* Por Lívio Oricchio
“Não morreu ninguém, não.” Foi dessa forma que Luiz Razia atendeu o Estado, ontem à noite, em Barcelona, logo depois de receber uma ligação de John Booth, diretor da equipe Marussia, com quem tinha assinado contrato, para lhe informar que Jules Bianchi assumiria sua vaga. “Vou dormir, hoje, tranquilo, por saber que foi um fracasso circunstancial e não existencial.”
A esperança desse piloto baiano de 23 anos, vice-campeão da GP2, era tanta de ainda testar hoje e amanhã o carro da Marussia no Circuito da Catalunha que manteve-se na Espanha. “Nós ainda trocamos e-mails com eles hoje (ontem), tentando uma solução de última hora.” Razia chegou a treinar em Jerez de la Frontera, por dois dias, na primeira série de testes da pré-temporada. Os testes terminam amanhã.
A pergunta que todos na Fórmula 1 procuram resposta é: o que aconteceu para Razia perder a vaga na Marussia e o Brasil ter, agora, apenas Felipe Massa na competição e com contrato de apenas um ano com a Ferrari. “Duas pessoas físicas que têm uma empresa assinaram um contrato com a Marussia. Pagaram a primeira parcela”, explica o piloto, sem desejar identificá-las.
“Depois tiveram problemas na captação e liberação dos recursos. O pessoal da Marussia ajudou de todas as formas, mas não foi possível cumprir o acordado”, disse Razia. Estima-se que teria de levar Euros 6 milhões (R$ 16 milhões) para disputar as 19 etapas do campeonato. “Eu pagaria um dos valores mais baixos, hoje, senão o menor”, comentou.
Não se perde uma vaga na Fórmula 1, depois de trabalhar a vida inteira por isso, e não se sentir atingido. “Está sendo duro para mim, claro. Preciso me reagrupar. Mas tenho fé e às vezes essas coisas acontecem para nós crescermos espiritualmente.” Há dois exemplos semelhantes e recentes na própria Fórmula 1 que o inspiram. “O Nico Hulkenberg e o Adrian Sutial ficaram um ano parados e hoje estão aí, em boas equipes.”
Razia não sabe que caminho profissional vai seguir. “Nesse instante (20 horas em Barcelona, ontem, 16 horas em Brasília), estou no aeroporto comprando uma passagem para voltar para casa, em Milton Keynes (Inglaterra), e pensar o que vou fazer da vida.” E afirmou: “Vou procurar aprender com esse erro que, na realidade, não é um erro”.
Bianchi teve um apoio fundamental para substituir Razia: a Ferrari. O jovem e veloz piloto francês faz parte da Academia da Ferrari. Quarta-feira, a Force India, associada a Mercedes, anunciou a contratação do alemão Adrian Sutil, com quem Bianchi disputava a vaga. Toto Wolff e Sutil são amigos há tempos. Toto tornou-se sócio do time da Mercedes e o diretor esportivo da montadora. Quanto ao acordo do francês com a Marussia, provavelmente implicará a cessão do motor turbo Ferrari para a escuderia em 2014.
No terceiro dia de treinos, ontem, choveu na parte da manhã e no fim da tarde. Fernando Alonso, da Ferrari, afirmou: “No GP do Brasil do ano passado estávamos a 7 ou 8 décimos da Red Bull e McLaren. Este ano acredito que reduzimos essa diferença. Estou esperançoso”. O espanhol não aproveitou os instantes em que a pista estava mais seca e ficou com o último tempo, 1min27s878 (102 voltas), com pneus médios da Pirelli.
Romain Grosjean, da Lotus, foi o mais rápido, 1min22s716 (88), com os pneus macios. Hoje Felipe Massa, companheiro de Alonso, realiza seu último dia de testes antes da abertura do campeonato, dia 17, em Melbourne, na Austrália.
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