quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ESPECIAL GP BRASIL: DINOSSAURO, 1º GP BRASIL, 1972

No início dos anos 70, a campanha do governo era “Este é um país que vai prá frente...” A recessão no mundo por causa do petróleo era grande (hoje temos marolinha, pré-sal...) e a gente andava de Ford Galaxie, Dodge Dart..., éramos campeões do mundo com o futebol, éramos campeões de F-Ford, Fórmula 3, tínhamos o piloto que conseguiu a 1ª vitória na F1 para o Brasil e com muito empenho do Antonio Carlos Scavone, o dinossauro da rede plin-plin (TV Paulista, canal 5), e aproveitando a influência do Emerson e da corrida no país dos “hermanos”, teríamos a 1ª prova de Fórmula 1 no Brasil.

Ah, em tempo, era o ano do Sesquicentenário da Independência!!! E no dia 31 (de abril) comemorava-se 8 anos da revolução de 1964!

A prova foi disputada em uma quinta feira, dia 30 de abril, com os pilotos brasileiros, Emerson (Lotus), Wilsinho (Brabham) e Luis Pereira Bueno com uma March alugada pela equipe Hollywood e José Carlos Pace com a Williams-Iso.

O público foi recorde, aproximadamente 30.000 pessoas em plena quinta feira!

Naqueles tempos, só se chegava de carro ou de ônibus, e o público se espalhava por todo o circuito, o clima era parecido com piquenique, e adivinhem: Invasão de pista para ver os carros. A novidade era que ninguém das equipes ligava muito, era só não querer pegar um suvenir diferente como uma roda, um bico...Adesivo até que podia.

Mais novidade, Luis Pereira Bueno, com a March, quebra o recorde de velocidade do anel externo de Interlagos, com 211, 963 Km/h.

Na corrida houve a liderança de Wilsinho nas primeiras voltas e depois a liderança de Emerson. Pena que a 5 voltas do fim, quebra a suspensão traseira da “negrinha” como ele chamava a Lotus 72 D, com patrocínio da JPS.

E a primeira decepção em GP’s Brasil, vitória de um argentino, Carlos Reutmann, com a Brabham.

A classificação final foi: 1º Carlos Reutmann; 2º Ronnie Peterson, 3º Wilsinho Fittipaldi; 4º Helmut Marko, 5º Dave Walker e 6º Luis Pereira Bueno.

Como a prova era extra-campeonato, não contava pontos para o mundial, seria para checar a organização, etc... E neste ponto quase que o povão coloca tudo a perder com o lançamento de copos, latinhas na pista, fora a quantidade de papel picado o que atrapalhou a vida de alguns pilotos, entre eles José Carlos Pace.

Já nesta corrida se checava quem era piloto e fazia a curva 1 e 2 flap (de pé em baixo)_ são as curvas que estão logo após a entrada do “S” do Senna, seguindo pela reta dos boxes_, faziam todo o retão, onde ficamos sofrendo hoje, curva 3... Reta oposta, curva do Sol, Sargento, Laranjinha, Ferradura, Pinheirinho...



Hoje se sente falta da curva do Sol e principalmente a Ferradura, ver os carros saindo de traseira e a correção em sobresterço dos pilotos era coisa prá gente grande, acho que a maioria dos pilotos de hoje não conseguiriam fazê-las sem este monte de equipamentos eletrônicos.

No final da corrida, o calor era de uns 30 graus, mas nada que um Guaraná Champagne da Antarctica, vendida na frente do Autódromo, não resolvesse.

E no caminho de volta, no ponto de ônibus comentários sobre o ronco dos motores, a corrida, nada diferente dos dias de hoje, os mesmos sentimentos de querer mais na próxima, na próxima, e olha que lá se vão 37 anos, provavelmente a maioria dos futuros dinossauros que fazem parte da GGOO nem havia cogitado vir ao mundo e principalmente gostar de F1...

Grande abraço, Dr. Roque.

4 comentários:

Dr. Roque disse...

Perdão pessoal, a data correta é 30 de Março e a revolução era comemorada dia 31 de Março. Desculpem a falha do digitador...

Igor * @fizomeu disse...

mais um delicioso texto do dr. roque... o narrador é fera, nos faz visualizar a história em detalhes, já o digitador... rsrs!!!

Marcos - Blog da GGOO disse...

Sempre excelentes recordações transformadas em palavras que nos faz viajar como se tivéssemos vivenciado aquela época.
Muito bom!!

Prof. Augusto Roque disse...

Opa...eu só postei...não digitei nada...