* Por Victor Martins
É daquelas corridas que a gente vai se lembrar por um tempo, sobretudo pelo final, em que os dois candidatos a astros da Indy levantaram a sala de imprensa e o pessoal na arquibancada – que foi devidamente mostrado pelas câmeras da douta emissora detentora dos direitos. Numa análise rápida, foi a que teve o melhor desfecho desde as 500 Milhas de Indianápolis de 2011, aquela que Wheldon tinha de ganhar e que jogou Hildebrand – Hildebrando, para alguns – no limbo.
Predicados como épica, histórica, excitante e espetacular surgiram rapidamente, sobretudo porque até o último instante não se sabia quem iria ganhar. Deu Hinchcliffe, na última curva, com Sato, o nipobrasileiro. Mas poderia ter sido Newgarden, por exemplo.
Newgarden teve a chance da vida de sair da vida de Incognito e dar a chefe Sarah Fisher sua primeira vitória. Com pneus melhores e mais push-to-pass que Sato, gastou tudo sem conseguir passar o brilhante japonês, permitindo que Hinch se aproximasse. No fim dos fins, o que poderia ser a vitória acabou num quinto lugar – o melhor da carreira, mas amargo pelo cenário geral.
Entre o canadense e o japonês, o negócio foi tão bom que fez os brasileiros aplaudirem. Sato fez Hinchcliffe perder seus botões de ultrapassagem com maestria, mas como James é mais experiente que Josef, havia ainda um bote a ser dado: o da última curva. Takuma, às vezes Sakumam, deu leve escapada na freada com seus pneus acabados, e o rival recebeu a bandeirada antes.
Mas seria leviano dizer que a prova resumiu-se à parte final. Kanaan fez a alegria da galera com sua meia mão e
logo se pôs à ponta jantando Franchitti, Viso e Hunter-Reay, por vezes Rei-Hunter, outras Hunter-Rahal. Segurou o atual campeão tranquilamente, e no vaivém das amarelas e dos pit-stops, sempre aparecia ali entre os primeiros. Até que a KV falhasse de novo. “Foi a telemetria”, alegou a equipe, ao ver seu piloto parar na linha de chegada com pane seca, mal calculando cinco voltas de combustível. Tony ficou emocionado, puto, raivoso, e tudo isso com a mão latejando, inchada, como a cabeça. Que hipérbole.
No outro extremo, Bia apareceu ali como o primeiro abandono. Justamente quando fazia uma prova decente e andava ali no meio do pelotão. “Foi a transmissão”, afirmou a equipe, depois de ver que o escapamento foi pro espaço. Figueiredo ficou emocionada, chorou, reclamou da perda da possibilidade. Pecado. Já Castroneves redefiniu a teoria heliocêntrica hoje: todos os problemas giravam em torno de si. Deu leve toque em Power na largada, escapou pela área fora da pista quando estava em terceiro numa relargada, envolveu-se numa celeuma com Pagenaud, Hildebrand e alguns outros que provocaram um furo no pneu, foi tentar desviar de Pagenaud noutro momento e recebeu um toque de Dixon… ficou na merda. Terminou em 13º. “Foi uma zica”, houve de pensar, abrindo os olhos para o japonês que já está de olhos abertos.
Power só tem do que reclamar. Porque o rapaz se ferrou ontem na tática/regra bocó da Indy de não parar o tempo com bandeira vermelha num Q1, largou em 22º, foi passando um a um, rápido, consistente e feroz, estava em 11º, e aí o motor estourou. A central de zicas do pântano da Penske está ativa. Deve ser Briscoe, enxotado, que passou numa ‘mother-of-saint’ da Carolina do Norte bem poderosa.
E quem diria que Sato vai chegar a Indianápolis para o mais esperado evento do ano na condição de grande líder. Hinchcliffe, o que mais venceu no ano, ganhou duas e abandonou as outras duas. “Mas você prefere ganhar ou abandonar a próxima?”, ainda perguntaram na coletiva para o canadense, que claramente pensa em chegar em 33º na Indy 500. Andretti, na miúda, foi terceiro na corrida e é segundo no campeonato. A equipe do pai vai bem demais no ano, a ponto de colocar Marco nas cabeças. Castroneves é o terceiro agora.
A temporada da Indy, sem Penske ou Ganassi vencendo, está tão competitiva e legal de ver como a da F1. E se há outro paralelo a fazer, é o das corridas em SP, que geralmente são acima da média.
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