quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Estratégia do GP de Abu Dhabi teve companheiros tomando decisões distintas – e vacilo da Ferrari*
* Por Julianne Cerasoli
A estratégia dos GPs de Abu Dhabi e da Índia deram a medida da complexidade da Fórmula 1: uma semana de uma prova para a outra, os mesmos compostos médio e macio e duas realidades completamente distintas devido às características das pistas e da variação de temperatura durante a prova, uma vez que como a largada nos Emirados é às 17h, a temperatura de pista cai mais de 10 graus entre o começo e o fim da prova.
Essa combinação significou que o desgaste do pneu médio foi maior que o esperado e que a grande diferença, de 1s a 1s5/volta observada entre os dois compostos – justamente o oposto do que ocorrera na Índia – foi decisiva.
Lembra como a rapidez com que Vettel se livrou do tráfego na primeira parte da corrida da Índia foi fundamental para sua vitória? Em Abu Dhabi, novamente o alemão sacramentou sua conquista nas primeiras voltas, ainda que com uma tática totalmente diferente. Na semana passada, antecipou ao máximo a primeira parada e aproveitou a queda de rendimento dos pneus macios dos adversários para recuperar todas as posições. No deserto, tratou de economizar seus pneus e usou o ar limpo da liderança – fundamental para os Pirelli – para adotar um ritmo alucinante e voltar em primeiro após a primeira parada. Depois, só controlou o ritmo.
Enquanto isso, para Webber, mais uma corrida perdida no primeiro stint. O australiano reconheceu após a prova que não consegue fazer os pneus durarem com o carro pesado. Parou cedo, voltou em um tráfego particularmente complicado pela grande diferença entre os compostos – quem estava com os pneus médios novos tinha ritmo semelhante àqueles com macios usados – e se viu 20s atrás do companheiro após míseras 16 voltas.
Sua corrida foi com Rosberg e Grosjean. A Lotus tentou o undercut antecipando a primeira parada do francês, mas a Red Bull neutralizou a jogada parando Webber na mesma volta. Lento nas retas, Romain perdeu tempo e se distanciou da briga. E Webber ainda se aproveitou de um dos “brancos” que a Mercedes parecia ter quando seguia outro carro para superar Rosberg em uma boa manobra e salvar a dobradinha.
Falando em Mercedes, os 3s conquistados nas primeiras voltas + as 3 voltas a mais que permaneceu na pista rodando forte no primeiro stint salvaram a corrida de Rosberg, que voltou do pit em sexto, enquanto Hamilton se colocou em 12º. Não é de hoje que a Mercedes se comporta mal em ultrapassagens, mas essa tendência pareceu acentuada na Abu Dhabi. Instável no ar turbulento e sem velocidade de reta, o carro gasta mais pneu e a corrida de Lewis estava acabada.
Por que faz isso, Ferrari?
O comportamento do W04 é diametralmente distinto da Ferrari, que engoliu os adversários em Yas Marina – Alonso fez sete ultrapassagens e Massa, três, representando 23% das manobras da corrida. O time italiano tentou fazer uma parada até perceber que pilotos que largaram com os médios (como Gutierrez e Bottas) não conseguiram prolongar seus stints como esperado. Na verdade, apenas Adrian Sutil e Paul Di Resta fizeram a tática, não coincidentemente a bordo da mesma Force India.
Voltando à Ferrari: com a estratégia inicial jogada no lixo, o time tomou uma decisão estranha ao colocar pneus médios em Massa com 17 voltas para o fim. O brasileiro, ainda que em ritmo de conservação, havia feito um stint de 18 com tanque cheio e pista mais quente no início da prova. E nem Stefano Domenicali soube responder por que o time não optou pelos macios.
O que pareceu claro é que a parada de Massa visou tirá-lo da frente de Alonso e foi importante para o quinto posto do espanhol. O bicampeão tirou os 4s de desvantagem para o brasileiro em três voltas após superar Di Resta e ficou preso atrás do companheiro, 5km/h mais rápido no speed trap.
Tudo bem que o ritmo de Felipe não era dos melhores naquele momento e uma parada até seria justificada com base no desgaste, mas a boa e velha ordem de equipe faria ambos perderem menos tempo: na volta seguinte em que foi “liberado” por Massa, Alonso foi 1s1 mais rápido que no giro anterior. E seus tempos continuaram tão fortes com pneus de 20 a 30 de uso quanto os do companheiro preso no tráfego com borracha nova, explicando por que voltou na frente e teve caminho livre para usar a aderência dos pneus macios para engolir Hamilton e Di Resta e ser quinto.
Como Alonso provavelmente sairia atrás de Massa caso o brasileiro tivesse colocado pneus macios e o encontraria novamente no final por ter pneus 6 voltas mais novos, talvez a Ferrari quisesse evitar que seus pilotos se cruzassem ou temeu que o brasileiro, forçando mais os pneus do que no primeiro stint, acabaria com os macios em 17 voltas.
