sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Quando o prazer vira um fardo*
* Por Bruno Vicaria
Cansei de ouvir que Michael Schumacher estragou as estatísticas de sua carreira com esta volta à Fórmula 1 que teve um fim decretado nesta quinta-feira, com o anúncio de sua retirada definitiva. Se eu cansei, imagina ele. Por isso que parou.
Ele se disse aliviado em anunciar sua saída. É claro! Afinal, como se pilota em paz com um monte de gente na sua orelha, falando que você não é mais o mesmo, que virou um barbeiro e, inclusive, colocando em dúvida a credibilidade de tudo o que você conquistou no passado? Todo mundo sabia que a volta de Schumacher não era definitiva e que não seria mais a mesma coisa, uma vez que os carros mudaram muito. Assim como a de Lauda, que não aguentou ficar muito tempo longe da F-1, e Prost, que voltou somente para pilotar a nave da Williams, e até Mansell, que passou por uma situação vexatória no fim de sua carreira em uma equipe do porte da McLaren. OK, o austríaco e o francês conquistaram vitórias e títulos, ao contrário do alemão, mas os dois tiveram a oportunidade de andar em grandes carros e, principalmente, cometeram tantos erros quanto os de Schumacher.
Vamos usar Prost, o piloto mais próximo de Schumacher nos números e na contemporaneidade: quantos erros ele cometeu em 1993? Começamos pelo GP do Brasil, quando bateu em Christian Fittipaldi, passando pelos GPs da Europa e Mônaco, quando deixou o carro morrer nos boxes, queimou a largada, e foi literalmente humilhado por Ayrton Senna e seu carrinho de rolimã. Mas Prost não foi criticado, pois conquistou um título incontestável com um carro de outro mundo. Em 2010, quando Schumacher voltou, ele não chegou a cometer os erros que Prost teve na corrida (exceto a fechada em Barrichello na Hungria), mas não teve um carro digno de mostrar todo o seu potencial. E, na minha opinião, independente do que aconteceu, sua reputação permanece intacta, mesmo com os acontecimentos recentes.
Aliás, uma coisa que contou para todos os outros e não para Schumacher é que o carro da F-1 mudou brutalmente desde seu primeiro abandono ao retorno. Ao contrário dos outros. E isso deve ser bem ressaltado. Ele teve de reaprender, começar do zero. Prost, Lauda e Mansell, não. Essa é a grande diferença.
O que Schumacher mostrou nesta segunda volta é seu amor pela velocidade, a incapacidade de ficar distante dela, e sua coragem para tentar recomeçar, mesmo com a vida feita e um currículo impecável. Saiu da F-1 em 2006 pela porta da frente e quase perdeu a vida em um acidente de moto no ano de 2009 em busca dessa tão necessária adrenalina e do vento na cara. Sabendo que se continuasse assim a coisa pioraria, ele bateu no peito e voltou para a F-1. Antes correr protegido e bater que sair voando de uma moto.
Ele, mais do que nunca, é ciente de sua capacidade e sabe que seria o velho Schumacher com um carro na mão. Ele sabe a dor e a delícia de ser Michael Schumacher. Ele voltou por prazer, não por recordes, mas, a partir do momento em que se tornou um fardo, achou melhor sair. Comeu o pão que o diabo amassou. Mas ele poderá encher o peito e falar para quem quiser ouvir "Eu tentei" e sair pela porta da frente antes que alguém o enxote pelos fundos. Afinal, o que mais existe na F-1 e na imprensa automobilística é gente que nunca correu uma corrida e se considera dona da verdade.
Além, vai poder falar pra todo mundo que fica: "Você vão ter que comer muito arroz com feijão para chegar onde estou. Mas muito. E duvido que cheguem perto". Aliás, a retirada de Schumacher é a confirmação de Barrichello como piloto que mais correu na Fórmula 1: ele irá a 308 GPs, contra 326 do brasileiro.
Schumacher, parabéns, agora você poderá voltar ao seu lugar de destino: ao lado dos deuses do automobilismo, que é o seu lugar, sem ninguém te enchendo o saco.
Cansei de ouvir que Michael Schumacher estragou as estatísticas de sua carreira com esta volta à Fórmula 1 que teve um fim decretado nesta quinta-feira, com o anúncio de sua retirada definitiva. Se eu cansei, imagina ele. Por isso que parou.
