* Por Fábio Seixas
Uma síntese do que foi o Mundial.
No encerramento de uma temporada dominada por Vettel, o alemão no alto do pódio. Sorrindo, vibrando. E com mais um recorde para a coleção.
Em Interlagos, ele conquistou a 13ª vitória na temporada, igualando Schumacher em 2004.
Fecha o ano com 397 pontos, mais do que Mercedes (360) e Ferrari (354).
Se fosse uma equipe, o alemão, sozinho, ganharia o Mundial de Construtores. Só isso.
Números que dimensionam o estrago que ele fez na concorrência nesta temporada que terminou às 15h36 de um domingo nublado.
Webber, agora aposentado, foi o segundo, seguido por Alonso. Massa cruzou em sétimo em sua despedida pela Ferrari.
Interlagos passou o dia olhando para o céu, perguntando se iria chover ou não. Deu a segunda opção.
Ainda antes da prova, uma homenagem legal da Ferrari a Massa: a equipe o aplaudiu no momento em que ele deixou os boxes vermelhos pela última vez.
Bonito.
A corrida começou com 19°C no ar, 24°C no asfalto. E piso seco: pela primeira vez no final de semana, os pilotos usaram os pneus slick.
Na largada, Rosberg saiu forte.
O piloto da Mercedes tracionou melhor que Vettel e, logo nos primeiros metros, colocou-se melhor para ganhar a liderança e contornar o S à frente. Por pouco Alonso também não toma o segundo lugar do tetracampeão.
Rosberg ficou em primeiro por quase toda a primeira volta.
Quase toda. Porque o compatriota deu o troco na Reta dos Boxes. Alonso fez manobra parecida e deixou Hamilton para trás.
Massa e Hulkenberg foram outros que saíram bem: ganharam três posições.
O top 10 ao final da primeira volta: Vettel, Rosberg, Alonso, Hamilton, Webber, Massa, Hulkenberg, Grosjean, Ricciardo e Bottas.
Na quarta volta, Grosjean abandonou, com vazamento de óleo. E Alonso passou Rosberg, assumindo a vice-liderança.
Na sexta, Vettel já tinha 6s110 sobre Alonso.
Um pouco mais atrás, Webber deixava Rosberg para trás. Hamilton, também sofrendo com o ritmo de corrida, já havia despencado para quinto.
O primeiro a parar nos boxes foi Vergne, na décima volta.
Com Vettel disparado na frente, 9s1 sobre Alonso na 11ª volta, as atenções se voltaram para dois duelos: Webber x Alonso e Hamilton x Rosberg.
Hamilton superou o companheiro sem muitos problemas, após pedido da Mercedes para que abrir passagem. E o australiano passou o espanhol na freada pro S, na abertura da 12ª volta.
Na 14ª, Ricciardo parou.
Na 15ª, Massa deixou Rosberg para trás. Lá na frente, a vantagem de Vettel sobre Webber já era de 10s4.
O brasileiro parou na 20ª, mais ou menos quando começaram a surgir informações de “chuva a qualquer momento”.
Ou seja, a melhor estratégia era esperar para parar apenas uma vez. Se os pneus deixassem, claro.
Button, Hulkenberg e Di Resta entraram na 21ª. Alonso e Hamilton, na 22ª. Rosberg e Gutierrez, na 23ª.
Webber entrou na sequência. A equipe se embananou no pneu traseiro esquerdo, e ele perdeu o segundo lugar para Alonso.
Vettel entrou na 24ª. Sem sustos.
Morrendo de vontade de se despedir em alta, Webber partiu pra cima de Alonso e retomou a segunda posição na 26ª volta, novamente no S.
O espanhol até tentou um troco, mas sem sucesso.
O top 10 na 30ª volta tinha Vettel, Webber, Alonso, Massa, Hamilton, Button, Rosberg, Pérez, Hulkenberg e Ricciardo. A vantagem do tetracampeão para o companheiro, 10s419.
Massa x Hamilton tornou-se então a briga da vez. Em ritmos bem parecidos, ambos percorreram voltas e voltas grudados.
Na 32ª, os dois fritaram pneus no S, mas o brasileiro prevaleceu. Foi quando veio a mensagem: drive through para Massa, por ter cruzado a linha branca da entrada dos boxes com as quatro rodas.
“Inacreditável, inaceitável! Inacreditável, inaceitável!”, chiou o brasileiro pelo rádio, irritadíssimo.
(Mas ele cruzou... E a FIA tinha avisado que puniria).
A punição foi cumprida na 34ª volta, e Massa, gesticulando, furioso, caiu para oitavo.
Aqui e ali, começavam a cair algumas gotas. Mas nada que preocupasse.
Tanto que, na 43ª, Ricciardo abriu a segunda janela de pits e colocou pneus duros.
Button e Massa pararam na volta seguinte. Médios para o primeiro, duros para o segundo.
Rosberg e Pérez entraram na 45ª.
Na 47ª, acidente.
Bottas colocou por fora para tentar passar Hamilton no fim da Reta Oposta. Os dois tocaram e se deram mal: pneus traseiros estourados.
O finlandês se deu pior e ficou pela área de escape. O inglês ainda conseguiu se arrastar até os boxes.
Erro duplo. Do Bottas, por achar que passaria ali. E do Hamilton, por não olhar no retrovisor e manter a trajetória. Acontece.
Mas a FIA não viu assim: drive through para o inglês.
Com receio de entrada do safety car, todo mundo foi para os boxes: Vettel, Webber, Alonso, Di Resta e Hulkengberg, entre eles.
O pit do Vettel foi desastroso: a equipe simplesmente não tinha os pneus preparados. Sua folga para o australiano caiu para 5s5.
Ao fim da segunda janela de pits, o top 10 tinha Vettel, Webber, Alonso, Button, Rosberg, Pérez, Massa, Hulkenberg, Ricciardo e Sutil.
Na 55ª volta, a garoa apertou lá pros lados da Reta Oposta. A pista começou a ficar úmida, mas ainda dava para levar com os slicks.
Alguém arriscaria os intermediários?
Não. Não foi o caso. A esperada chuva não apareceu mesmo.
Lembram que a vantagem de Vettel para Webber havia sido reduzida? Pois bem, na 62ª volta tudo estava de volta ao normal: 7s8.
Ah, sim: faltava uma lambança de Maldonado. Veio a seis voltas para o fim. Ele rodou no S após um toque com Vergne e, ao voltar à pista, quase acertou Button. Ê-la-iá.
Vettel venceu com 10s4 sobre Webber, que conseguiu 2s9 sobre Alonso.
Button, em ótima corrida, foi o quarto. Fechando o top 10, Rosberg, Pérez, Massa, Hulkneberg, Hamilton e Ricciardo.
O tetracampeão disse que ama a equipe, etc e tal. Deu zerinhos, assim como Massa.
Mas a imagem da corrida foi do australiano: despedindo-se da F-1, ele completou a volta de desaceleração sem o capacete.
Inédito, até onde sei.
E emocionante.
Como que para mostrar, numa temporada que tantos apontaram como enfadonha que, sim, ainda é possível haver emoção na F-1.
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