O GP do Brasil de F-1 começou a tomar forma com o sucesso inicial dos pilotos brasileiros no exterior _principalmente Emerson, Wilson Fittipaldi e José Carlos Pace.
Em 1968, Interlagos foi fechado para uma reforma que acabou durante dois anos, mas foi suficiente para homologar o circuito junto à FIA em 1970, com um torneio internacional de F-Ford. No ano seguinte, foi a vez da F-2 trazer nomes de peso para o país _tudo sob a tutela do promotor Antônio Carlos Scavone_ e preparar o terreno para a primeira visita da F-1, que marcou uma corrida extra-campeonato para o dia 30 de março de 1972, uma... Quinta-feira!
O dia do evento foi escolhido por causa de um conflito de datas com a F-2 em Thruxton, marcada para o domingo, dia 2 de abril. Como muitos pilotos disputavam os dois campeonatos simultaneamente, a data incomum foi escolhida para a prova tupiniquim.
Com um grande investimento, Scavone conseguiu garantir o transporte e estadia de pilotos, equipes e equipamentos, premiação, divulgação, combustível e segurança. Para não ter prejuízo, precisaria vender todos os ingressos, o que não foi muito difícil.
Na semana do evento, foram conhecidas as estrelas que alinhariam no grid. Entre os brasileiros, Emerson, Wilson, Pace e Luiz Pereira Bueno _que alugou um March_, estavam o argentino Carlos Reutemann, da Brabham, Ronnie Peterson, da March, Helmut Marko, da BEM, e Henri Pescarolo, da March, entre outros, em um total de 14 carros.
As decepções foram as ausências de Tyrrell (atual campeã com Jackie Stewart e François Cevert), Ferrari (com Clay Regazzoni, que queria correr a prova, Jacky Ickx e Mario Andretti), McLaren (com Denny Hulme e Peter Revson) e Matra (com Chris Amon).
Nos treinos, dois episódios curiosos envolveram Luiz Pereira Bueno. O primeiro aconteceu logo no primeiro dia: com um carro de rua, ensinou todas as manhas do traçado ao companheiro Peterson, que cravou o melhor tempo da terça-feira em 2min37s172, mais de dois segundos a frente de Reutemann.
No dia seguinte aconteceu a classificação, mas, entre eles, aconteceu o outro episódio de Bueno: entre os treinos, ele deu quatro voltas sozinho pelo antigo anel externo, estabelecendo o recorde absoluto do circuito, em 52s014, e recebendo a bandeirada simbólica de Chico Landi; depois, Emerson completou a festa ao fazer a pole em 2min32s383, ficando dois segundos à frente de Reutemann. Peterson e Wilsinho cravaram a segunda fila.
Se Scavone estava preocupado com os gastos, as 60 mil pessoas que abarrotaram as dependências de Interlagos na quinta-feira trataram de compensar o investimento. A largada teve a presença de apenas 11 carros _o BRM e Jean-Pierre Beltoise teve problemas de motor e nem largou, assim como os Surtees de Andrea de Adamich e Reine Wisell, que sequer treinaram.
Na partida, Wilsinho tomou a ponta, enquanto três carros abandonavam, entre eles do de Pace. A liderança de Wilson durou pouco, com Emerson, Reutemann e Peterson o ultrapassando no fim da terceira volta. A bordo da Lotus, Emerson disparou na frente e passou a administrar a prova, mas não contava com um imprevisto no fim.
Na 30ª volta, a suspensão traseira do carro de Emerson quebrou, fazendo o piloto rodar na subida da reta dos boxes e abandonar, deixando a vitória no colo de Reutemann. Peterson, que teve um pneu furado na prova, chegou 1min32s atrás, com Wilsinho completando o pódio.
Bueno fechou a prova em sexto, mas duas voltas atrás de Reutemann, e uma atrás de Marko, da BRM, e Dave Walker, da Lotus. Apesar de nenhum piloto brasileiro ter vencido, o GP de 1972 serviu como pedra fundamental para estabelecer o automobilismo como segundo esporte mais popular do Brasil _fato que seria reforçado no fim do ano, com o primeiro título de Emerson, e a consequente oficialização do GP do Brasil no calendário do ano seguinte.
Fonte: Dr. Roque, Tazio e Youtube.
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