* Por Flávio Gomes
As declarações de Domenicali ao “El Mundo” da Espanha são muito fortes e claras. O chefe da Ferrari diz que Massa não deve tentar desafiar Alonso, mas sim aprender com ele. Coloca, com sinceridade, as coisas em seus devidos lugares. Fernandinho é o dono do time, o novo Schumacher. O outro piloto será sempre o outro piloto.
Não vejo sacanagem nenhuma aí. Não significa que vão mandá-lo para a pista com três rodas ou pedir para comer na cozinha do motorhome quando o espanhol estiver almoçando. A Ferrari tem essa política há bastante tempo, desde que contratou Michael, em 1996, fazendo sua aposta para sair da fila. É uma opção, tem de ser respeitada. Há quem não goste — eu, por exemplo, prefiro o estilo McLaren, de ter dois pilotos fortes, do mesmo nível; mas nem sempre é possível.
Primeiro e segundo piloto é algo que quase todo mundo tem. Claro que nas equipes grandes essas coisas saltam mais aos olhos, e quando há um brasileiro envolvido, mais ainda por estes lados do planeta. Afinal, desde que Barrichello foi para Maranello, em 2000, é uma situação com a qual a pachecada convive, estimulada pelas bobagens da Globo. Ontem, li aqui (não ouvi) que a emissora oficial clamava por uma ordem de equipe quando Felipe estava atrás de Alonso com pneus macios. Foi isso mesmo?
Se foi, não há tolice maior. Transformar algo tão irrelevante em assunto numa transmissão de corrida apenas alimenta a desinformação e estimula os incautos a acharem que na F-1 todo mundo é contra o Brasil, que os pilotos brasileiros são coitadinhos, que só não são campeões todos os anos porque alguém não deixa.
Nada mais falso. Massa é segundo piloto da Ferrari porque Alonso é melhor. Em 2008, Felipe fez um ano melhor que Raikkonen e teve sua chance de ser o primeiro. Fez um campeonato exuberante e só perdeu o título por detalhes, numa decisão que, desconfio, jamais veremos de novo. Rubens sempre foi segundo de Schumacher porque Schumacher era melhor. Mas na Jordan e na Stewart, quase sempre foi ele, Barrichello, o primeiro. Senna era primeiro piloto da McLaren quando corria com Berger. Com Prost, vivia-se uma situação parecida com a de hoje, com Hamilton e Button. Piquet teve de peitar todo mundo na Williams para não sucumbir à preferência por Mansell. Encheu o saco e saiu, depois de conquistar o título de 1987. Na Red Bull, alguém duvida que Vettel é o primeiro e Webber o segundo? E na Lotus? Será que alguém acredita que Grosjean não compreendeu seu papel neste ano, com a chegada de Raikkonen?
Domenicali foi sincero, embora esse tipo de coisa nem precise ser dita. Massa tem mais é de se concentrar em seu próprio trabalho, esquecer Alonso (e nem acho que se preocupa tanto; muitas vezes é parte da mídia brasileira que dá corda a essas coisas, à revelia do piloto) e mostrar à F-1, e não à Ferrari, que tem lugar no grid em 2013.
Um comentário:
depois dessa declaração do Domenicali se ele nao pedir a conta e mandar a ferrari pra P.Q.P. significa que o processo de BARRICHELIZAÇÃO foi concluido.
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