* Por Leonardo Felix
Quem viu o governador de Goiás, Marconi Perillo, sorrir com a boca cheia de dentes ao lado de Felipe Massa na última quinta-feira, enquanto autorizava o início das obras de reforma do autódromo de Goiânia, sentiu-se aliviado. Afinal, é mais um sinal de vida para uma praça que esteve muito perto de ser riscada do mapa.
Aqueles com memória um pouco mais acurada, entretando, lembrar-se-ão que o mesmo chefe do Executivo goiano apresentava, exatamente um ano, dois meses e 22 dias antes, o mesmo riso colgate em seu rosto ao rubricar outro documento, no caso um projeto de demolição do atual circuito da capital e a construção de um novo, no município de Senador Canedo.
O plano mostrado à época era tão simples quanto utópico: vender o terreno da pista existente e usar o dinheiro arrecadado para erguer uma novinha em folha, com uma estrutura bem mais ampla. Conforme o link colocado acima mostra sem deixar mentir, a cerimônia contou até com a presença de Hermann Tilke, aquele mesmo alemão conhecido por projetar suntuosos, modernos e (para muitos) enfadonhos autódromos que recebem a F1 por alguns anos, geram mais alguns zeros na conta bancária de Bernie Ecclestone e depois viram gigantescos elefantes brancos.
Se há tão pouco tempo era este o “sonho” de Perillo, o que fez o governador mudar de ideia tão repentinamente e resolver apostar numa praça que até então vinha sendo deixada à míngua (principalmente em tempos nos quais ele tem de se preocupar com uma cachoeira de questões acerca de suas relações de poder)?
A resposta é que o tiro do governador saiu pela culatra. A autoridade tinha tanta certeza de que haveria uma fila de compradores para o terreno do atual autódromo, que já saiu trazendo Tilkes da vida e prometendo prazos de “24 meses” para a conclusão das obras do novo circuito. Leia bem: conclusão, não início.
Conforme apurou o Tazio em dezembro do ano passado, o projeto da pista de Canedo vinha sendo amarrado por uma série de nós górdios. De um lado, estava a família do doador do lote do circuito original, que ameaçava reaver a posse da propriedade na justiça, já que o contrato de cessão, assinado nos anos 70, previa a obrigatoriedade do uso do local para fins públicos. Do outro, a própria sociedade goiana e a oposição ao governo do PSDB, alegando que a única finalidade do projeto era estimular a especulação imobiliária na região.
Diante de tantas dúvidas, não houve quem quisesse investir em uma bomba relógio. Pelo menos não pelo valor pedido: de R$ 150 a R$ 180 milhões. Ao Tazio, o presidente da Agel (Agência Goiana de Esporte e Lazer), José Roberto de Athayde Filho, admitiu ter recebido ofertas pela compra do lote, porém nenhuma a um preço satisfatório.
O mais interessante é como o discurso se alterou ao longo dos meses. Em dezembro último, afirmava-se que, apesar das dificuldades, o plano seria levado adiante, desde Tilke apresentasse o seu projeto, que estava em atraso. Agora, a informação oficial é de que em nenhum momento o alemão foi contratado, tendo sido apenas “consultado” para a viabilidade da obra. “Ainda não há um projeto pronto e só poderemos fazer um quando o terreno da outra pista estiver negociado pelo valor que queremos. Também não houve nenhuma despesa com o Hermann, mas ele pode vir a ser contratado caso o novo autódromo saia”, declarou Athayde Filho.
Ou seja: os prazos e as certezas do plano divulgado há mais de um ano já não existem e o assunto “autódromo de Canedo” tende a cair um pouco mais no esquecimento a cada dia.
No fim das contas, isso só proporciona ganhos ao automobilismo local. Após um período nebuloso e permeado pelo receio de que somente a primeira parte do tal projeto seria cumprida, Marconi Perillo foi vencido pelo cansaço e constatou que não adiantava viver de um “sonho” mirabolante, enquanto a realidade continuava ali, cada dia mais deteriorada.
Conforme anunciado, devem ser investidos R$ 4 milhões para arrumar a pista – incluindo a troca de todo o asfalto, o item que gera mais reclamações na pista -, mais R$ 1 milhão para reformar a área dos boxes. A promessa é que a obra esteja concluída em quatro meses. Para nós, fica a esperança de que, desta vez, o governador vá além dos sorrisos e cumpra aquilo que assinou, para que o autódromo de Goiânia volte a ser presença fixa na rota das principais categorias brasileiras.
2 comentários:
será???
4 meses aparti de quando? sou de goiania e os unicos motores funcinando la foi dos carros do km de arrancada que teve la domingo,por sinal foi show.
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