sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Prá dizer Adeus*

* Por Luis Fernando Ramos


O capítulo final de Michael Schumacher na Fórmula 1 foi encerrado pela própria arrogância do piloto alemão. Mais que o pódio em Valência, o grande ponto alto neste seu retorno à Fórmula 1 foi o melhor tempo no treino classificatório do GP de Mônaco deste ano. Se quisesse renovar com a Mercedes ali, bastava pegar uma caneta. Mas o alemão não se decidiu e, possivelmente, vislumbrou a chance de conseguir algo melhor para o ano que vem.

Só que o desenvolvimento do carro estagnou, os resultados rarearam e os erros voltaram a aparecer. A gota d’água foi o erro de principiante que causou o acidente com Jean-Eric Vergne em Cingapura (e a cereja do bolo foi o rádio perplexo de seu engenheiro Jock Clear, repetindo atônito "o que aconteceu ali?"). Para a Mercedes, foi a senha para acelerar as conversas com Lewis Hamilton e selar esta segunda aposentadoria do alemão. Na primeira, ele decidiu parar coberto de glórias. Agora, foi aposentado. Ambas maneiras condizentes com os resultados de suas respectivas passagens pela F-1.

Pelo tamanho de sua história, a segunda jamais deveria ter acontecido.

Na vida, cada um faz as escolhas que acha correta e nesse sentido defenderei seu desejo de voltar até a morte. Mas o esportista fez um papel triste demais. No ano de estreia, o abismo de sua performance para Nico Rosberg era até maior do que havia entre este e Kazuki Nakajima na época da Williams. O segundo não foi muito diferente e apenas neste ele cresceu a ponto de incomodar o compatriota. Muito pouco para quem passou a carreira sobrando em cima de quem estivesse do outro lado da garagem.

O Schumacher desenvolvedor de carros também virou lenda. Ainda que a Mercedes tenha vencido neste ano, o time se perdeu completamente no meio da temporada. Numa F-1 sem dinheiro de sobra para testar exaustivamente, tanto que eles foram praticamente banidos, o alemão virou um piloto comum.

E é como piloto comum que ele vai embora. Já o mito, o recordista, o supercampeão, virou um verdadeiro enigma. Peso da idade? Esqueçam, ele tem o físico melhor que muito atleta profissional de 25 anos. Tempo longe da F-1 atrapalhou? Kimi Raikkonen está aí para responder. Hoje, não é difícil explicar este Schumacher da Mercedes. Difícil é explicar aquele que dominou a categoria por tanto tempo.

Um comentário:

Marcos - Blog da GGOO disse...

Referente ao último parágrafo, é aquilo que comentei no outro post, correu muito tempo sem adversários.
Agora, no seu retorno, a história foi diferente.