quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Raikkonen retorna ao seu território*

* Por Lívio Oricchio


Depois de quase um mês de paralisação, por causa das férias da maioria dos profissionais da Fórmula 1, o campeonato está de volta. Domingo será disputado o GP da Bélgica, 12.ª etapa do Mundial. O último havia sido na Hungria, dia 29 de julho. Além dos sete pilotos que já celebraram pelo menos uma vitória este ano há outro, do grupo de candidatos ao título, que pelo seu retrospecto no circuito de Spa-Francorchamps, o mais seletivo do calendário, tem tudo para ser, domingo, o oitavo vencedor da temporada: Kimi Raikkonen, da Lotus.

“Basta você ver quem já ganhou a corrida várias vezes.” Essa foi a resposta de Bernie Ecclestone, em entrevista ao Estado, ainda em 2002. A conversa abordava as características de espetacularidade dos 6.963 metros do traçado belga. Hoje tem 7.004 metros. Ecclestone referia-se ao calibre dos pilotos com retrospecto de várias vitórias em Spa-Francorchamps. As estatísticas mostram que Juan Manuel Fangio recebeu a bandeirada em primeiro três vezes; outro gênio das pistas, Jim Clark, quatro, seguidas, 1962 a 1965, sempre com Lotus.

Nessa relação de lendas da Fórmula 1 no GP da Bélgica está, claro, Ayrton Senna, vencedor em cinco ocasiões, sendo quatro em sequência, 1988 a 1991, com McLaren. Em 1985 ganhou com Lotus. O piloto com os melhores números da história, Michael Schumacher, hoje na Mercedes, se apresenta nessa disputa com seis vitórias, o maior vencedor. Em 1994 e 1995 com Benetton e as outras quatro pela Ferrari.

Raikkonen tem apenas um título mundial diante de cinco de Fangio, dois de Clark, três de Senna e sete de Schumacher, mas também fez de Spa o seu território. Foram quatro vitórias, 2004 e 2005, com McLaren, e 2007 e 2009, Ferrari. Em 2006 o GP da Bélgica não foi disputado. O finlandês voltou à Fórmula 1 este ano, pela Lotus, depois de competir de rali em 2011 e 2010. Mas não perdeu a classe. Já foi três vezes segundo, Bahrein, Valência e Hungria, e duas terceiro, Espanha e Alemanha. Somou pontos, ainda, em outras cinco provas.

É o quinto no Mundial, com 116 pontos, diante de 164 do líder, Fernando Alonso, da Ferrari, 124 de Mark Webber, 122, Sebastian Vettel, ambos da Red Bull, e 117 de Lewis Hamilton, McLaren.

“Spa é o único circuito ainda de uma época diferente da Fórmula 1. A pista é larga, a natureza das curvas, diferente, rápidas, subimos, descemos, quase sempre chove em algum momento. Dá mais prazer pilotar em Spa”, vem dizendo Raikkonen, ao longo dos anos, para explicar sua afinidade com o traçado, numa das mais longas respostas da carreira, capaz de se estender por três linhas de jornal.

Segundo um jornalista inglês, é provável que Kimi nunca construiu um período com o uso de conjunção adversativa, a exemplo de “mas, porém, contudo, todavia”. Seu raciocínio é sempre linear. Essa singularidade, entretanto, para eu recorrer às adversativas, não o diminui em nada como piloto e, quem o conhece ao menos um pouco, como homem também. E quer saber de uma coisa? Tomara que Kimi vença domingo em Spa!

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