* Por Lívio Oricchio
O líder do campeonato, Fernando Alonso, da Ferrari, repete com frequência que o seu maior adversário na luta pelo título é Lewis Hamilton, da McLaren. Mas é bem provável que hoje às 22 horas, quando começar os treinos livres do GP do Japão, 10 horas da manhã de sexta-feira em Suzuka, Alonso comece a se preocupar mais com o atual bicampeão do mundo, Sebastian Vettel, da Red Bull, do que com Hamilton.
O abandono na corrida de Cingapura, dia 23, quando tinha tudo para vencer, deixou Hamilton um pouco mais longe da disputa, com 142 pontos diante de 194 de Alonso e 165 de Vettel. O risco maior para Alonso parece ser agora Vettel, 29 pontos atrás. Em 2010, o alemão atropelou nas etapas finais, venceu seu primeiro campeonato e agora, mais maduro, pode repetir o feito. A prova do Japão representa um belo cenário para se impor como fez em 2009 e 2010, vencendo o GP do Japão. E foi em Suzuka que no ano passado, com o terceiro lugar, Vettel definiu a conquista do Mundial.
“Amo essa pista, é a minha favorita e penso ser bastante apropriada para o nosso carro”, diz Vettel. “E você nunca esquece do circuito em que se tornou campeão.” Vettel lembrou depois da prova de Cingapura esperar arrancar, agora, como em 2010. Depois do GP da Coreia ocupava apenas a quarta colocação no campeonato, com 206 pontos. Alonso liderava, com 231, seguido por Mark Webber, companheiro de Vettel, 220, e Hamilton, 210. Quando acabou o GP seguinte, em Interlagos, o espanhol da Ferrari mantinha-se em primeiro, 246, com Webber em segundo, 238, Vettel, terceiro, 231, e Hamilton, quarto, 222.
“Liderei o Mundial pela primeira vez quando realmente é mais necessário, após a bandeirada da última etapa”, afirmou Vettel em Abu Dabi, já campeão com a vitória e o inesperado sétimo lugar de Alonso. Será preciso uma reação semelhante este ano para conseguir o tricampeonato.
Mas Alonso não enfrentará apenas a Red Bull a partir de hoje. A McLaren tem o melhor carro desde o GP da Alemanha: Hamilton e seu companheiro, Jenson Button, vêm muito fortes. E pouco se tem falado de Kimi Raikkonen, da Lotus, terceiro no Mundial, com 149 pontos. “É difícil fazer uma previsão, mas Suzuka pode ser uma boa pista para nós.” O finlandês, campeão do mundo de 2007, pela Ferrari, realizou talvez o seu mais perfeito trabalho numa corrida na edição de 2005 do GP do Japão, com McLaren, ao largar em 17.º e vencer. Pode se inserir na luta pela vitória.
A Pirelli levou para Suzuka os pneus duros e os macios. Será um desafio estender a autonomia do carro com os macios, pois o traçado japonês é dos mais exigentes quanto aos pneus, por conta de curvas velozes e longas, se assemelhando ao autódromo de Barcelona. “O objetivo da escolha foi ampliar a possibilidade de planejar a estratégia”, explica o gerente de competições da empresa, Paul Hembery. A prova tende a ser cheia de alternativas.
Se dentro dos seletivos e perigosos 5.807 metros de Suzuka a competição deverá ser bastante dura, no paddock não será diferente. A direção da Ferrari solicitou ao delegado da Fórmula 1, Charlie Whiting, a inspeção do aerofólio dianteiro da McLaren e da Red Bull. Acusação: ele se move horizontalmente, uma novidade.
Antes eram projetados para as laterais se aproximarem do solo com o carro em movimento e criar uma espécie de túnel para a passagem do ar sob o assoalho, a fim de melhorar a resposta aerodinâmica. Agora o efeito é semelhante, mas através de outro movimento do aerofólio, concebido para não ser detectado no teste de flexibilidade das laterais. O tema deverá ser motivo de discussões já a partir de hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário