terça-feira, 7 de agosto de 2012
A gota d’água?*
* Por Luis Fernando Ramos
Felipe Massa está sentado num banco sem encosto no motorhome da Ferrari, microfone na mão e encarando a pergunta dos jornalistas. Como sempre, seu corpo fala mais que sua boca. Levemente curvado para frente, as pernas apontando em direção à porta de saída, os braços sendo cruzados com mais firmeza junto ao peito a cada pergunta sobre seu futuro na Ferrari. O brasileiro está totalmente desconfortável.
Aos italianos, Massa fala de uma “situação não clara” na conversa com a equipe. A mim, afirma que não tem “absolutamente nada decidido, nada, zero. A situação é exatamente a mesma de duas corridas atrás. Exatamente a mesma”. A parte da indefinição é correta. A da situação, não.
Voltemos no tempo. Em Silverstone, há duas corridas, eu questionei se ele partilhava da impressão de que estava bem próximo de renovar. Era o que mais se ouvia nos bastidores. Sua postura corporal era relaxada. “Existe uma chance de continuar na equipe, mais agora olhando a evolução do meu desempenho no carro”. Isto foi na quinta-feira. No domingo, ele conseguiu um ótimo quarto lugar. Tudo parecia encaminhado para um novo acordo e era impossível imaginar que, apenas três semanas depois, encontraríamos o mesmo Massa completamente amuado no motorhome ferrarista em Hungaroring.
O fato é que o desempenho global nas duas últimas corridas antes desta pausa, na Alemanha e na Hungria, mostrou o mesmo piloto irregular das temporadas anteriores. Algo que parece ter esgotado a paciência da direção da equipe com ele.
Se for mesmo este o caso, não tenho dúvidas que a gota d’água aconteceu na classificação do GP da Alemanha. A orientação dos engenheiros aos pilotos no início do Q2 era clara: a chuva está apertando, então vá para a pista e seu tempo na primeira volta cronometrada será fundamental. Na volta em questão, Massa errou e escapou da pista. Pior, na volta ainda entrou no caminho de Fernando Alonso e quase complicou a vida deste. O espanhol tirou um coelho da cartola em fazer um bom tempo mesmo atrapalhado pelo brasileiro e passou para o Q3, quando fez a pole position que cimentou o caminho para seu terceiro triunfo da temporada.
No domingo após a corrida em Hockenheim, fui à Ferrari ouvir Stefano Domenicali. Seu discurso era contraditório. De um lado, juras de apoio e cobrança por resultados. “Temos de acreditar que Felipe pode fazer um bom trabalho para equipe. Queremos que ele perceba que faz parte da nossa família e vamos apoiá-lo em todas as formas. Tenho certeza que ele dará de volta a confiança que estamos lhe dando”. Mas o chefe da equipe também insinuou que tomará o tempo que for preciso antes de decidir, sinal inequívoco de que procuram alternativas. “Sempre dissemos que não temos pressa, ainda não é hora de discutir o futuro”.
Sabemos que a Ferrari andou sondando Mark Webber e até mesmo Jenson Button para o futuro. Os dois não estão livres para o ano que vem. A bola da vez parece ser Kimi Raikkonen, mas uma destinada a dar errado pelo ódio mútuo existente entre o finlandês e Luca di Montezemolo pelo traumático divórcio de 2009. Não vai acontecer. Ainda assim, parece ser essa negociação o “tempo” que a Ferrari está se permitindo antes de decidir o futuro. Sergio Perez parece uma alternativa pouco séria. Se a Ferrari fez a lição de casa e foi ouvir a opinião de Peter Sauber sobre o mexicano, desistiu de colocá-lo entre as opções para o futuro.
Mesmo sem nenhuma alternativa óbvia em 2013, a Ferrari ainda hesita em renovar com Felipe Massa. Parece difícil de entender, até olharmos bem para sua irregularidade de performance. Encaixar três, quatro corridas seguidas andando forte e pontuando perto dos pontos de Alonso lhe faria um enorme favor. Em dois anos e meio juntos na equipe, isso jamais aconteceu. Precisa acontecer urgente na Bélgica, Itália e Cingapura. Sem margem para erros.
