segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Ó OS TEEN*

* Por Flávio Gomes

Ah, não diga… Não sabe quem ganhou ainda no Texas? Ah, vá…

Domingo de sol, 30 graus, gente pacas. É bonito, o cenário de Austin. Pode ser que a F-1 nunca pegue nos EUA. Mas pegou no Texas. O que é ótimo e inesperado.

Novidade, Vettel largou bem e Webber, mal. Grojã assumiu o segundo lugar, Comandante Amilton pulou pare terceiro e o Canguru Desolado caiu para quarto. Logo na primeira volta Futil estampou no guard-rail, tocado por Gutierros, e o safety-car foi para a pista.

Como americano curte um safety-car e uma bandeira amarela para dar tempo de comprar um hot-dog, demorou, a relargada. Não precisava, a fome ainda não tinha batido, mas tudo bem. Só na quarta volta a bagaça recomeçou. Quem colocou mostarda, colocou. Quem não colocou, azar.

Vettel voltou a saltar na frente. Hulk passou Maria do Bairro Demitida e recuperou uma posição das duas que perdera na largada. A caravana do Velho Oeste seguiu em fila indiana para certo tédio dos caubóis nas arquibancadas, que aguardavam ansiosamente alguém sacar a pistola e chamar o vilão para um duelo. Mas nada aconteceu por algum tempo.

Embora o circuito ianque seja bonito e gostoso de guiar, não é dos mais fáceis para passar. A pirambeira no fim da reta dos boxes inviabiliza manobras pouco ortodoxas. Por isso, a primeira parte da corrida foi de estudos e administração da borracha, diante da perspectiva de uma parada para a maioria do grid — alguns tiveram de parar duas vezes. O público, na altura da 12ª volta, percebeu que podia sair para buscar o catchup sem medo de perder muita coisa.

Dava até para admirar os capacetes especiais preparados para os EUA, como o de Hamilton, homenageando Michael Jackson e o de Grojã lembrando Steve McQueen. Briga, mesmo, nada. Até que Webber, quando Hamilton ensaiava um “moon walk”, passou o inglês lindamente na volta 14. Por fora, no alto da colina. Sacou seu Colt do coldre e foi. Uau. Assumiu o terceiro lugar e começou a ensaiar uma caça a Grojã. Mas ficou no ensaio. Para um aposentado, uma ultrapassagem por GP, antes dos pit stops, está bom demais. Depois da parada a gente vê o que dá pra fazer.

Na volta 18, Kovalento foi para os boxes para saber como é que a Lotus faz pit stop, abrindo a larga janela de paradas. Colocou pneus de pau e voltou. Pneus conservadores, como disse Alonso. Quase republicanos. Alonso, que passou quase toda a primeira metade da prova atrás de Maria do Bairro, só passou quando o mexicano da McLaren foi para seu pit stop na volta 23. A luta era pelo sexto lugar, pouco glorioso, diga-se.

Só na 27 Fernandinho parou. E conseguiu voltar na frente do chefe do cartel de Tijuana, cirurgicamente. Vettel fez seu pit stop uma volta depois, trocou pneus e chapéu e seguiu em frente, esperando apenas Grojã parar para retomar a ponta. Estava muito previsível, esse GP. E foi na 30ª que o francês parou, voltando ao lugar que a ele parecia destinado desde a largada, segundo.

A esperança da Lotus de fazer pontos com Kovalento se foi quando, na volta 32, ele parou de novo para trocar pneus, bico do carro, garrafinha d’água, macacão e capacete. Voltou em 17°, sem chance de fazer mais nada. Bem mais à frente, Grojã também começava a ter problemas, porque Webber ficou animadinho depois da parada e começou a chegar. Novo ensaio, que ficou nisso durante algum tempo, até Mark resolver atacar de novo. Outro empolgado era Sapattos, surpresa do sábado, se segurando bem para fazer seus primeiros pontos na categoria.

A briga pelo segundo lugar era o que restava para a parte final de uma prova que, no fim das contas, foi menos boa do que merecia o enorme público nas arquibancadas. “Menos boa” é um eufemismo. Foi ruim, mesmo, o que é uma pena.

De qualquer forma, Webber preparou o bote sem muita vontade por voltas a fio, insinuando uma luta que acabou não acontecendo. Grojã cozinhou o marsupial com competência e mereceu o posto de “melhor dos outros”, sendo “outros” todos, menos Vettel.

Um pouco antes Alonso, como que para dar uma satisfação aos torcedores, foi para cima de Hülkenberg para buscar o quinto lugar. Acabou conseguindo na volta 45, mas não houve tempo para tentar o quarto, para cima de Hamilton. Ao contrário. Na última volta, o esverdeado da Sauber chegou a recuperar o quinto, para tomar um X na primeira curva. O quinto dos infernos ficou com o espanhol. E foi só. Tião, Grojã, Canguru, Comandante Amilton, El Quintón, Hulk, Maria do Bairro, Sapattos, Rosberguinho e Bonitton ficaram na zona dos pontos.

Sebastian ganhou a 12ª no ano, fez seus zerinhos, e com mais uma iguala a marca de 13 na mesma temporada que pertence a Schumacher, de 2004. É o que deve acontecer em Interlagos. Foi a oitava seguida, outro recorde, este agora absoluto. Nunca, na F-1, alguém tinha vencido tantas de forma consecutiva. Schumacher e Ascari têm sete.

Foi um samba de uma nota só, este Mundial.

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