Ele se disse aliviado em anunciar sua saída. É claro! Afinal, como se pilota em paz com um monte de gente na sua orelha, falando que você não é mais o mesmo, que virou um barbeiro e, inclusive, colocando em dúvida a credibilidade de tudo o que você conquistou no passado? Todo mundo sabia que a volta de Schumacher não era definitiva e que não seria mais a mesma coisa, uma vez que os carros mudaram muito. Assim como a de Lauda, que não aguentou ficar muito tempo longe da F-1, e Prost, que voltou somente para pilotar a nave da Williams, e até Mansell, que passou por uma situação vexatória no fim de sua carreira em uma equipe do porte da McLaren. OK, o austríaco e o francês conquistaram vitórias e títulos, ao contrário do alemão, mas os dois tiveram a oportunidade de andar em grandes carros e, principalmente, cometeram tantos erros quanto os de Schumacher.
Vamos usar Prost, o piloto mais próximo de Schumacher nos números e na contemporaneidade: quantos erros ele cometeu em 1993? Começamos pelo GP do Brasil, quando bateu em Christian Fittipaldi, passando pelos GPs da Europa e Mônaco, quando deixou o carro morrer nos boxes, queimou a largada, e foi literalmente humilhado por Ayrton Senna e seu carrinho de rolimã. Mas Prost não foi criticado, pois conquistou um título incontestável com um carro de outro mundo. Em 2010, quando Schumacher voltou, ele não chegou a cometer os erros que Prost teve na corrida (exceto a fechada em Barrichello na Hungria), mas não teve um carro digno de mostrar todo o seu potencial. E, na minha opinião, independente do que aconteceu, sua reputação permanece intacta, mesmo com os acontecimentos recentes.
Aliás, uma coisa que contou para todos os outros e não para Schumacher é que o carro da F-1 mudou brutalmente desde seu primeiro abandono ao retorno. Ao contrário dos outros. E isso deve ser bem ressaltado. Ele teve de reaprender, começar do zero. Prost, Lauda e Mansell, não. Essa é a grande diferença.
O que Schumacher mostrou nesta segunda volta é seu amor pela velocidade, a incapacidade de ficar distante dela, e sua coragem para tentar recomeçar, mesmo com a vida feita e um currículo impecável. Saiu da F-1 em 2006 pela porta da frente e quase perdeu a vida em um acidente de moto no ano de 2009 em busca dessa tão necessária adrenalina e do vento na cara. Sabendo que se continuasse assim a coisa pioraria, ele bateu no peito e voltou para a F-1. Antes correr protegido e bater que sair voando de uma moto.
Ele, mais do que nunca, é ciente de sua capacidade e sabe que seria o velho Schumacher com um carro na mão. Ele sabe a dor e a delícia de ser Michael Schumacher. Ele voltou por prazer, não por recordes, mas, a partir do momento em que se tornou um fardo, achou melhor sair. Comeu o pão que o diabo amassou. Mas ele poderá encher o peito e falar para quem quiser ouvir "Eu tentei" e sair pela porta da frente antes que alguém o enxote pelos fundos. Afinal, o que mais existe na F-1 e na imprensa automobilística é gente que nunca correu uma corrida e se considera dona da verdade.
Além, vai poder falar pra todo mundo que fica: "Você vão ter que comer muito arroz com feijão para chegar onde estou. Mas muito. E duvido que cheguem perto". Aliás, a retirada de Schumacher é a confirmação de Barrichello como piloto que mais correu na Fórmula 1: ele irá a 308 GPs, contra 326 do brasileiro.
Schumacher, parabéns, agora você poderá voltar ao seu lugar de destino: ao lado dos deuses do automobilismo, que é o seu lugar, sem ninguém te enchendo o saco.
Marcadores:
aposentadoria,
Formula 1,
GGOO,
Michael Schumacher
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
excelente texto... Schumacher fez muito, parou, voltou em um carro mediano e isso não muda em nada o lugar gigantesco dele na história... a imprensa está "batendo" demais no alemão!!!
O texto é até bom, mas eu nunca fui fã dele não, ainda sou da opinião q ele correu muito tempo sem adversários e com o melhor carro.
Mas isso já é assunto pra outra hora.
Senna competiu contra Prost...Mansell... Piquet... Schumacher competiu contra o barrichello.SEM MAIS MERETISSIMO!
Se de 2000 a 2005 ele tivesse tido um companheiro de equipe um outro piloto ao inves de uma CADELINHA que so queria dinheiro OS 5 TITULOS TERIAM VINDO???
Postar um comentário