Felipe Massa está sentado num banco sem encosto no motorhome da Ferrari, microfone na mão e encarando a pergunta dos jornalistas. Como sempre, seu corpo fala mais que sua boca. Levemente curvado para frente, as pernas apontando em direção à porta de saída, os braços sendo cruzados com mais firmeza junto ao peito a cada pergunta sobre seu futuro na Ferrari. O brasileiro está totalmente desconfortável.
Aos italianos, Massa fala de uma “situação não clara” na conversa com a equipe. A mim, afirma que não tem “absolutamente nada decidido, nada, zero. A situação é exatamente a mesma de duas corridas atrás. Exatamente a mesma”. A parte da indefinição é correta. A da situação, não.
Voltemos no tempo. Em Silverstone, há duas corridas, eu questionei se ele partilhava da impressão de que estava bem próximo de renovar. Era o que mais se ouvia nos bastidores. Sua postura corporal era relaxada. “Existe uma chance de continuar na equipe, mais agora olhando a evolução do meu desempenho no carro”. Isto foi na quinta-feira. No domingo, ele conseguiu um ótimo quarto lugar. Tudo parecia encaminhado para um novo acordo e era impossível imaginar que, apenas três semanas depois, encontraríamos o mesmo Massa completamente amuado no motorhome ferrarista em Hungaroring.
O fato é que o desempenho global nas duas últimas corridas antes desta pausa, na Alemanha e na Hungria, mostrou o mesmo piloto irregular das temporadas anteriores. Algo que parece ter esgotado a paciência da direção da equipe com ele.
Se for mesmo este o caso, não tenho dúvidas que a gota d’água aconteceu na classificação do GP da Alemanha. A orientação dos engenheiros aos pilotos no início do Q2 era clara: a chuva está apertando, então vá para a pista e seu tempo na primeira volta cronometrada será fundamental. Na volta em questão, Massa errou e escapou da pista. Pior, na volta ainda entrou no caminho de Fernando Alonso e quase complicou a vida deste. O espanhol tirou um coelho da cartola em fazer um bom tempo mesmo atrapalhado pelo brasileiro e passou para o Q3, quando fez a pole position que cimentou o caminho para seu terceiro triunfo da temporada.
No domingo após a corrida em Hockenheim, fui à Ferrari ouvir Stefano Domenicali. Seu discurso era contraditório. De um lado, juras de apoio e cobrança por resultados. “Temos de acreditar que Felipe pode fazer um bom trabalho para equipe. Queremos que ele perceba que faz parte da nossa família e vamos apoiá-lo em todas as formas. Tenho certeza que ele dará de volta a confiança que estamos lhe dando”. Mas o chefe da equipe também insinuou que tomará o tempo que for preciso antes de decidir, sinal inequívoco de que procuram alternativas. “Sempre dissemos que não temos pressa, ainda não é hora de discutir o futuro”.
Sabemos que a Ferrari andou sondando Mark Webber e até mesmo Jenson Button para o futuro. Os dois não estão livres para o ano que vem. A bola da vez parece ser Kimi Raikkonen, mas uma destinada a dar errado pelo ódio mútuo existente entre o finlandês e Luca di Montezemolo pelo traumático divórcio de 2009. Não vai acontecer. Ainda assim, parece ser essa negociação o “tempo” que a Ferrari está se permitindo antes de decidir o futuro. Sergio Perez parece uma alternativa pouco séria. Se a Ferrari fez a lição de casa e foi ouvir a opinião de Peter Sauber sobre o mexicano, desistiu de colocá-lo entre as opções para o futuro.
Mesmo sem nenhuma alternativa óbvia em 2013, a Ferrari ainda hesita em renovar com Felipe Massa. Parece difícil de entender, até olharmos bem para sua irregularidade de performance. Encaixar três, quatro corridas seguidas andando forte e pontuando perto dos pontos de Alonso lhe faria um enorme favor. Em dois anos e meio juntos na equipe, isso jamais aconteceu. Precisa acontecer urgente na Bélgica, Itália e Cingapura. Sem margem para erros.
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