quinta-feira, 4 de julho de 2013

Pirelli mostra que sua responsabilidade pelo ocorrido em Silverstone é menor da imaginada*

* Por Lívio Oricchio

O diretor da Pirelli, Paul Hembery, disse depois da prova de Silverstone, domingo, que tão logo sua equipe concluísse a investigação do ocorrido viria a público para explicar o que causou cinco pilotos terem seus pneus perigosamente dechapados.

Hoje no início da noite, na Europa, a Pirelli distribui comunicado com o resultado do estudo. E a conclusão é a de que uma combinação de fatores foi a responsável. O primeiro foi a montagem errada dos pneus traseiros. Eles são assimétricos. Pneus do lado direito têm de ser usados do lado direito e assim com o esquerdo. A Pirelli reconheceu sua culpa, pois deveria controlado a montagem.

Outro fator foi a pressão utilizada pelas equipes, abaixo da indicada pela Pirelli para o exigente circuito inglês, e por fim as características de algumas zebras, notadamente da curva 4, agressivas com os pneus. Todos esses elementos combinados explicam Lewis Hamilton, da Mercedes, Felipe Massa, Ferrari, Jean Eric Vergne, Toro Rosso, Steban Gutierres, Sauber, e Sergio Perez, McLaren, terem seus pneus dechapados.

“Lamentamos o que se passou em Silverstone”, disse Hembery. “É fundamental para poder administrarmos pneus tão sofisticados ter acesso à temperatura e pressão e cambagem utilizadas pelas equipes. Enquanto aguardamos o novo regulamento vamos passar a produzir pneus mais simples de serem administrados.”

Antes do GP da Grã-Bretanha, pneus traseiros de três pilotos apresentaram delaminação, ou a soltura da banda de rodagem da carcaça: Lewis Hamilton, Felipe Massa e Paul Di Resta. Hembery explicou hoje não haver relação entre este problema e os verificados em Silverstone.

“Nós alertamos as equipes sobre esse problema, produzimos novos pneus e os levamos para o GP do Canadá. Propomos seu uso na corrida de Silverstone.” Mas Ferrari, Lotus e Force India não concordaram com a mudança dos pneus porque acreditavam que perderiam sua vantagem sobre os demais. Seus carros são os que melhor administram o consumo dos pneus.

Como não houve unanimidade entre as escuderias, necessária para mudar os pneus durante o campeonato, a Pirelli foi obrigado a levar para o GP da Grã-Bretanha pneus que, de antemão, poderiam criar problemas. As dificuldades não foram quanto à delaminação, mas os pneus testados no Canadá dificilmente dechapariam em Silverstone.

“Esses pneus têm a carcaça confeccionada em kevlar, como em 2012, quando não tivemos problemas, não em aço, como os usados este ano (até domingo). E passamos a utilizar outro tipo de cola para fixar a banda de rodagem na carcaça”, comentou Hembery.

O fornecedor de pneus dá sempre a margem de pressão que as equipes devem adotar nos pneus. Bem como a margem de ângulo de cambagem (o quanto o pneu trabalha inclinado em relação ao asfalto). Mas não controla se estão sendo seguidas. “Propomos à FIA que as equipes passem a nos fornecer esses dados. E nos foi dito que um comissário da FIA deve controlar, agora, a questão”, disse Hembery.

Para o GP da Alemanha, cujos treinos livres começam sexta-feira, a Pirelli propôs:
Uso dos pneus traseiros de carcaça confeccionada em kevlar, com a banda de rodagem dos pneus de 2012, bem testada no ano passado e que não criou dificuldades. Esses pneus, uma evolução dos que estão em uso, já foram testados na sexta-feira do GP do Canadá, dia 7 de junho. Como também são assimétricos, a Pirelli controlará que a montagem não seja invertida. Os pneus dianteiros serão os mesmos usados até agora.

A partir do GP da Hungria, dia 28, portanto depois dos três ou quatro dias de testes que as equipes farão em Silverstone, de 17 a 19, os pneus serão outros, mais simples. Voltam a ser simétricos, por razões de segurança. A carcaça será a de 2012, mas a banda de rodagem, deste ano, um pouco mais macia, destinada a que as corridas tenham de dois a três pit stops, como exige o promotor do Mundial, Bernie Ecclestone. Esses são os pneus a serem testados pelas 11 equipes em Silverstone.

A disponibilidade das escuderias, FOM e FIA de serem úteis a Pirelli para resolver a importante dificuldade foram lembradas por Hembery, hoje, no comunicado. Também expressou seu contentamento com o fato de todos entenderem a necessidade de haver testes durante o campeonato e com os carros da temporada.

E por fim rebateu a acusação de que os pneus atuais da Fórmula 1 não são seguros, ao argumentar que quando usados de acordo com as especificações da Pirelli atendem às exigências de segurança do regulamento.

Do ponto de vista esportivo, será surpreendente se o desempenho dos carros continue sendo o que a Fórmula 1 tem apresentado este ano. As características dos pneus a serem utilizados já no próximo fim de semana são distintas das unidades que vinham sendo empregadas até o GP da Brã-Bretanha.

Esses pneus versão de 2012 absorvem menos as irregularidades do piso e da mesma forma se deformam menos nas acelerações, o que faz com que os conceitos do projeto aerodinâmico dos carros sejam mais preservados.

Na teoria, a Red Bull deve ganhar alguma vantagem com a volta dos pneus 2012. Não foi por outra razão que Christian Horner, diretor do time austríaco, era o maior defensor dessa política, de a Pirelli voltar a distribuir os pneus de 2012. Mas não há nenhuma certeza de que o resultado prático será mesmo esse.

Não é possível excluir a possibilidade de alguma equipe encontrar para os modelos de 2013 acerto do carro que melhor explore as características desses novos pneus e dê um salto de desempenho, assim como, eventualmente, organizações como a Lotus passem a render menos.

Apenas os treinos livres, a classificação e os 305 quilômetros do GP da Alemanha poderão oferecer uma referência mais precisa do que esperar para a próxima fase do campeonato.

Uma coisa é certa: quem sair perdendo vai chiar! Mas pelo menos a Fórmula 1 voltará a ser mais segura.

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