terça-feira, 2 de julho de 2013

Faltando um pedaço*

* Por Luis Fernando Ramos



O Grande Prêmio da Inglaterra de 2013 poderia ser lembrado pela terceira vitória da carreira do alemão Nico Rosberg ou pelas emocionantes voltas finais, recheadas de trocas de posições. Mas ficará marcado pelo vexame esportivo de pneus que explodem em alta velocidade e que, por sorte, não causaram nenhum acidente mais grave. Quatro pilotos sofreram este tipo de falha na pista, incluindo o pole position Lewis Hamilton e o brasileiro Felipe Massa, que resumiu a insatisfação de quem se estava no cockpit e pediu mais união das partes envolvidas na Fórmula 1.

"A nossa maior preocupação é com a segurança dos pilotos. A solução para este problema não deve ser influenciada por equipes que trabalham melhor ou pior com pneus mais moles ou mais duros. O que aconteceu aqui é inaceitável. Sabemos dos riscos que nossa profissão envolve, mas esta é uma questão perigosa e que vem se arrastando há um tempo. Espero que a federação entre em ação e tenho certeza que muita coisa vai acontecer ainda nesta semana nos bastidores" cobrou o brasileiro, sexto colocado ao final da prova.

Hamilton, que também sofreu com uma falha no pneu traseiro esquerdo quando liderava e conseguiu se recuperar para terminar em quarto, também reforçou que chegou a hora de dar um basta na situação. "Alguém poderia ter batido. Quando estava atrás do Safety Car, pensei se esperariam até que um piloto se machucasse para que fizessem algo a respeito. Penso que é pura perda de tempo que eu vá cobrar da Pirelli ou da FIA alguma coisa. Eles viram o que aconteceu aqui e precisam reagir a isso".

O presidente da FIA, Jean Todt, reconheceu a gravidade da situação e convocou uma reunião emergencial para a quarta-feira na sede da entidade em Paris. Espera receber propostas da Pirelli para resolver o problema e deve tomar uma decisão mais contundente para resolver a situação. A próxima etapa do Mundial acontece já no próximo domingo, o GP da Alemanha em Nürburgring.

Pena que o problema jogou uma sombra em cima deste GP da Inglaterra. Acabou mascarando o bom ritmo imprimido por Nico Rosberg e as excelentes recuperações do segundo colocado Mark Webber, de Hamilton e de Massa.

Além da questão dos pneus, a corrida em Silverstone teve uma dose de drama na disputa pelo título também. Sebastian Vettel abandonou com uma quebra de câmbio a doze voltas do final, quando liderava. Com isso, viu sua vantagem para Fernando Alonso na tabela diminuir de 36 para 21 pontos.

"Acho que fiz tudo o que estava a meu alcance nesta corrida: tive uma largada boa, passei Nico (Rosberg) largada e estava até mais rápido que Lewis (Hamilton), até que ele teve um problema com o pneu. Do meu lado, não tenho muito o que analisar. Pena que surge uma quebra bem quando estava na liderança, se eu estivesse em oitavo talvez não fosse tão frustrante! Em cima do pódio têm três troféus e eu não posso levar nenhum comigo", lamentou o piloto da Red Bull.

Infortúnio de uns, sorte de outros. Alonso admitiu que a falta de competitividade apresentada pela Ferrari na Inglaterra, especialmente em ritmo de classificação, o preocupa. E celebrou ter, mesmo assim, recuperado terreno na disputa pelo título.

"Tive muita sorte. Vimos a explosão de pneus nos carros de alguns pilotos que iam à minha frente. Eu também tive um pneu desintegrado antes da minha primeira parada, mas foi na última curva e consegui chegar aos boxes sem perder muito tempo. Sem falar no abandono de Sebastian (Vettel). Foi um final de semana que recuperei pontos gratuitamente, podemos dizer. Ainda resta muita sorte para se recuperar, mas acredito que isto pode acontecer".

Para a corrida da Alemanha, o vice-líder do Mundial torce para que os problemas vistos pela Ferrari em Silverstone tenham sido uma exceção à regra. "Até este final de semana tínhamos plena confiança na competitividade do nosso carro em pistas como essas, com diversas curvas de alta competitividade. Mas não fomos bem aqui. Temos a mínima esperança que tenha sido uma ocasião única", disse Alonso.

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