terça-feira, 7 de maio de 2013

Podemos esperar belas surpresas no GP da Espanha*

* Por Lívio Oricchio


Tomemos dois exemplos do ocorrido no ano passado no GP da Espanha, próxima etapa do campeonato, dia 12, no Circuito da Catalunha, em Barcelona: Pastor Maldonado, da Williams, e Fernando Alonso, Ferrari. Na edição de 2012 do Mundial, antes de chegar à Espanha o venezuelano largou em 8.º na Austrália, 11.º na Malásia, 13.º na China e 21.º em Bahrein. Nessas quatro corridas somou apenas 4 pontos, resultado do 8.º lugar na etapa de Xangai.

A trajetória de Alonso não foi diferente, da mesma forma distante dos mais eficientes. O revolucionário modelo F2012 da Ferrari ainda estava bastante desequilibrado. A exceção foi no GP da Malásia, onde a enorme competência do espanhol o levou à vitória, aproveitando-se das condições mutantes da competição. Em 2012 Alonso começou em 12.º no grid de Melbourne, foi 8.º em Sepang, 9.º em Xangai e 9.º em Bahrein. O piloto da Ferrari terminou em quinto na abertura da temporada, como já disse venceu na Malásia, obteve o 9.º lugar na China e o 7.º no Circuito de Sakhir. Somou nas quatro corridas iniciais 43 pontos.

Dia 12 de maio de 2012, sábado, Maldonado estabeleceu a pole position em Barcelona e Alonso, o segundo tempo. Os dois formaram a primeira fila do grid, resultado bastante diverso do que vinham obtendo. E depois das 66 voltas no traçado catalão de 4.655 metros Maldonado recebeu a bandeirada em primeiro, com Alonso 3 segundos atrás, em segundo.

É possível colocar também dentre os exemplos de performance surpreendente no Circuito da Catalunha, ao menos na definição do grid, o mexicano Sergio Perez, da Sauber: 22.º na Austrália, 9.º na Malásia, 8.º na China e 8.º em Bahrein. Em Barcelona: 5.º. Abandonou a prova por quebra da transmissão.

Disponibilizo os casos de Maldonado, Alonso e até Perez para dizer que este ano pode acontecer o mesmo no GP da Espanha. Há espaço, sim, para boas surpresas. Antes mesmo do intervalo de três semanas entre a etapa de Bahrein e de Barcelona, agora, o grupo de projetistas das equipes já trabalhava no pacote aerodinâmico, principalmente, que vai estrear na próxima sexta-feira, dia do primeiro treino livre da quinta etapa do calendário.

O quadro deste ano é ainda mais favorável para que assistamos a resultados inesperados como os de Maldonado, Alonso e Perez. Em 2012, apesar dos sete vencedores distintos nas sete primeiras etapas do campeonato, dois times se sobrepunham em relação aos demais em termos de desempenho: Red Bull e McLaren. Os demais, Ferrari, Lotus e Mercedes, pouco antes do GP da Espanha estavam atrás dos dois melhores.

Nesta temporada, quatro escuderias estão mais próximas entre si: Red Bull, Lotus, Ferrari e Mercedes. Mas é possível, sim, por que não?, a McLaren apresentar um pacote para o modelo MP4/28-Mercedes que o torne bem mais veloz e equilibrado que até agora, inserindo-a nesse pelotão da frente. Potencialmente é o carro com maior margem de desenvolvimento, pelas novidades incorporadas no projeto. E houve tempo para isso.

Mais: a Mercedes deu um salto à frente com o W04 este ano. “Temos uma ótima base para crescer”, afirma Lewis Hamilton, piloto que revigorou a organização alemã, com dois pódios nas quatro primeiras etapas, terceiro na classificação, com 50 pontos, diante de 77 do líder, Sebastian Vettel, da Red Bull, e 67 de Kimi Raikkonen, Lotus, segundo. A Mercedes pode avançar ainda mais. E, claro, a sempre fantástica Red Bull e a Ferrari vêm da mesma forma com alterações substanciais em seus monopostos.

Repare que não é como em 2012 em que para superar Red Bull e McLaren, as melhores até o GP de Bahrein, Ferrari, Lotus e Mercedes precisariam crescer bem mais que as duas. A Williams, então, nem se fala. Mas o que vimos no GP da Espanha foi a Ferrari e a Williams andando na frente.

E sempre há a questão dos pneus. Quem consegue acertar o carro para fazê-los trabalhar na faixa de temperatura indicada pela Pirelli obtém rendimento bem melhor. A maior velocidade do RB9-Renault da Red Bull de Vettel no Circuito de Sakhir teve estreita relação com o fato.

No Circuito da Catalunha a Pirelli colocará à disposição os novos pneus duros. Eles têm vida útil um pouco maior que a versão usada até o GP de Bahrein, mas a principal mudança é na faixa de temperatura que eles respondem com seu máximo. Os anteriores ofereciam a melhor aderência quando aquecidos entre 110 e 135 graus Celsius. Essa faixa foi ampliada. Além dos duros a Pirelli vai levar para Barcelona os pneus médios.

Se sem os novos pacotes técnicos que vão estrear na Espanha já estava difícil prever o que poderia acontecer nas sessões de classificação e nas corridas, a partir da próxima etapa será ainda mais complexo projetar a sequência não apenas do campeonato como até mesmo o que deve ocorrer no restante da programação do fim de semana. Vimos este ano como é grande a diferença entre o comportamento dos carros nas definições do grid e depois nos 305 quilômetros da corrida.

Dentre as quatro mais eficientes até o momento este ano, Red Bull, Lotus, Ferrari e Mercedes, pode acontecer absolutamente de tudo. Adicione, como mencionado, a McLaren, pelo potencial do projeto e a engenharia avançada do time. Não acabou: a bela surpresa até agora também, a Force India, tem condições de melhorar ainda mais seu bom modelo VJM06-Mercedes.

Tudo isso representa uma ótima notícia para o campeonato, em especial porque se esperava menos da temporada, em razão da drástica mudança no regulamento técnico do ano que vem. A Fórmula 1 deu sorte de quatro escuderias, mais a McLaren, terem desenvolvido carros velozes este ano. Se já tivessem compreendido que nasceram errado, passariam a se concentrar no imenso desafio de engenharia proposto pelas regras de 2014, o que limitaria a disputa pelo título a no máximo duas equipes. Felizmente não é o caso. Ao contrário.

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