A estratégia dos GPs de Abu Dhabi e da Índia deram a medida da complexidade da Fórmula 1: uma semana de uma prova para a outra, os mesmos compostos médio e macio e duas realidades completamente distintas devido às características das pistas e da variação de temperatura durante a prova, uma vez que como a largada nos Emirados é às 17h, a temperatura de pista cai mais de 10 graus entre o começo e o fim da prova.
Essa combinação significou que o desgaste do pneu médio foi maior que o esperado e que a grande diferença, de 1s a 1s5/volta observada entre os dois compostos – justamente o oposto do que ocorrera na Índia – foi decisiva.
Lembra como a rapidez com que Vettel se livrou do tráfego na primeira parte da corrida da Índia foi fundamental para sua vitória? Em Abu Dhabi, novamente o alemão sacramentou sua conquista nas primeiras voltas, ainda que com uma tática totalmente diferente. Na semana passada, antecipou ao máximo a primeira parada e aproveitou a queda de rendimento dos pneus macios dos adversários para recuperar todas as posições. No deserto, tratou de economizar seus pneus e usou o ar limpo da liderança – fundamental para os Pirelli – para adotar um ritmo alucinante e voltar em primeiro após a primeira parada. Depois, só controlou o ritmo.
Enquanto isso, para Webber, mais uma corrida perdida no primeiro stint. O australiano reconheceu após a prova que não consegue fazer os pneus durarem com o carro pesado. Parou cedo, voltou em um tráfego particularmente complicado pela grande diferença entre os compostos – quem estava com os pneus médios novos tinha ritmo semelhante àqueles com macios usados – e se viu 20s atrás do companheiro após míseras 16 voltas.
Sua corrida foi com Rosberg e Grosjean. A Lotus tentou o undercut antecipando a primeira parada do francês, mas a Red Bull neutralizou a jogada parando Webber na mesma volta. Lento nas retas, Romain perdeu tempo e se distanciou da briga. E Webber ainda se aproveitou de um dos “brancos” que a Mercedes parecia ter quando seguia outro carro para superar Rosberg em uma boa manobra e salvar a dobradinha.
Falando em Mercedes, os 3s conquistados nas primeiras voltas + as 3 voltas a mais que permaneceu na pista rodando forte no primeiro stint salvaram a corrida de Rosberg, que voltou do pit em sexto, enquanto Hamilton se colocou em 12º. Não é de hoje que a Mercedes se comporta mal em ultrapassagens, mas essa tendência pareceu acentuada na Abu Dhabi. Instável no ar turbulento e sem velocidade de reta, o carro gasta mais pneu e a corrida de Lewis estava acabada.
Por que faz isso, Ferrari?
O comportamento do W04 é diametralmente distinto da Ferrari, que engoliu os adversários em Yas Marina – Alonso fez sete ultrapassagens e Massa, três, representando 23% das manobras da corrida. O time italiano tentou fazer uma parada até perceber que pilotos que largaram com os médios (como Gutierrez e Bottas) não conseguiram prolongar seus stints como esperado. Na verdade, apenas Adrian Sutil e Paul Di Resta fizeram a tática, não coincidentemente a bordo da mesma Force India.
Voltando à Ferrari: com a estratégia inicial jogada no lixo, o time tomou uma decisão estranha ao colocar pneus médios em Massa com 17 voltas para o fim. O brasileiro, ainda que em ritmo de conservação, havia feito um stint de 18 com tanque cheio e pista mais quente no início da prova. E nem Stefano Domenicali soube responder por que o time não optou pelos macios.
O que pareceu claro é que a parada de Massa visou tirá-lo da frente de Alonso e foi importante para o quinto posto do espanhol. O bicampeão tirou os 4s de desvantagem para o brasileiro em três voltas após superar Di Resta e ficou preso atrás do companheiro, 5km/h mais rápido no speed trap.
Tudo bem que o ritmo de Felipe não era dos melhores naquele momento e uma parada até seria justificada com base no desgaste, mas a boa e velha ordem de equipe faria ambos perderem menos tempo: na volta seguinte em que foi “liberado” por Massa, Alonso foi 1s1 mais rápido que no giro anterior. E seus tempos continuaram tão fortes com pneus de 20 a 30 de uso quanto os do companheiro preso no tráfego com borracha nova, explicando por que voltou na frente e teve caminho livre para usar a aderência dos pneus macios para engolir Hamilton e Di Resta e ser quinto.
Como Alonso provavelmente sairia atrás de Massa caso o brasileiro tivesse colocado pneus macios e o encontraria novamente no final por ter pneus 6 voltas mais novos, talvez a Ferrari quisesse evitar que seus pilotos se cruzassem ou temeu que o brasileiro, forçando mais os pneus do que no primeiro stint, acabaria com os macios em 17 voltas.
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