quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pressão bem-vinda*

* Por Bruno Vicaria


Felipe Massa foi confirmado nesta terça-feira (16) como piloto da Ferrari. A notícia foi enviada com animação e felicidade pelo próprio piloto para os jornalistas mais próximos, como os que acompanham a Fórmula 1 "in loco" e o narrador Galvão Bueno, que serviu de porta-voz para anunciar a novidade aos que acompanhavam a partida da Seleção Brasileira de Futebol. Ao mesmo tempo, a equipe enviou um comunicado para a imprensa em geral.

Desde 2009, correr pela Ferrari parecia ser uma provação para o brasileiro. Cheguei, inclusive, a falar sobre isso em junho, em coluna que gerou muitos comentários. Até o momento que escrevi aquilo, ele parecia não conseguir lidar e suportar a pressão, levando em conta tudo o que aconteceu com ele (o campeonato perdido em 30 segundos, o acidente, a chegada de Alonso e o fim de algumas regalias). Mas, quatro meses depois, posso garantir que ele virou o jogo.

E isso pode ser provado por seus resultados recentes. Desde o GP da Europa, na época da coluna, Massa só não pontuou em uma das oito corridas disputadas, terminando outras cinco no "top 5". As atuações recentes mostraram uma evolução ainda maior, ficando entre os quatro primeiros em três das últimas quatro corridas, chegando até a ser melhor que Alonso na Coreia. E, importante, tudo isso em um período onde seu nome esteve na berlinda mais que nunca. Hulkenberg, Perez, Vettel, Bianchi, muitos já eram considerados substitutos certos do brasileiro.

A principal justificativa, para mim, não é a melhor adaptação ao carro e aos pneus. Isso é consequência de um fortalecimento de Massa, como pessoa e profissional. Sua mudança de comportamento é nítida. A partir do momento em que ele não se deixou mais abater pelas pressões externas e passou apenas a focar em seu próprio trabalho, buscando realizar os objetivos do time e os próprios desejos, os resultados apareceram.

Independente do tipo de contrato que assinou, se é 1A, 1B, 2A ou 2B, Felipe sabe que esta oportunidade é vital para a continuidade de sua carreira e que, também, uma volta por cima em 2013 pode representar uma nova chance em sua carreira, coisa que Rubens Barrichello, Jenson Button e o próprio Fernando Alonso já chegaram a fazer em determinados momentos de suas carreiras.

Por exemplo: vai que ele se dá bem em 2013 e pinta uma vaga na Red Bull, por exemplo, com a saída de Mark Webber, algo que se ensaia faz tempo, mas que não acontece por conta de seu constante renascimento. A fabricante de bebidas energéticas tem um buraco em seu programa de pilotos e ele poderia se encaixar como uma luva ali. E, aí, o jogo pode virar.

Felipe sabe como funciona a Ferrari e tem conhecimento de sua capacidade e talento. Ele também sabe que a imprensa é implacável, principalmente a italiana, e que, por muitas vezes, será colocado sob os holofotes, julgado, tirado da equipe. Mas, acima de tudo, sabe que esta deve ser sua última chance no time de Maranello.

Por isso, ele nem deve estar dando bola para a pressão. Pelo contrário, deve achar ela super bem-vinda. Antes a pressão vinda com a possibilidade de renascer do que nada. Que ele consiga aproveitar muito bem essa oportunidade.

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