro para segundo. Massa fez mágica: saindo em 11º, contornou a primeira curva em 6º.
O top 10 na primeira volta, Hamilton, Vettel, Rosberg, Sutil, Massa, Raikkonen, Ricciardo, Grosjean, Alonso e Button.
Na ponta, o inglês tratou de tentar abrir vantagem. Na quinta volta, tinha 1s9 sobre o alemão. Na sétima volta, eram 2s.
Foi então que começou o vexame.
A TV mostrou uma torcedora gritando “noooooo!”
Yes, madam.
Na oitava volta, o pneu traseiro esquerdo de Hamilton, tipo médio, foi pelos ares em plena Woodcote. Ou seja, um enorme caminho até os boxes e a vitória indo para o espaço.
Um absurdo, uma vergonha para a Pirelli.
Na décima volta, mesmíssimo vexame aconteceu com Massa. Mesmíssimo ponto da pista, mesmíssimo tipo de pneu.
Uma pena, o brasileiro vinha fazendo uma belíssima prova.
(Imaginem vocês a cabeça dos outros 20 pilotos tendo que acelerar a mais de 300 km/h e sendo informados pelas equipes que pneus estavam explodindo…)
Não por coincidência, começaram os pit stops.
Todo mundo entrou nos boxes e, via de regra, a opção _até pela segurança_ foi pelos pneus duros.
Na 15ª volta, acreditem: o pneu traseiro esquerdo de Vergne explodiu. E era o duro.
Alguém acha que é coincidência?
A direção de prova ordenou a entrada do safety car. Não havia carro atravessado na pista, não havia detritos…
Claramente foi um paliativo para reduzir a velocidade dos carros enquanto os comissários e a Pirelli tentavam entender o vexame e decidiam o que fazer.
Ninguém pediu minha opinião, mas eu disse no ar nas rádios Bandeirantes e BandNews FM: tinham que encerrar a corrida.
Já houve um precedente: em 2005, a Michelin reconheceu que seus pneus não ofereciam segurança em Indianápolis e nenhum dos seus carros disputou a prova. Mesmíssimo caso. Mas talvez falte humildade à Pirelli.
Enfim…
Para não passar em branco: instantes antes do susto de Vergne, a Lotus mandou um “Kimi is faster than you” para Grosjean. Lamentável.
A relargada veio na 20ª volta, com todos os pilotos orientados pelo rádio a não atacarem as zebras.
Vettel segurou a ponta, abrindo 1s3 sobre Rosberg em duas voltas. Alonso, em quarto, passou a pressionar Sutil.
Lá no fundão, Hamilton e Massa tentavam se recuperar. Na 25ª volta, o inglês já era 13º e o brasileiro, 17º.
Na 26ª volta, o quarto caso: o pneu de Hulkenberg não explodiu, mas esvaziou subitamente. O alemão precisou dirigir lentamente até os boxes.
Quatro voltas depois, Raikkonen abriu a segunda janela de pits entre os pilotos da ponta. Alonso e Grosjean pararam na seguinte. Na 32ª, Webber entrou. Na 33ª, Ricciardo e Button.
Na 33ª, Raikkonen passou Hamilton na Copse. Alonso aproveitou e fez o mesmo. Embora lutasse, o carro do inglês não tinha mais o mesmo ritmo do início.
Rosberg parou, Vettel também entrou, posições inalteradas na ponta com 2s8 de diferença entre ambos no retorno à pista.
Um pouco mais atrás, Webber passava Alonso para assumir o quarto lugar.
O top 10 ao fim da segunda rodada de pits,: Vettel, Rosberg, Raikkonen, Webber, Alonso,
Sutil, Ricciardo, Pérez, Grosjean e Button. Massa era o 13º.
Foi quando a TV mostrou um senhor aplaudindo na arquibancada.
Yes, sir.
Na 42ª volta, a caixa de câmbio de Vettel quebrou. Ele teve de estacionar em plena reta, em frente aos boxes. Vibração da torcida inglesa em Silverstone.
O safety car foi acionado mais uma vez, e houve corre-corre nos boxes. Quem estava por perto da entrada dos pits, aproveitou para fazer a última parada.
Alonso foi o primeiro. É, além de tudo o espanhol tem muita sorte…
A relargada veio na 45ª volta. E o final de prova foi sensacional.
Webber passou Ricciardo pela quarta posição. Alonso superou Button e assumiu o sexto lugar.
Foi quando mais um pneu explodiu: o traseiro esquerdo de Pérez. O mexicano teve de abandonar.
Na 48ª, Alonso e Hamilton superaram Ricciardo. Massa, diga-se, já era o oitavo.
Com pneus médios, lutando contra adversários de pneus duros, Webber deixou mais um pra trás na 49ª: Raikkonen. Chegou à segunda posição.
Alonso e Hamilton também seguiam fazendo vítimas. Ultrapassaram Sutil. Massa já era o sétimo.
Na antepenúltima volta, Alonso passou Raikkonen e assumiu o terceiro lugar. Webber tentava tudo para se aproximar de Rosberg: apenas 1s3 os separava.
Hamilton passou Raikkonen na penúltima volta. Instantes depois, Massa superou Sutil.
Ufa. Foi difícil não perder nenhum lance. Se aconteceu, peço desculpas. O final de prova foi dos mais alucinantes…
Rosberg cruzou a linha de chegada com 0s7 sobre Webber. Alonso terminou em terceiro.
Hamilton foi o quarto. Que corridaça do inglês.
Raikkonen foi o quinto, seguido por Massa, Sutil, Ricciardo, Di Resta e Hulkenberg.
Um resultado lindo para Alonso. Ele foi a 111 pontos e reduziu a vantagem de Vettel no campeonato. Era de 36 pontos quando a F-1 chegou a Silverstone, caiu para 21 agora. Raikkonen é o terceiro, com, 98.
Vettel continua sendo o favorito ao título, mas nada está garantido e o campeonato ganha emoção.
Mas isso, hoje, é detalhe.
“A Pirelli precisa trabalhar. É uma questão de segurança, estamos falando da vida dos pilotos”, disse Pérez.
“O que aconteceu é inaceitável”, falou Massa.
Disseram tudo.
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