domingo, 20 de setembro de 2009
ALONSO, O ETERNO INOCENTE!*
Nelsinho Piquet, piloto, Flavio Briatore e Pat Symonds, diretores da Renault, foram execrados pela opinião pública nos últimos dias. Afinal, protagonizaram um dos episódios mais condenáveis na Fórmula 1, ao fabricar o resultado do GP de Cingapura do ano passado. Mas há outro personagem nessa história da mesma forma importante e que pouco ou quase nada se fala dele, justamente o vencedor da fatídica primeira prova noturna da Fórmula 1, Fernando Alonso, companheiro de Nelsinho.
O que mais se questiona hoje é qual a responsabilidade desse espanhol de Oviedo de apenas 28 anos, já campeão do mundo duas vezes, em 2005 e 2006, vencendo ninguém menos de Michel Schumacher e a Ferrari? E há ainda outra curiosidade que cerca a trajetória desse tão competente quando complexo piloto: em 2007, quando corria pela McLaren, foi também figura central no episódio de espionagem da equipe na Ferrari e, como no ocorrido na prova de Cingapura de 2008, saiu de cena de fininho, quase sem ser notado, com a auréola de anjo sobre o capacete.
“Não sei de nada”, limitou-se a dizer Alonso no GP da Bélgica, quando explodiu o escândalo de Nelsinho obedecer ao pedido de Briatore e Symonds para bater o carro a fim de gerar a entrada do safety car na pista para o próprio Alonso, que fizera pit stop pouco antes, assumir a liderança e vencer a corrida.
Em 2007, Alonso era o parceiro de Lewis Hamilton na McLaren e por conta de ser superado em algumas ocasiões pelo jovem, estreante e talentoso inglês, passou a afirmar estar sendo preterido no time. A coisa tomou proporção tal dentro de si que, pouco antes da largada do GP da Hungria, procurou Ron Dennis, sócio e diretor da McLaren, para lhe ameaçar: “Ou você me garante o mesmo tratamento de Hamilton, me dá o direito de esconder meus ajustes do carro ou eu vou à FIA e conto o que sei sobre a McLaren espionar a Ferrari”.
E não é que o espanhol delatou mesmo sua própria equipe para Max Mosley, presidente da FIA, em troca de não ser punido por não revelar a fraude antes? Vale lembrar que ele sabia que o projetista-chefe da McLaren, Mike Coughlan, dispunha de todos os desenhos do modelo da Ferrari, principal concorrente, desde o começo do campeonato. O depoimento de Alonso foi determinante para a McLaren ser excluída do Mundial de Construtores e receber a histórica multa de US$ 100 milhões.
“Acho muito difícil um piloto não saber o que se passava em Cingapura, principalmente porque ocupava o 15.º lugar na prova e já na 12.ª volta a equipe o chamou para pit stop”, disse Nelson Piquet, o pai, a fim de explicar que, na sua visão, como na de muita gente, Alonso sabia de todos os detalhes da estratégia abominável da equipe para levá-lo à vitória. Curiosamente, Nelsinho Piquet não o coloca dentre os que conheciam o plano secreto. “Na sala estavam eu, Briatore e Symonds, nem mesmo meu engenheiro sabia”, falou Nelsinho à FIA.
Há uma clara preocupação da FIA e dos promotores da Fórmula 1 de preservar a imagem de Alonso. Briatore e Symonds são os grandes vilões, tiveram a cabeça cortada e pronto. Até mesmo a Renault, amanhã, no julgamento de Paris, não deverá sofrer nenhuma punição mais séria. Essa proteção ao piloto mais completo da atualidade também existiu no episódio da espionagem da McLaren.
Ron Dennis, por aquele crime e seu piloto, Hamilton, ter mentido aos comissários do GP da Austrália, este ano, acabou excluído da Fórmula 1 como parte de um acordo com Mosley para não estender a pena à McLaren. Briatore e Symonds seguiram o mesmo caminho em relação à Renault. Nelsinho teve, como Alonso em 2007, a chamada delação premiada, ou seja contou tudo o que viveu em Cingapura à FIA em troca da isenção de pena.
Já Alonso não teve de responder a nenhum chamado da FIA e, ao contrário de Briatore e Symonds, sua imagem não dá sinais de ter sido atingida, mesmo sendo o maior beneficiário da iniciativa fraudulenta. Sobre Briatore, Alonso comentou: “Nunca tive nenhum problema com Flavio. Ele me tirou da Minardi (no fim de 2001), me levou para a Renault e fomos bicampeões”. E Briatore sobre Alonso diz: "Aprende mais rápido que Schumacher, é mais completo". O italiano lembrou ainda: “Fernando tem sua carreira gerenciada pelo nosso escritório”. Ambos são amigos. E parecem até pensar de forma semelhante.
