segunda-feira, 1 de julho de 2013

Rosberg, num GP sem segurança*

* Por Fábio Seixas


A vitória foi de Rosberg. A terceira da carreira, a segunda no ano, parabéns para ele.

Mas o destaque da corrida foi a Pirelli.

Destaque dos mais negativos.

Quatro pneus explodiram de forma idêntica, e por sorte ninguém se machucou. Um quinto pneu esvaziou.

E não duvido que a conta suba com os relatos dos pilotos e engenheiros após a corrida.

Um vexame. E um vexame perigoso.

Silverstone viveu um bom GP, mas uma tarde estranha, com receio, com medo, com conversas intensas pelo rádio.

Algo precisa ser feito. E a empresa, no mínimo, precisa se pronunciar.

Na largada, os grandes nomes foram Vettel e Massa.

O alemão superou Rosberg e pulou de terceiro para segundo. Massa fez mágica: saindo em 11º, contornou a primeira curva em 6º.

O top 10 na primeira volta, Hamilton, Vettel, Rosberg, Sutil, Massa, Raikkonen, Ricciardo, Grosjean, Alonso e Button.

Na ponta, o inglês tratou de tentar abrir vantagem. Na quinta volta, tinha 1s9 sobre o alemão. Na sétima volta, eram 2s.

Foi então que começou o vexame.

A TV mostrou uma torcedora gritando “noooooo!”

Yes, madam.

Na oitava volta, o pneu traseiro esquerdo de Hamilton, tipo médio, foi pelos ares em plena Woodcote. Ou seja, um enorme caminho até os boxes e a vitória indo para o espaço.

Um absurdo, uma vergonha para a Pirelli.

Na décima volta, mesmíssimo vexame aconteceu com Massa. Mesmíssimo ponto da pista, mesmíssimo tipo de pneu.

Uma pena, o brasileiro vinha fazendo uma belíssima prova.

(Imaginem vocês a cabeça dos outros 20 pilotos tendo que acelerar a mais de 300 km/h e sendo informados pelas equipes que pneus estavam explodindo…)

Não por coincidência, começaram os pit stops.

Todo mundo entrou nos boxes e, via de regra, a opção _até pela segurança_ foi pelos pneus duros.

Na 15ª volta, acreditem: o pneu traseiro esquerdo de Vergne explodiu. E era o duro.

Alguém acha que é coincidência?

A direção de prova ordenou a entrada do safety car. Não havia carro atravessado na pista,  não havia detritos…

Claramente foi um paliativo para reduzir a velocidade dos carros enquanto os comissários e a Pirelli tentavam entender o vexame e decidiam o que fazer.

Ninguém pediu minha opinião, mas eu disse no ar nas rádios Bandeirantes e BandNews FM: tinham que encerrar a corrida.

Já houve um precedente: em 2005, a Michelin reconheceu que seus pneus não ofereciam segurança em Indianápolis e nenhum dos seus carros disputou a prova. Mesmíssimo caso. Mas talvez falte humildade à Pirelli.

Enfim…

Para não passar em branco: instantes antes do susto de Vergne, a Lotus mandou um “Kimi is faster than you” para Grosjean. Lamentável.

A relargada veio na 20ª volta, com todos os pilotos orientados pelo rádio a não atacarem as zebras.

Vettel segurou a ponta, abrindo 1s3 sobre Rosberg em duas voltas. Alonso, em quarto, passou a pressionar Sutil.

Lá no fundão, Hamilton e Massa tentavam se recuperar. Na 25ª volta, o inglês já era 13º e o brasileiro, 17º.

Na 26ª volta, o quarto caso: o pneu de Hulkenberg não explodiu, mas esvaziou subitamente. O alemão precisou dirigir lentamente até os boxes.

Quatro voltas depois, Raikkonen abriu a segunda janela de pits entre os pilotos da ponta. Alonso e Grosjean pararam na seguinte. Na 32ª, Webber entrou. Na 33ª, Ricciardo e Button.

Na 33ª, Raikkonen passou Hamilton na Copse. Alonso aproveitou e fez o mesmo. Embora lutasse, o carro do inglês não tinha mais o mesmo ritmo do início.

Rosberg parou, Vettel também entrou, posições inalteradas na ponta com 2s8 de diferença entre ambos no retorno à pista.

Um pouco mais atrás, Webber passava Alonso para assumir o quarto lugar.

O top 10 ao fim da segunda rodada de pits,: Vettel, Rosberg, Raikkonen, Webber, Alonso,

Sutil, Ricciardo, Pérez, Grosjean e Button. Massa era o 13º.

Foi quando a TV mostrou um senhor aplaudindo na arquibancada.

Yes, sir.

Na 42ª volta, a caixa de câmbio de Vettel quebrou. Ele teve de estacionar em plena reta, em frente aos boxes. Vibração da torcida inglesa em Silverstone.

O safety car foi acionado mais uma vez, e houve corre-corre nos boxes. Quem estava por perto da entrada dos pits, aproveitou para fazer a última parada.

Alonso foi o primeiro. É, além de tudo o espanhol tem muita sorte…

A relargada veio na 45ª volta. E o final de prova foi sensacional.

Webber passou Ricciardo pela quarta posição. Alonso superou Button e assumiu o sexto lugar.

Foi quando mais um pneu explodiu: o traseiro esquerdo de Pérez. O mexicano teve de abandonar.

Na 48ª, Alonso e Hamilton superaram Ricciardo. Massa, diga-se, já era o oitavo.

Com pneus médios, lutando contra adversários de pneus duros, Webber deixou mais um pra trás na  49ª: Raikkonen. Chegou à segunda posição.

Alonso e Hamilton também seguiam fazendo vítimas. Ultrapassaram Sutil. Massa já era o sétimo.

Na antepenúltima volta, Alonso passou Raikkonen e assumiu o terceiro lugar. Webber tentava tudo para se aproximar de Rosberg: apenas 1s3 os separava.

Hamilton passou Raikkonen na penúltima volta. Instantes depois, Massa superou Sutil.

Ufa. Foi difícil não perder nenhum lance. Se aconteceu, peço desculpas. O final de prova foi dos mais alucinantes…

Rosberg cruzou a linha de chegada com 0s7 sobre Webber. Alonso terminou em terceiro.

Hamilton foi o quarto. Que corridaça do inglês.

Raikkonen foi o quinto, seguido por Massa, Sutil, Ricciardo, Di Resta e Hulkenberg.

Um resultado lindo para Alonso. Ele foi a 111 pontos e reduziu a vantagem de Vettel no campeonato. Era de 36 pontos quando a F-1 chegou a Silverstone, caiu para 21 agora. Raikkonen é o terceiro, com, 98.

Vettel continua sendo o favorito ao título, mas nada está garantido e o campeonato ganha emoção.

Mas isso, hoje, é detalhe.

“A Pirelli precisa trabalhar. É uma questão de segurança, estamos falando da vida dos pilotos”, disse Pérez.

“O que aconteceu é inaceitável”, falou Massa.

Disseram tudo.

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