Com valor total de R$ 160,8 milhões, a Prefeitura de São Paulo abriu duas concorrências para a construção de novos boxes e reforma do Autódromo de Interlagos. A reforma e troca de posição na pista dos boxes atende a uma recomendação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e vai custar R$ 148.924.311,22 - a verba é suficiente, por exemplo, para quase cobrir os R$ 175 milhões de "rombo" causado nos cofres municipais com a redução de R$ 0,20 na tarifa de ônibus, informa o jornal O Estado de São Paulo.
Reformas serão concluídas para o GP do Brasil, em 2015
As mudanças garantem a Fórmula 1 em São Paulo até 2020. Os dirigentes da FIA chamam de a "reforma do século" as obras que serão realizadas em Interlagos. O edital para as duas concorrências está no site do governo municipal. Outros R$ 11,93 milhões serão investidos na remodelação das arquibancadas.
As reformas só serão concluídas para o GP Brasil de 2015, segundo a Prefeitura. Além da construção de novas instalações para os boxes e a área técnica das equipes, a reforma do autódromo prevê o ajuste do traçado. A atual Reta Oposta terá de ser alargada para receber a reta de largada.
De acordo com as regras da Fórmula 1, a largura mínima deve ser de 15 metros. A Curva do Lago também terá de ser remodelada pois, segundo o regulamento, a primeira curva do circuito deve ficar a 250 metros da linha de largada. O edital prevê, ainda, a construção de uma nova interligação da saída da área dos boxes com a pista.
COBRANÇA
Em abril, o prefeito Fernando Haddad (PT), pressionado por Bernie Ecclestone, CEO da Fórmula 1, já havia assegurado a execução das obras. No ano passado, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) também havia prometido a reforma à FIA. Em entrevista exclusiva em abril, Ecclestone deu um ultimato à Prefeitura: se não mexesse no autódromo, São Paulo iria perder o GP a partir de 2015.
Segundo Ecclestone, os representantes das equipes reclamam que, em Interlagos, não há espaço para guardar as panelas e os alimentos e que as reuniões têm de ser feitas dentro dos boxes por causa da ausência de salas. "Não podemos mais cobrar nada dos outros autódromos com Interlagos ano após ano mantendo-se como está. Os demais administradores sabem o que é Interlagos, isso nos desmoraliza". Santa Catarina e outras cinco cidades ao redor do mundo já teriam demonstrado interesse em receber a etapa da Fórmula 1 caso o circuito paulistano fosse descartado.
A nova área de boxes vai ficar na Reta Oposta. Um novo edifício de três andares deverá ser construído ao longo da reta. No térreo, ficarão 40 boxes (36 destinados às equipes). O mezanino terá uma área destinada às estruturas técnicas das equipes. No andar superior ficarão as áreas VIPs e estruturas de apoio, como cozinhas e banheiros. Por fim, o autódromo ganhará uma nova torre de controle, área para pódio e um edifício de apoio, com áreas de convivência das equipes e as instalações do Centro de Imprensa.
DE ONDE VEM O DINHEIRO?
A Prefeitura pretende pagar a reforma do Autódromo de Interlagos por meio de convênios assinados com o Ministério do Turismo, "interessado em manter a F-1 no Brasil, mais especificamente na cidade de São Paulo", segundo informou o governo municipal, em nota. "Não é a Prefeitura que vai pagar esse dinheiro. Até porque a Prefeitura não tem essa verba. Vamos apresentar todo o projeto, que será feito por meio de verbas de convênio com o Ministério do Turismo", disse o secretário de Comunicação, Nunzio Briguglio. O valor e a data de assinatura do convênio não foram informados.
Ainda segundo o secretário, não vai dar tempo de concluir a reforma antes da realização do GP deste ano. Em nota, a gestão Fernando Haddad argumenta que o acordo com a FIA foi "assinado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab e não foi honrado por ele". Por fim, a Prefeitura classifica como "maldosa e indevida" a comparação entre os gastos com a reforma da pista e a verba destinada a cobrir os gastos com a redução no preço da passagem de ônibus.
Um dos principais argumentos utilizados para justificar a permanência da Fórmula 1 em São Paulo é a receita que a cidade ganha com os turistas. No ano passado, a estimativa da São Paulo Convention & Visitors Bureau era de que R$ 250 milhões fossem movimentados na semana do GP. Uma pesquisa feita pela SPTuris em 2012 mostrou que 60,5% do público fica em hotéis, 45,8% tem renda mensal superior a 10 salários mínimos. O turista fica, em média, 3 pernoites e gasta R$ 568 por dia.
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