* Por Lívio Oricchio
O que mais se questiona hoje é qual a responsabilidade desse espanhol de Oviedo de apenas 28 anos, já campeão do mundo duas vezes, em 2005 e 2006, vencendo ninguém menos de Michel Schumacher e a Ferrari? E há ainda outra curiosidade que cerca a trajetória desse tão competente quando complexo piloto: em 2007, quando corria pela McLaren, foi também figura central no episódio de espionagem da equipe na Ferrari e, como no ocorrido na prova de Cingapura de 2008, saiu de cena de fininho, quase sem ser notado, com a auréola de anjo sobre o capacete.
“Não sei de nada”, limitou-se a dizer Alonso no GP da Bélgica, quando explodiu o escândalo de Nelsinho obedecer ao pedido de Briatore e Symonds para bater o carro a fim de gerar a entrada do safety car na pista para o próprio Alonso, que fizera pit stop pouco antes, assumir a liderança e vencer a corrida.
Em 2007, Alonso era o parceiro de Lewis Hamilton na McLaren e por conta de ser superado em algumas ocasiões pelo jovem, estreante e talentoso inglês, passou a afirmar estar sendo preterido no time. A coisa tomou proporção tal dentro de si que, pouco antes da largada do GP da Hungria, procurou Ron Dennis, sócio e diretor da McLaren, para lhe ameaçar: “Ou você me garante o mesmo tratamento de Hamilton, me dá o direito de esconder meus ajustes do carro ou eu vou à FIA e conto o que sei sobre a McLaren espionar a Ferrari”.
E não é que o espanhol delatou mesmo sua própria equipe para Max Mosley, presidente da FIA, em troca de não ser punido por não revelar a fraude antes? Vale lembrar que ele sabia que o projetista-chefe da McLaren, Mike Coughlan, dispunha de todos os desenhos do modelo da Ferrari, principal concorrente, desde o começo do campeonato. O depoimento de Alonso foi determinante para a McLaren ser excluída do Mundial de Construtores e receber a histórica multa de US$ 100 milhões.
“Acho muito difícil um piloto não saber o que se passava em Cingapura, principalmente porque ocupava o 15.º lugar na prova e já na 12.ª volta a equipe o chamou para pit stop”, disse Nelson Piquet, o pai, a fim de explicar que, na sua visão, como na de muita gente, Alonso sabia de todos os detalhes da estratégia abominável da equipe para levá-lo à vitória. Curiosamente, Nelsinho Piquet não o coloca dentre os que conheciam o plano secreto. “Na sala estavam eu, Briatore e Symonds, nem mesmo meu engenheiro sabia”, falou Nelsinho à FIA.
Há uma clara preocupação da FIA e dos promotores da Fórmula 1 de preservar a imagem de Alonso. Briatore e Symonds são os grandes vilões, tiveram a cabeça cortada e pronto. Até mesmo a Renault, amanhã, no julgamento de Paris, não deverá sofrer nenhuma punição mais séria. Essa proteção ao piloto mais completo da atualidade também existiu no episódio da espionagem da McLaren.
Ron Dennis, por aquele crime e seu piloto, Hamilton, ter mentido aos comissários do GP da Austrália, este ano, acabou excluído da Fórmula 1 como parte de um acordo com Mosley para não estender a pena à McLaren. Briatore e Symonds seguiram o mesmo caminho em relação à Renault. Nelsinho teve, como Alonso em 2007, a chamada delação premiada, ou seja contou tudo o que viveu em Cingapura à FIA em troca da isenção de pena.
Já Alonso não teve de responder a nenhum chamado da FIA e, ao contrário de Briatore e Symonds, sua imagem não dá sinais de ter sido atingida, mesmo sendo o maior beneficiário da iniciativa fraudulenta. Sobre Briatore, Alonso comentou: “Nunca tive nenhum problema com Flavio. Ele me tirou da Minardi (no fim de 2001), me levou para a Renault e fomos bicampeões”. E Briatore sobre Alonso diz: "Aprende mais rápido que Schumacher, é mais completo". O italiano lembrou ainda: “Fernando tem sua carreira gerenciada pelo nosso escritório”. Ambos são amigos. E parecem até pensar de forma semelhante.
* Por Lívio Oricchio
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4 comentários:
Se Fernando sabia ou não, nunca saberemos. Ele já foi isentado pela FIA.
Pelo menos burro ele não é. ;)
Go FER! (Na FIArrari?)
Eu já sabia....
é sempre assim...
boca fechada não entra mosquito...
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