quarta-feira, 6 de março de 2013

Ruim para as equipes, bom para nós*

* Por Julianne Cerasoli



Nos nove primeiros dias de testes da pré-temporada da Fórmula 1, foram nove os pilotos que lideraram a tabela de tempos. E o atual tricampeão, Sebastian Vettel, não esteve entre eles. Sinal de que o domínio da Red Bull está com os dias contados? Nada disso. Os resultados nessa época do ano dizem pouco, especialmente em 2013.

No total, são 12 dias de testes, espalhados em três sessões. Na última realizada em Barcelona, Espanha, os carros têm uma configuração próxima da qual usarão no início da temporada, dia 17 de março.

É o mesmo todo ano, mas em 2013 o cenário é ainda mais incerto pelas condições de tempo enfrentadas nos testes. Imagine que ninguém colocou o carro na pista com temperaturas superiores a 20ºC e, durante a temporada, dá para contar nos dedos de uma mão as corridas realizadas com essa temperatura. Isso interfere na compreensão dos pneus e do próprio carro.

A Ferrari, por exemplo, tem problemas com altas temperaturas na água e no óleo do F138 mesmo no inverno europeu e não sabe como o carro se comportará quando tiver de enfrentar o caldeirão de um GP da Malásia, por exemplo. Aliás, com a tendência seguida pela grande maioria das equipes de diminuir as entradas de ar, é possível que muitos tenham esse tipo de dificuldade.

Em relação aos pneus, ninguém testou em condições válidas com os super macios, que serão usados junto dos médios na primeira etapa, na Austrália.

Uma solução seria buscar lugares mais quentes para os testes, como ocorria na década de 1980, quando a F-1, inclusive, vinha para o Brasil. Uma opção economicamente mais viável hoje seria o Oriente Médio, mas isso não será possível enquanto a situação política do Bahrein não se normalizar e o traçado de Abu Dhabi não é atraente para que os times avaliem a aerodinâmica dos carros. Outro motivo de resistência é a maior dificuldade no fluxo de novas peças durante as práticas, o que acontece com bastante frequência quando se testa na Europa.

Deixando os tempos de lado, o que deu para ver até agora é uma Red Bull bastante equilibrada – Sebastian Vettel e Mark Webber fazem poucas correções no volante – e uma Lotus no chão, mas possivelmente menos veloz. Por outro lado, a Ferrari sofre com saídas de traseira e a McLaren, de dianteira.

Porém, do lado dos espectadores, toda essa incerteza pode ser positiva. Afinal, abre a possibilidade de resultados imprevisíveis ao menos até as equipes se acertarem. Será o bastante para termos sete vencedores nos sete GPs iniciais, como em 2012?

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