* Por Lívio Oricchio
O adversário de Lewis Hamilton mais bem colocado domingo, ao final do GP da Malásia, foi Sebastian Vettel, da Red Bull, terceiro colocado. O tetracampeão do mundo recebeu a bandeirada 24 segundos e 534 milésimos depois do piloto inglês da Mercedes, vencedor da segunda etapa do campeonato. Em segundo lugar chegou Nico Rosberg, companheiro de Hamilton.
Outra referência para melhor compreensão da vantagem da Mercedes nesse início de campeonato é a importante diferença entre o melhor tempo registrado na corrida por Hamilton e Vettel. Na 53.ª volta de um total de 56 o campeão do mundo de 2008 marcou o tempo de 1min43s066. Duas voltas antes, Vettel estabeleceu 1min44s289, ou nada menos de 1 segundo e 223 milésimos mais lento que Hamilton, diferença enorme para os padrões da Fórmula 1.
Para os demais adversários, a diferença imposta pela Mercedes foi ainda maior, como já havia ocorrido na abertura do Mundial, duas semanas antes, em Melbourne, Austrália, quando quem venceu foi Rosberg.
Fernando Alonso, da Ferrari, quarto colocado no GP da Malásia, completou as 56 voltas no circuito de Sepang com um atraso de 35 segundos e 992 milésimos para Hamilton. Nico Hulkenberg, da Force India, quinto, chegou 47 segundos e 199 milésimos depois do inglês da Mercedes, enquanto Jenson Button, McLaren, sexto, 1minuto, 23 segundos e 691 milésimos e Felipe Massa, Williams, sétimo, 1min25segundos e 076 milésimos.
Sem interferências
Esses números ganham maior representatividade porque não houve nenhum fator extra que interveio no andamento normal do GP da Malásia, como uma eventual entrada do safety car, chuva capaz de mudar o cenário da prova ou escolha decisiva dos pneus.
Em resumo: não deverá ser de uma corrida para a outra que a Red Bull de Vettel, a Ferrari de Alonso, a Force India de Hulkenberg, a McLaren de Button e a Williams de Massa, por exemplo, vão, de repente, passar a andar na frente da Mercedes de Hamilton e Rosberg.
Ao menos nas duas próximas etapas do calendário, domingo no circuito de Sakhir, em Bahrein, e dia 20 em Xangai, na China, Hamilton ou Rosberg só não deverão protagonizar o evento novamente se o equipamento falhar, eles ou a equipe errarem ou ainda se envolverem num incidente.
A vantagem da Mercedes hoje é tão grande quanto a da Red Bull no ano passado. "Determinado instante eu me encontrava próximo deles", disse Vettel, ontem, em Sepang. "Mas depois foi como se eles tivessem engatado uma marcha a mais. Cheguei ao pódio, mas não havia como enfrentá-los, estão muito rápidos", afirmou o alemão.
Campeonato não acabou
Está, então, tudo acabado, a luta pelo título se resumirá entre Rosberg, atual líder do Mundial, com 43 pontos, e o vice-líder, Hamilton, 25, a dupla da Mercedes?
Muito provavelmente não, apesar da significativa vantagem técnica do time alemão. Os regulamentos técnico e esportivo, este ano, são bastante distintos dos da temporada passada. "Estamos aprendendo a cada saída dos carros para a pista. A cada lote de peças novas deveremos assistir a mudanças importantes na evolução dos carros", afirmou Stefano Domenicali, diretor da Ferrari.
É provável que no GP da Espanha, quinto do campeonato, dia 11 de maio, o primeiro da série europeia, a maioria das equipes apresente uma nova versão de seus carros, com modificações até mesmo radicais, orientadas pelo aprendizado nas provas da Austrália, Malásia, do Bahrein e da China.
Será a partir da corrida de Barcelona que a Fórmula 1 irá expor com maior fidelidade o que os fãs da competição deverão assistir na sequência do campeonato.
Frustração brasileira
Os testes da pré-temporada sugeriram que a Williams de Felipe Massa seria o time capaz de poder desafiar a Mercedes. Não foi o que as etapas de Melbourne e Sepang evidenciaram. Ao contrário, Red Bull, Ferrari e até a McLaren começaram o Mundial na frente da Williams, para não se mencionar a Mercedes, classificada em outra categoria.
Portanto, a enorme expectativa criada nos testes de inverno com a possibilidade de o Brasil voltar a vencer na Fórmula 1 acabou um tanto frustrada, ao menos até agora.
As más posições de largada de Massa nas duas corridas já disputadas (9.º na Austrália e 13.º na Malásia) colaboraram para explicar o desempenho abaixo do esperado da Williams, mas não justificam integralmente, por exemplo, terminar a corrida 1minuto e 25 segundos depois do vencedor, como fez Massa ontem em Sepang.
O modelo FW36-Mercedes da Williams gera pouca pressão aerodinâmica, principal razão de ser lento na chuva, e as duas sessões que definiram o grid, este ano, foram realizadas com asfalto molhado. Essa dificuldade aerodinâmica explica em parte, também, a tração deficiente do carro, sinalizada por Massa e seu companheiro, o finlandês Valtteri Bottas.
O objetivo estabelecido por Massa e pela Williams depois dos testes de inverno, lutar pelo pódio, está neste momento um pouco distante. Será preciso que as mudanças planejadas para o modelo FW36 o tornem bem mais eficiente. Não é apenas a Mercedes que está na sua frente. O desafio é grande.
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